10 de agosto de 2013

Minha Avó e seu amado..

Então, nem sabia que nessa semana teria o dia das Vovós, mas no sábado fui ver minha vó sabe... e a gente sempre conversa sobre amor, passado, coisas do tipo e afins, e ela estava falando do primeiro amor dela... uma cara que quando ela fala, mesmo hoje, mesmo não tendo dado mais que um "bom dia", mesmo ela tendo casado e tido 11 filhos, mesmo tendo se dedicado ao casamento com outro homem e de "forma certa" amado esse outro homem que é meu avô (in Memorian), ainda hoje ao falar desse rapaz o olhar dela brilha, brilha como se o amor mais puro do mundo estivesse alí. Fiquei pensando... minha vó sempre foi uma mulher dedicada, carinhosa, pulso firme, batalhadora, sempre teve esse ar de mulher antiga que se entrega de corpo e alma e viveu para os filhos, para a família; E sábado, por um momento me coloquei no lugar dela e fui no passado.. há mais de 50 anos, tentando enxergar através dos olhos dela, as memórias do rapaz que a fez sentir um amor tamanho, capaz de negá- lo. Por que, quem disse que amor é isso que se vê hoje em dia? Me atrevo a dizer que olhando pra ela, nunca amei de fato. Minha avó me mostrou o sentido do amor... sacrifício.. no dia em que ela se casou, jurou pra mãe dela que nunca mais olharia pra casinha onde o rapaz morava, ela disse que ele era lapidador, ficava na varanda e da casa dela, ela assobiava pra ele... ela também jurou que se quer falaria com a irmã dele que era sua melhor amiga... Naquela época, os casamentos ainda eram arranjados... as moças deveriam obedecer seus pais, no caso dela, seu irmão mais velho... e ela amou, mas mesmo assim se sacrificou, por um princípio básico.. honrar sua família. Ulrapassado? Eu não sei. Quantas vezes eu e você também não sacrificamos algo por algum motivo? Ela me disse que quando casou, esqueceu dele, que os filhos chegaram e preencheram toda a vida dela e que ela amou cada filho com o amor que ela tinha por ele... E inspirada nela eu escrevi esse texto aí em baixo... uma homenagem a ela que soube amar de uma forma que eu talvez nunca aprenda e que foi fiel a o meu avô mesmo após separada dele.. o texto tem uma conotação um pouco fora do contexto real, por que a poesia fica por conta da nossa imaginação, e por que eu gosto de viver nesse paraelo de real/ irreal, e como eu nunca vi o rapaz, como não sabemos que fim ele teve, por que ele sumiu em Mar de Espanha.. então dei asas à criatividade.. relatei apenas o que vi no olhar da minha avó.. e o jeito como eu sei que ela gostaria que pudesse ser...

Sonoro som da minha visão.

Se visses agora o meu olhar perdido, se visse minha cara de tela de Renoir, se ouvisse por aí que dei o tiro de misericórdia; aí então entenderia que não sou nem flor, nem pássaro, sou amor. Se visse as lágrimas saindo, tornando molhado o som da minha dor, se ouvisse o murmúrio da minha noite solitária por querer- te, então seria estrela o que um dia foi festa e seria presente o que um dia foi época. Que em tantos tempos não te via, em teu olhar sereno me alimentava, da tua boca macia me saciava... De doces palavras com muita verdade. Não me deu o mundo inteiro se não uma gota que vi partir no dia de meu casamento. Perdi meu amor para o Mar da Espanha. E nessa tempestade nunca mais te achei. Me sobra o barulho do mar e alguns filhos pra criar... Mais é em ti que repouso o pensamento em orações nos dias em que venta. Na estante uma fotografia e o sonoro som da minha visão dizendo ainda te a- mar.

bjus

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