10 de dezembro de 2015

Liberdade

Vai ter textão, sim. E se você não gosta de ler, não leia, você é livre. E outra, se você não gostar, melhor pra mim, por que se você achar isso aqui uma porcaria, eu não tenho que ficar preocupada em corresponder a expectativa da falsa perfeição de que meus textos precisem ser perfeitos. Porque eu também sou livre e a maldita perfeição não existe. Então eu vou falar sobre liberdade. Você se acha livre? É uma mentira. Você é um(a) escravo (a).
"-Nossa, Juliane, que palavra forte, vou parar de ler seu texto."
"-Vai lá, covarde. Tchau e bença."
Você é um escravo (a) de você mesmo (a). Eu poderia dizer também, que você é escravo (a) da sua família, se você tiver um pai machista que goste de dizer:
"-Meu teto, minhas regras".
Ou se você tiver uma mãe louca que te oprime com gritos e goste de dizer:
"- Você não presta, nunca vai prestar".
Isso é escravidão. Você não é livre só porque chega tarde em casa, ou adere a nova filosofia do:
"-Meu corpo, minhas regras".
Você é um escravo (a). Escravo (a) de todos os papéis que a sociedade impõe pra você. E a escravidão vem de dentro de você, ela grita com você de noite antes de você dormir, dizendo:
"-Você não pode dormir tarde".
Ela urra nos seus ouvidos quando debocha do seu corpo que não é magro o suficiente, não é forte o suficiente, não é definido o suficiente, não é ágil o suficiente, simplesmente por não ser o suficiente.
A escravidão está em seu coração, e ela acorrenta suas emoções debochando de você por tantos fracassos, ela debocha da sua solidão, da suas bondades, debocha de qualquer sentimento que surja e que possa ir de encontro a outro coração. Você vive uma escravidão. E nessa escravidão, é proibido amar, se apaixonar, se afeiçoar e é proibido sorrir.
A escravidão ensinou você a se esconder toda vez que alguém te pressiona, ou todas as vezes que você precisa tomar uma decisão importante, a escravidão tirou de você toda a espontaneidade. Quantas pessoas você não poderia ter conhecido, abraçado, dito "oi" na rua? Mas a escravidão te ensinou a ignorar tudo, tudo passa despercebido por você, como uma nuvem de poeira.
A escravidão está no governo, nos hospitais, dentro das lojas que vendem caras vestimentas de seda, está nas ruas onde um mata o outro sem compaixão, está na criança faminta, e na abastada, está no aluno e no professor, está nas religiões que infringem a nós que Deus é assim, Deus é assado, quando nem ele se definiu como mais do que: "EU SOU".
E a escravidão está no dinheiro, que te limita a um salário, que sendo muito ou pouco, te prende às coisas que ele compra, ou no pior das hipóteses, te prende a tudo que ele não pode comprar.
Somos escravos da moda, da cultura, da linguagem. Tudo que fazemos ou sonhamos, está preso a uma corrente chamada escravidão, e nós a arrastamos atrás de nós, com um sorriso ostentador:
"-Vejam no YouTube, o meu tutorial sobre a minha corrente de escravo, leia meu texto no blog, curta no Facebook, no Instagram, no Twitter, no Pinterest, e não esqueça de marcar seus amigos! Vamos COMPARTILHAR A CORRENTE."
O mundo te engana com propagandas bonitas sobre um carro, ou uma viagem ao Chile, e na propaganda, a liberdade é ressaltada, com a sugestão singela por trás, de:
"-Compre um carro, isso vai te dar uma sensação de liberdade."
Ou,
"-Venha pro Chile, aqui a liberdade vai tocar suas asas como uma ventania".
Isso é uma escravidão. E você se pergunta:
"-Quem neste mundo, é livre?"
E eu diria que todos somos livres, mas que escolhemos nossa escravidão. Por que é mais fácil. É muito mais cômodo. Hoje, nossa sociedade não tem mais heróis, não tem mais revolucionários, ativistas sinceros. Todos são escravos, da mídia, da comunicação, da globalização. Nós somos o novo Egito, um Egito cheio de escravos, construindo palácios que se quer serão habitados por nós. E pra que esqueçamos que somos escravos, não raras as vezes, a sociedade admite nossas opiniões sobre tudo, sem contudo fazer caso delas.
O mundo irá para onde tem que ir, e nós, como escravos, lhe mostraremos a direção. O dia em que a escravidão irá acabar? O dia em que a verdade virá a luz, o dia em que desligarmos nossas TVs e tirarmos do poder, todos os que são corruptos, o dia em que nós mesmos pararmos de nos corromper. Esse será um bom dia para liberdade. O dia em que a vida será mais importante do que o dinheiro, e o governado for mais importante do que o governo, o dia em que a mãe amar o filhos e lhes der carinho, ao invés de presentes, o dia em que o pai verá o mal que faz sua tirania, o dia em que o abandono dos idosos se tornará uma afronta a história e ao legado de uma família inteira, o dia em que os mortos não precisarão ser honrados em seus caixões, por que foram honrados em vida, a liberdade virá, quando eu e você, sujarmos nossas mãos com terra, plantando algo bom pro futuro.
E por fim, se você não gostou, seja livre, retire-se. Eu não lhe devo nada.

Nenhum comentário: