7 de junho de 2017

História de Soror Mariana Alcoforado



Eu queria falar inicialmente sobre cartas de amor de homens notáveis, porém não achei nenhum PDF disponível pra compra, terei que procurar mais, então decido falar sobre Mariana Alcoforado. Conhece? Eu também não conhecia, mas desde que li a história dela, no livro de Mirian Cyr, me apaixonei pela história e por Mariana. Eu fui à biblioteca, certa feita de 2013, com o intuito de achar um livro que  falasse sobre amor, pois eu queria escrever no blog, sobre amor,mas embasando com algum livro bacana. Chegando lá, a mocinha que fica por conta da consultoria tinha faltado. Mas a sessaõ estava aberta pra quem quisesse alugar um livro de sua escolha. E eu fui olhando sem muita esperança pelas prateleiras, por que eram mais de 10, e achei esse livro: "A maior paixão do mundo- A história da freira Mariana Alcoforado e suas cartas de amor proibido-por Myriam Cyr". O título sugere o romance e a tragédia. Não exitei em pegar o livro pra alugar, afinal, histórias de amor de freiras, não são muito comuns, não é mesmo?

Eu comecei a ler o livro, bem devagar, degustando a história, mas quando percebi, estava virando a madrugada com ele e até hoje, eu ainda sinto o impacto que ele teve na minha vida, as palavras de amor desesperadas de uma Mariana, fizeram com que eu virasse uma página pessoal, e mais, cheguei à conclusão que todas nós mulheres um dia também fomos Mariana Alcoforado, mesmo que por 5 minutos.

Um breve sobre Mariana: Ela era freira, se apaixonou por um Marquês, soldado e francês, que por motivos políticos teve que abandoná- la sem explicações. Mariana louca de amor lhe escreve 5 cartas em 5 momentos declarando um milhão de coisas apaixonadas, magoadas, feridas. Acontece que me vi em Mariana, vi suas palavras de mais de 100 anos ecoando em mim, no que sinto, no que vivi. E vi minha visão sobre o amor mudar tanto que as pessoas a minha volta perceberam que alguma coisa borbulhava dentro de mim.

Mariana Mendes da Costa Alcoforado ou Mariana Vaz Alcoforado O.S.C. (Beja, Santa Maria da Feira, 22 de abril de 1640 — Beja, 28 de julho de 1723) foi uma freira portuguesa do Convento de Nossa Senhora da Conceição em Beja.

Mariana foi uma freira portguesa que enfrentou os tabus da sua época, ela teve sua vocação traçada por mera vontade paterna, de que ela se tonasse freira no Convento da Conceição em Portugal, mesmo sem qualquer vocação religiosa, e isso era normal na época, muitos jovens, tanto homens como mulheres passavam por isso. O livro conta que certo dia, o exército desfilava pelo terraço do convento, enquanto Mariana assistia, seu coração avistou Chamilly, um Marquês. A paixão dos dois, no entanto, não se restringiu a bilhetes ou flêrtes ingênuos, a paixão entre eles foi carnal e consumadora de desejos. os boatos não demoraram a correr pelo convento, e não demoraram também a correr fora dele, aí a história se bifurca, uns cogitam que Chamilly com medo, optou por fugir de Portugal e retornar para França, alegando que seu irmão estava doente, outros cogitam que ele se ausentou por obrigações políticas e que outras adversidades o impediram de retornar. O fato é que ele havia saído de Portugal, deixando com Mariana a promessa de que enviaria alguém para busca-la e leva-la pra junto dele na França, fato que nunca ocorreu. As 5 cartas que ela escreveu, surgiram durante essa espera, e Chamilly respondeu apenas uma carta, e de maneira tão formal, como se nunca a tivesse conhecido profundamente. As cartas, não se sabe como, e por isso cogitam sua autenticidade, começaram a circular por Paris, em 1669,  na época, era comum que livros fossem publicados como "autor desconhecido", até mesmo pra promover a venda do que era escrito, por se tratar de uma época em que impressos eram raros, o mundo estava apenas em sua segunda fase da impressão de livros. Por terem sido espalhadas as cartas da forma que foram, muitos escritores famosos da época, duvidaram que os escritos derivavam de uma mulher, mas isso não é novidade pra época. O que os dados históricos não mostram, é que Mariana nunca viu o amor romântico além do amor que Chamilly lhe dedicou por curto período, Mariana arriscou perder sua reputação e sua sanidade por um homem que a deixou, no entanto, ela lutou resoluta por esse amor impossível, ela acreditava que Chamilly retornaria, e repararia a indiscrição dos atos de ambos com um casamento. Com o tempo, Mariana se deu conta que a maior paixão, não era por Chamilly, mas pelo próprio amor. Mariana amou o amor, ela descobriu que não importava o que pudesse acontecer, ela lamentava por Chamilly tê- la abandonado, mas preferia mil vezes sofrer por amor, por ter sentido e por sentir amor, do que nunca ter descoberto as doçuras do próprio. Não se sabe o que Chamilly pensava, ele escreveu apenas uma carta irrisória para Mariana, carta que ela disse que preferia jamais ter recebido. Se ele a amou além da cama onde foram amantes, jamais saberemos, se ele pensou nela em cada minuto da sua vida ou se ele se preocupou alguma vez que os boatos sobre o romance a pudessem arruinar, isso não saberemos nunca, mas vou fazer das palavras finais da autora as minhas próprias:


"Aqueles que a enterraram não sabiam que, por mais que tentassem fazer com que Mariana desaparecesse, suas palavras sobreviveriam à difamação, à especulação, ao anonimato e à controvérsia. Continuam a transmitir uma dor que ecoa em todas aquelas que esperam em vão pelo retorno de um amado. Suas cartas mostram que podemos até chegar às estrelas, mas, nas questões do coração, nada muda." Myriam Cyr


As cartas valem ser lidas, estão nos posts anteriores, transcritas por ordem, valem ser lidas por inteiro, engolidas pela alma de que as lê, vele serem absorvidas pelo coração, servem de consolo, alento, alerta, mudam as pessoas. A mim ensinou a ser responsável pelo que cativo nos outros, ter fidelidade com as minhas palavras e ações, me ensinou a grandeza e a humanidade de um coração que pode tomar decisões e ser responsável por essas decisões. 

Mariana, passou toda sua vida naquele mesmo convento, chegou a patente máxima de abadessa, e faleceu em 1723, de Chamilly, nunca mais teve notícias. 

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