23 de agosto de 2015

Mais um dia, menos um dia

Mais um dia, menos um dia. Calma. Eu explico. Entre tantos dias, menos um dia pra sofrer e mais uma batalha vencida. E isso gera em mim, certo contentamento e gratidão. Oro pra que todos possuam sempre essa chance de ser e fazer diferente. Sem muito orgulho, só paz e gratidão. Faz quase um ano desde o primeiro sintoma grava de câncer. Faz quase um ano que eu comecei a luta para manter a minha vida. E hoje, olhando pra trás, eu vejo que tudo mudou, sabe? Minha forma de ver as coisas pequenas, a maneira como vejo as grandes e a forma como recebo tudo, ou não. E se alguém me pedisse pra explicar como é, eu diria que hoje, ao invés de lidar com exatamente tudo, segurar as pontas, ser durona, mostrar quem manda e quebrar a banca, eu simplesmente digo sim ou não. Sim para o que eu posso aguentar, leve, suave e não para todas as outras que devido às minhas fraquezas eu não consigo manter. E é ai que está a mágica da sobrevivência. Não sobrevive somente o mais forte, mas sobrevive aquele que não está só. Para todas as coisas que eu digo: "Isso eu não consigo." Eu sempre encontro alguém que diz: "Vamos fazer isso juntos, estou com você". E bom, eu considero esse o maior milagre de todos, pois só faz reforçar a minha fé na minha humanidade e na humanidade alheia. Eu acredito que, quando esse meu ciclo acabar, eu vou ficar um pouco perdida, porque isso mexeu tanto com a minha estrutura que quem me conhece mesmo, sabe que eu mudei. E mudar é como ter que aprender muita coisa de novo. Eu vou ter que aprender outra vez como o meu corpo é quando saudável, como vou fazer uma rotina que não o prejudique de novo, tendo que retomar minha vida "lá fora", e lá fora, mais do que nunca, vou ter que permanecer na mesma esperança de estar viva. Porque acontece na vida, morrer. Mas quero acreditar que ainda não foi minha vez, embora, estive mais perto de lá do que de cá. Não me considero vencedora ainda. Ainda têm duas etapas pra serem cumpridas, uma bateria de exames, e acompanhamento por alguns anos. Mas creio naquele que começou a boa obra em mim, Deus. E outra coisa que eu aprendi com resignação e humildade, é que tudo, no céu e na terra, é dele, e de alguma forma estupenda que nunca compreenderemos, o que sempre permanece, é a vontade dele. Então, diante de tudo, eu entendi, que na verdade, nenhum de nós compreende muita coisa. Ele diz na Bíblia que enxergamos tudo como que diante dum espelho, ou seja, vemos apenas nós e uma pequena porção ao redor. Mas também diz que um dia veremos face a face, isto se encontra na primeira carta de coríntios, no capítulo 13, uma passagem que narra sobre o amor. O mais surpreendente desta interpretação é que ele nos dá a dica de como construir essa realidade face a face. Olhando global, e só o amor sem pretextos nos dá essa chance. Quando paramos de olhar para nós mesmos e olhamos pra outras pessoas, vemos a Deus face a face. É incrível. Bem, o que tem a ver comigo? Eu precisei que muitos olhassem pra mim, que saíssem da frente do espelho pra cuidar de mim, e a Bíblia diz, que se você cuida de um dos pequenos do mundo (sem pretextos), você está diretamente fazendo isto a Deus. Este é o momento em que eu suspiro com gratidão por ter aprendido mais essa. Muitos questionaram porque eu fiquei doente, e eu sempre respondi: Deu defeito, meu corpo é perecível, não é eterno." Nunca culpei a Deus. Ele é responsável por tudo, mas ser responsabilizado não quer dizer, ser culpado. Até porque, eu sou livre, e também responsável pelo meu destino. E num banquete meu com Deus, a culpa não foi servida, a cura foi, o sofrimento foi, mas foi o amor o prato principal. E meus amigos, este texto não tem religião, ele crê em Deus, porque é tudo que podemos fazer num momento crítico. Agarrar na mão de quem é mais forte, e eu Juliane, reconheço essa força em Deus. Sendo assim, eu retorno ao início do texto, onde eu disse ser mais um dia, menos um dia. O dia de ontem teve todos os elementos críticos, com a diferença que foi mais uma vez que eu reconheci humildemente que quem me faz forte é ELE, quem decidiu a forma como tudo se passaria, foi ele, entre ele eu eu, foi um casamento básico, eu entrei doente, cheia de impossibilidades e incompreensões, ele entrou com ação, com amor e cuidado, e escrevemos uma boa história pra ser contada. Em tudo isso, o mérito foi Dele e de todos que alguma forma brilhante me ajudaram a caminhar, quando eu se quer conseguia andar. Então, se você acha que a humanidade está perdida, assim como muitas vezes eu penso, eu quero dizer que eu tenho pelo menos, umas 500 ou mais pessoas, me mostrando o contrário. Bom dia.
P.s.: Espalhe isso. Bjuss

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