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4 de outubro de 2017

Você é único (a) pra mim


Quando eu conheci meu marido, em 2015, eu vinha me esgueirando de duas feridas, duas feridas de "inutilidade", que é quando você conhece alguém que parece que está te dando esperança, mas que por maldade ou por alienação, a pessoa puxa essa esperança como uma corda e te enforca até você sufocar, te tornando sentimentalmente inútil. E com isso, eu não queria mais conhecer ninguém, havia desistido. Pra mim, a vida sozinha começava até se mostrar bem prática. Então um dia, eu tive a oportunidade de bater um papo com meu marido, até então uma pessoa que eu acabava de conhecer, e ali eu pude ver o quanto ele era especial, o quanto ele era diferente das outras pessoas ao meu redor. E me fez tão bem, saber que existia no mundo alguém como ele, que eu abri meu coração, fui ser feliz e hoje ele é a pessoa mais importante da minha vida! Foi tudo uma questão de abrir meu coração pra pessoa certa. 

22 de setembro de 2017

Homem, seja homem!


19 de setembro de 2017

Rede Social de casal


Quem sou eu na fila do pão, viu gente? Mas como é estranho um casal ter a mesma rede social. O que é isso, é ciúme ou é amor? É estranho, a rede social tem o nome dos dois, os dois que usam, e eu acho estranho e acho uma invasão da privacidade do outro, mas o mundo não é sobre o que eu acho, não é mesmo? Se o casal está feliz assim, que assim seja. 

Eu e meu marido concordamos com isso, e muito embora nossas vidas sejam livros abertos, e nosso relacionamento baseado em confiança, nós não usamos rede social em conjunto, cada um tem a sua individualidade, porque nós entendemos que embora sejamos um casal, nós as vezes temos opiniões diferentes, e de fato somos diferentes, embora sejamos um casal. Ele é homem, gosta de futebol, eu sou mulher, prefiro moda, gosto de postar coisas sobre noiva, e ele sobre futebol, entre outras coisas que nos diferem, e isso é "ter individualidades". Estar junto com alguém e amar essa pessoa, e casar com ela e dormir com ela, implica que tomaremos decisões juntos, mas não implica que iremos ter vontade de "cagar" na mesma hora que o outro. Desculpa o exemplo, mas isso é um exemplo claro de individualidade. 
Eu e meu marido decidimos como empregar o dinheiro, o dinheiro o meu, e o dele, nós chamamos de nosso, e quando um tem uma necessidade, os dois conversam se essa necessidade deve ou não ser atendida, é como funciona. Porém o campo das decisões conjuntas tem seus limites, eu jamais vou impedir meu marido de aceitar uma mulher na rede social dele e impedir que ele converse com ela, pois eu entendo que pro meu marido a rede social é o trabalho dele, muito mais do que uma diversão, e outra, eu confio no homem que eu casei, igualmente meu marido confia em mim, quando nós achamos que devemos compartilhar um assunto um com o outro, isso acontece fluentemente, porém isso não interfere, nas coisas que são individuais, eu não obrigo ele a comer inhame, que ele odeia, assim como ele não me obriga a comer bife de fígado, que eu odeio, mas isso não nos impede de degustar essas comidas individualmente. Enfim, minha crítica não é contra ter rede social junto, minha crítica é quando um impede o outro de exercer sua liberdade e individualidade, por achar que quando casa, namora a pessoa vira dona da outra. E o casamento, o namoro, o noivado, não é sobre quem tem mais autoridade que o outro, não é sobre quem é dono do outro, o casamento, o noivado e o namoro,  é sobre o quando os dois são parceiros na vida, se não tem parceria, é melhor partir pra outra.  











18 de setembro de 2017

A opinião dele, não define quem você é


Querida, você não depende de um homem pra ser linda, você é linda porque é linda, então seja linda. Não se preocupe se um homem não te achar linda, o homem certo, não vai admirar a sua aparência em primeiro lugar, um homem de verdade, vai querer achar lindo o seu coração. 



11 de setembro de 2017

Uma história dessas que a avó conta



Li um texto de um cara agora e não vou citar porque me esqueci o nome dele, mas lendo o texto dele, lembrei de uma história dessas de vó, sabe? Essas histórias que elas contam naquele tom de quem: "sei lá de quem, em algum lugar muito longe daqui"? Pois bem, o texto do cara, não conta uma história em si, mas eu quero contar essa. E a história que eu ouvi tem a ver mais ou menos com essa história da garota que ia se casar, que fez o enxoval todo bordado com as iniciais dela e do noivo, eles iam morar numa casinha bonitinha e ela tinha um vestido magnífico, daqueles de "esbugalhá o zóio" de tão bonito, e ela bordou o vestido com carinho, e namorava na sala debaixo das vistas da mãe que ficava costurando, e das vistas pai que lia no jornal da cidade coisas corriqueiras como: "O Seu Joaquim da padaria está aumentando a padaria e agora vai servir lanche na pracinha também". E a moça levava a vida, com seu namoro pacato, sonhando com casinha bonitinha e uma horta. Um dia, chegou o grande dia! E a moça, feliz, se arrumou, sua mãe prendeu seus cabelos pra cima e ela ganhou uma maquiagem da madrinha! Ela estava uma coisa muito fina de se ver! E ela só pensava se o seu noivo também estava tão nervoso quanto ela, e na imaginação dela, ele dizia: "você é a minha razão pra sorrir". Na hora marcada ela foi pra igreja, ali começaria sua vida com o homem que ela amava, filho de fazendeiro, tinha jaqueta moderna, tinha estudado fora, tinha tudo que queria. Tudo bem, as vezes ele era mal humorado, ciumento, um pouco bruto, um pouco infantil, mas valia a pena, ele ficaria mais manso depois do casamento, disse à moça uma amiga dela que já era casada. Quando ela por fim entrou na pequena igrejinha decorada com margaridas e pequenos botões de rosa amarela, ela não viu olhares de comoção, não eram as mesmas comadres do casamento da sua prima? As pessoas não a estavam olhando com admiração.

"-Ô mãe, cadê a marcha nupcial?"

Não demorou nada nada pra moça perceber o que faltava.

"-Mas a gente chegou cedo não é? Meu noivo nem está no altar!"

As cenas seguintes do que deveria ser a celebração das bodas, foram cenas tristes de se ver. A mãe do noivo, cheia de dó, pegou na mão da moça e avisou que não ia ter casamento.

"-Eu sinto muito!"

A moça sorriu confusa, olhou ao redor, ficou séria, se soltou das mãos da sogra e saiu correndo. De rasgar o coração não é mesmo? A moça correu até em casa, foi até a cristaleira onde pegou uma tesoura, arrancou o vestido, e aos prantos, tentou deixá- lo igual ao seu coração. Quando os pais da moça chegaram, ela já tinha despedaçado cada pedaço de pano do seu enxoval. A mãe da moça a segurou firme e disse:

"-Minha filha! Pare com isso! Você não merece isso! Ele não te merece!"

Aquela mãe segurou aquela filha durante um bom tempo. As notícias que vieram depois de muito muito muito tempo, é que ela fora estudar na capital, que voltara pra pequena cidade, onde conheceu um bom moço, e se casou, diziam que ele tratava com muito amor. Se foram felizes pra sempre, isso eu já não sei dizer. O moço, o noivo, segundo as comadres, teve uma vida infeliz e insatisfeita.

Mas será mesmo? Será que ele foi mesmo infeliz? Será que ele foi mau? Ou esse era o desejo das pessoas? Como a pessoa que escreve o texto, eu não gostaria de manipular uma opinião, mas será que ele não fez a coisa certa de um jeito errado? A nossa personalidade tem mesmo a ver com as decisões que tomamos? Talvez aquele noivo não amasse sua noiva. E olha, ter alguém que pretende casar com você, sem amor, é quase o mesmo que mastigar uma pinha, é desagradável, doloroso e degradante, é algo que nos rebaixa. E bom, depois de respirar fundo e se recuperar da perda e da vergonha, você sabe que foi a coisa certa. Você sabe que recebeu uma chance, você sabe que deu a chance pra outra pessoa ser feliz. As vezes, como no caso da moça da história, as pessoas estão apenas procurando a felicidade e a realização, e calha de encontrarmos alguém que parece (só pareceee), ter a mesma vontade. E quem de nós não sonhou com seu príncipe, com sua princesa? Quem de nós já não errou fazendo más escolhas? Quem de nós nunca desceu as escadas do rancor? E por fim, quem de nós não trás consigo uma história dolorosa e inesquecível? É difícil confiar em alguém depois que somos abandonados nos "altares" da vida, e ninguém disse que seria fácil se abrir para um novo amor, um novo começo, sem reservas. Mas nós tentamos, começamos dando pequenos passos, aumentamos o ritmo, e quando menos esperamos, estamos fazendo um caminho de volta para o amor. E não é por isso que ansiamos? As três palavras que todos desejamos ouvir no final de um dia: eu te amo. Mas principalmente, vindo de alguém que realmente sente que pode compartilhar uma vida conosco. Alguém que não apenas nos respeite, mas que nos permita ser fundamentais. Não precisamos, (pelo menos a maioria saudável de nós), de alguém que seja um apoio, uma bengala. Precisamos apenas que precisem de nós e do amor que podemos oferecer, sem julgamentos, sem querer nos modificar. Alguém que nos veja como ideal, mesmo tendo defeitos, fraquezas. Alguém que não veja apenas um corpo, mas uma alma pronta pra ser compartilhada. A moral da história? Acho que todos nós já sabemos, o amor pode vir de todo lugar, mas não de qualquer lugar. E eu desejo que seja qual for a decisão de vocês, que vocês sempre sempre sempre, "façam amor"...

4 de agosto de 2017

A história da amiga da amiga da prima, que é amiga de uma amiga minha, que achava que ia morrer solteira



Então, eu vou contar a história da amiga da amiga da prima, que é amiga de uma amiga minha, que achava que ia morrer solteira. Que trágico não? Um pouco dramático, um pouco forte. O tipo de coisa que se fala depois da quinta caipirinha. E ela tinha tomado a quinta, de frutas vermelhas. Eu só estou repassando os fatos, mãe do céu, não me julguem. O fato, e eu amo os fatos, é que ela estava furiosa. Ela estava muito furiosa, e a amiga da amiga da prima dessa amiga da minha amiga me disse o que ela falou depois da quinta caipirinha.

"Mas tá tudo errado mesmo! E eu vou ficar solteira pra sempre.. só porque esse mundo é ingrato. Eu estou errada por acreditar que isso seja uma realidade? As pessoas começam um relacionamento por quê? Por causa delas mesmas. Porque elas são solitárias. E começam a namorar com quem? Com pessoas que são o seu reflexo. Mas acontece que depois de olharem o reflexo, elas vêem os defeitos delas no outro e o que fazem? Tentam mudar nos outros o que não conseguem nem mudar nelas! (Pausa para um arroto). E eu, sou obrigada a ficar solteira. É por isso que as estatísticas dizem que 90 dos 130 casais que casaram hoje, não vão passar dos dois anos de matrimônio. Qual é a graça de querer mudar alguma coisa na pessoa por quem me apaixonei? Eu conheci um cara, e ele gosta de jogar poker com os amigos. E contei isso pra uma amiga, e sabe o que ela me disse? "por enquanto você não pode mudar isso nele." Porque eu mudaria algo nele? Algo que veio junto com o cara pelo qual me apaixonei?(Nessa hora o bar- man enxugou uma lágrima com o pano de prato, e o bêbado ao lado também chorou). Eu não quero ficar com alguém que acha que meu cabelo fica ruim do lado esquerdo. Quero alguém que ache divertido que eu goste de jogar boliche, e que se importe o bastante pra que eu mereça dele uma ligação, um eu te amo sincero. E o que é o amor? Um sentimento? Uma ova que é! Sentimentos são voláteis kkkk solúveis, volúveis!! O amor é um verbo. Imutável. E um verbo não se sente. Se faz. O amor é feito por duas pessoas. Não existe predestinação, milagre, alma gêmea. Existem duas pessoas que vão fazer isso dar certo, porque se apaixonaram uma pela outra. É por isso que dá certo! Vamos brindar, sorte nossa existir essa coisa de fazer amor!! Sabem quantas vezes eu saí pra jantar e o cara desapareceu antes até do primeiro beijo? Sabem quantas vezes eu fui cantada e nem tiveram a decência de me chamar pra sair? Sabem quantos caras fugiram com o buquê de flores?? Vocês não sabem?! Nem eu. E é por isso que eu vou ficar solteira, porque uma loira magra que só fala bobagem é mais bonita que eu, (ela chorou), e o cara por quem me apaixonei, prefere ouvir eu te amo dela, eu aposto que sim. Na verdade eu não sei. Mas ele também não me disse."

Na verdade meus caros, vamos ignorar o comentário final. E ficar com este, (meu preferido): "o amor é um verbo". E vamos ficar também com a frase: "mas ele também não me disse." Já somos adultos o bastante pra entender que o amor é algo muito sério, não se pode misturar isso com sentimentos. Você pode sentir fome e se alimentar. O amor é algo como sentir fome e dar algo de comer a outra pessoa. Quando o padre diz coisas como carne de sua carne, ele quer dizer que o amor, custa muito caro, ou seja, sua própria vida, e se você ama, porque não deixar aquela pessoa saber? E bem, nossa amiga estava furiosa por acreditar nisso. Devíamos crer nisso ao nos apaixonarmos, e devíamos crer nisso quando ajudamos alguém ao longo da vida. E bom, a amiga da prima da amiga da minha amiga, disse que amiga dela foi pedida em casamento. No fim das contas. O amor vence. Porque o amor é um verbo, tão vivo quanto o coração que uma garota entrega a um rapaz.

5 de julho de 2017

O príncipe existe? E a Princesa?


"-O príncipe encantado existe Berenice?
-Quem foi que te disse isso?!
-Quem disse Berenice?!"

Então, não sei quem disse isso, e também não sei quem desmistificou, mas vamos lá. Quem nunca? Quem nunca sonhou com aquela perfeição milimétrica? Pra descobrir 5 segundos depois que ele era gay, ou já era comprometido, ou estava no mercado dos "freelancers" a mais tempo que Matusalém, assim como você e a Berenice ali do lado, sua vizinha também sonhadora. E não comece a se contorcer aí na sua cadeira giratória! Admita que o clichê horroroso dos seus amigos apaixonados não só lhe chama atenção e lhe cai bem, como também aguça sua vontade de ter só pra você, aquele homem lindo escrevendo: "eu te amo" na sua linha do tempo pra todos os seus amigos e amigas se descabelarem por você. Todos precisam de alguém amando suas "curvas e seus limites", alguém que arrisque tudo, que nos faça arriscar tudo, que nos faça sentir um pouco idiotas, por assim dizer. Chega um momento na vida em que a maioria de nós quer o sossego de uma vida menos solitária, menos individual, menos comida congelada, menos lavanderia... Daí começamos a pensar nos filmes compartilhados no sofá, numa quinta feira de noite, e aquela velha briga pelo controle remoto, começamos a pensar em ter outra escova de dentes dividindo o espaço da pia com a nossa... Pensamos em comprar carne fresca pro jantar e que se dane a música e o vinho, por que ''estaremos'' cansados demais pra sermos tão românticos. Ao fundo, enquanto o bife fica pronto, a máquina de lavar vai estar batendo ''nossas'' roupas, essa será nossa trilha sonora. E vamos acabar falando sobre o lixo que tem ser posto pra fora, e com certeza vamos discutir sobre o que fazer com a possibilidade de trocar o carro por um mais novo. Conto de fadas... deixe- me dizer algo sobre isso: A felicidade de uma escolha dia após dia é o conto de fadas que a vida nos apresenta. Faça o que fizer, seja o que for... faça e seja com amor, escolha bem e seja feliz. Não tenha medo de dizer sim ou não. Dizem por aí que as melhores escolhas, são as que fazemos com o coração. E ele geralmente sabe todas as respostas bem antes do nosso cérebro formular as perguntas. As vezes a Berenice que há em mim questiona tudo e questiona muito. Mas por enquanto... estou colocando a Berenice em dúvida e estou ouvindo o coração. Só tenha em mente uma coisa antes de terminar de ler esse texto: o tempo é implacável. Se ele escorrer pelos seus dedos, nem conto de fadas, nem a vida e muito menos a Berenice poderão ajudar! Adicionando o fator tempo na equação escolha, temos o resultado totalmente imprevisível, por que a vida é um risco, e isso é tão breve e tão perigoso quanto parece, e pode ser um prazer também.. enfim... Mas quem é que disse que a previsibilidade era um ponto positivo mesmo?
-Quem disse Berenice?

7 de junho de 2017

História de Soror Mariana Alcoforado



Eu queria falar inicialmente sobre cartas de amor de homens notáveis, porém não achei nenhum PDF disponível pra compra, terei que procurar mais, então decido falar sobre Mariana Alcoforado. Conhece? Eu também não conhecia, mas desde que li a história dela, no livro de Mirian Cyr, me apaixonei pela história e por Mariana. Eu fui à biblioteca, certa feita de 2013, com o intuito de achar um livro que  falasse sobre amor, pois eu queria escrever no blog, sobre amor,mas embasando com algum livro bacana. Chegando lá, a mocinha que fica por conta da consultoria tinha faltado. Mas a sessaõ estava aberta pra quem quisesse alugar um livro de sua escolha. E eu fui olhando sem muita esperança pelas prateleiras, por que eram mais de 10, e achei esse livro: "A maior paixão do mundo- A história da freira Mariana Alcoforado e suas cartas de amor proibido-por Myriam Cyr". O título sugere o romance e a tragédia. Não exitei em pegar o livro pra alugar, afinal, histórias de amor de freiras, não são muito comuns, não é mesmo?

Eu comecei a ler o livro, bem devagar, degustando a história, mas quando percebi, estava virando a madrugada com ele e até hoje, eu ainda sinto o impacto que ele teve na minha vida, as palavras de amor desesperadas de uma Mariana, fizeram com que eu virasse uma página pessoal, e mais, cheguei à conclusão que todas nós mulheres um dia também fomos Mariana Alcoforado, mesmo que por 5 minutos.

Um breve sobre Mariana: Ela era freira, se apaixonou por um Marquês, soldado e francês, que por motivos políticos teve que abandoná- la sem explicações. Mariana louca de amor lhe escreve 5 cartas em 5 momentos declarando um milhão de coisas apaixonadas, magoadas, feridas. Acontece que me vi em Mariana, vi suas palavras de mais de 100 anos ecoando em mim, no que sinto, no que vivi. E vi minha visão sobre o amor mudar tanto que as pessoas a minha volta perceberam que alguma coisa borbulhava dentro de mim.

Mariana Mendes da Costa Alcoforado ou Mariana Vaz Alcoforado O.S.C. (Beja, Santa Maria da Feira, 22 de abril de 1640 — Beja, 28 de julho de 1723) foi uma freira portuguesa do Convento de Nossa Senhora da Conceição em Beja.

Mariana foi uma freira portguesa que enfrentou os tabus da sua época, ela teve sua vocação traçada por mera vontade paterna, de que ela se tonasse freira no Convento da Conceição em Portugal, mesmo sem qualquer vocação religiosa, e isso era normal na época, muitos jovens, tanto homens como mulheres passavam por isso. O livro conta que certo dia, o exército desfilava pelo terraço do convento, enquanto Mariana assistia, seu coração avistou Chamilly, um Marquês. A paixão dos dois, no entanto, não se restringiu a bilhetes ou flêrtes ingênuos, a paixão entre eles foi carnal e consumadora de desejos. os boatos não demoraram a correr pelo convento, e não demoraram também a correr fora dele, aí a história se bifurca, uns cogitam que Chamilly com medo, optou por fugir de Portugal e retornar para França, alegando que seu irmão estava doente, outros cogitam que ele se ausentou por obrigações políticas e que outras adversidades o impediram de retornar. O fato é que ele havia saído de Portugal, deixando com Mariana a promessa de que enviaria alguém para busca-la e leva-la pra junto dele na França, fato que nunca ocorreu. As 5 cartas que ela escreveu, surgiram durante essa espera, e Chamilly respondeu apenas uma carta, e de maneira tão formal, como se nunca a tivesse conhecido profundamente. As cartas, não se sabe como, e por isso cogitam sua autenticidade, começaram a circular por Paris, em 1669,  na época, era comum que livros fossem publicados como "autor desconhecido", até mesmo pra promover a venda do que era escrito, por se tratar de uma época em que impressos eram raros, o mundo estava apenas em sua segunda fase da impressão de livros. Por terem sido espalhadas as cartas da forma que foram, muitos escritores famosos da época, duvidaram que os escritos derivavam de uma mulher, mas isso não é novidade pra época. O que os dados históricos não mostram, é que Mariana nunca viu o amor romântico além do amor que Chamilly lhe dedicou por curto período, Mariana arriscou perder sua reputação e sua sanidade por um homem que a deixou, no entanto, ela lutou resoluta por esse amor impossível, ela acreditava que Chamilly retornaria, e repararia a indiscrição dos atos de ambos com um casamento. Com o tempo, Mariana se deu conta que a maior paixão, não era por Chamilly, mas pelo próprio amor. Mariana amou o amor, ela descobriu que não importava o que pudesse acontecer, ela lamentava por Chamilly tê- la abandonado, mas preferia mil vezes sofrer por amor, por ter sentido e por sentir amor, do que nunca ter descoberto as doçuras do próprio. Não se sabe o que Chamilly pensava, ele escreveu apenas uma carta irrisória para Mariana, carta que ela disse que preferia jamais ter recebido. Se ele a amou além da cama onde foram amantes, jamais saberemos, se ele pensou nela em cada minuto da sua vida ou se ele se preocupou alguma vez que os boatos sobre o romance a pudessem arruinar, isso não saberemos nunca, mas vou fazer das palavras finais da autora as minhas próprias:


"Aqueles que a enterraram não sabiam que, por mais que tentassem fazer com que Mariana desaparecesse, suas palavras sobreviveriam à difamação, à especulação, ao anonimato e à controvérsia. Continuam a transmitir uma dor que ecoa em todas aquelas que esperam em vão pelo retorno de um amado. Suas cartas mostram que podemos até chegar às estrelas, mas, nas questões do coração, nada muda." Myriam Cyr


As cartas valem ser lidas, estão nos posts anteriores, transcritas por ordem, valem ser lidas por inteiro, engolidas pela alma de que as lê, vele serem absorvidas pelo coração, servem de consolo, alento, alerta, mudam as pessoas. A mim ensinou a ser responsável pelo que cativo nos outros, ter fidelidade com as minhas palavras e ações, me ensinou a grandeza e a humanidade de um coração que pode tomar decisões e ser responsável por essas decisões. 

Mariana, passou toda sua vida naquele mesmo convento, chegou a patente máxima de abadessa, e faleceu em 1723, de Chamilly, nunca mais teve notícias. 

6 de junho de 2017

Semana do Amor - 5 Cartas de Amor, em 5 dias - Cartas Portuguesas, Soror Mariana Alcoforado 5 de 5



QUINTA CARTA

Fonte: http://arlindo-correia.com/101205.html



Escrevo-lhe pela última vez e espero fazer-lhe sentir, na diferença de termos e modos desta carta, que finalmente acabou por me convencer de que já me não ama e que devo, portanto, deixar de o amar.

Mandar-lhe-ei, pelo primeiro meio, o que me resta ainda de si. Não receie que lhe volte a escrever, pois nem sequer porei o seu nome na encomenda. De tudo isso encarreguei D. Brites, que eu habituara a confidências bem diferentes. Os seus cuidados não me serão tão suspeitos quanto os meus. Ela tomará as precauções necessárias para que eu fique com a certeza de que recebeu o retrato e as pulseiras que me deu. Quero porém dizer-lhe que me encontro, há já alguns dias, na disposição de me desfazer e queimar essas lembranças do seu amor, que tão preciosas me foram. Mas tanta franqueza lhe tenho mostrado que nunca acreditaria que eu fosse capaz de chegar a tal extremo. Quero sentir até ao fim a pena que tenho em separar-me delas e causar-lhe ao menos algum despeito.

Confesso-lhe, para vergonha minha e sua, que me encontrei mais presa do que quero dizer-lhe a estas futilidades, e senti outra vez necessidade de toda a minha reflexão para me separar de cada uma em particular, e isto quando já me gabava de me ter desprendido de si. Mas, com tantos motivos, consegue-se sempre o que se deseja. Pus tudo nas mãos de D. Brites. Quantas lágrimas me não custou esta resolução! Depois de mil impulsos e mil hesitações, que nem pode imaginar, e de que certamente não lhe darei conta, roguei-lhe para me não voltar a falar nelas, nem mas restituir ainda que lhas pedisse só para as ver uma vez mais e, por fim, remeter-lhas sem me prevenir.

Não conheci o desvario do meu amor senão quando me esforcei de todas as maneiras para me curar dele, e receio que nem ousasse tentá-lo se pudesse prever tanta dificuldade e tanta violência. Creio que me teria sido menos doloroso continuar a amá-lo, apesar da sua ingratidão, do que deixá-lo para sempre. Descobri que lhe queria menos do que à minha paixão, e sofri penosamente em combatê-la, depois que o seu indigno procedimento me tornou odioso todo o seu ser. O orgulho tão próprio das mulheres não me ajudou a tomar qualquer decisão contra si. Ai, suportei o seu desprezo, e teria suportado o ódio e o ciúme que me provocasse a sua inclinação por outra! Ao menos, teria qualquer paixão a combater. Mas a sua indiferença é intolerável. Os impertinentes protestos de amizade e a ridícula correcção da sua última carta provaram-me ter recebido todas as que lhe escrevi e que, apesar de as ter lido, não perturbaram o seu coração. Ingrato! E a minha loucura é tanta ainda, que desespero por já não poder iludir-me com a ideia de não chegarem aí, ou de não lhe terem sido entregues.

Detesto a sua franqueza. Pedi-lhe eu para me dizer pura e simplesmente a verdade? Porque me não deixou com a minha paixão? Bastava não me ter escrito: eu não procurava ser esclarecida. Não me chegava a desgraça de não ter conseguido de si o cuidado de me iludir? Era preciso não lhe poder perdoar? Saiba que acabei por ver quanto é indigno dos meus sentimentos; conheço agora todas as suas detestáveis qualidades. Mas, se tudo quanto fiz por si pode merecer-lhe qualquer pequena atenção para algum favor que lhe peça, suplico-lhe que não me escreva mais e me ajude a esquecê-lo completamente. Se me mostrasse, ao de leve que fosse, ter sentido algum desgosto ao ler esta carta, talvez eu acreditasse; talvez a sua confissão e o seu arrependimento me enchessem de cólera e de despeito; e tudo isso poderia de novo incendiar-me.

Não se meta pois no meu caminho; destruiria, sem dúvida, todos os meus projectos, fosse qual fosse a maneira por que se intrometesse. Não me interessa saber o resultado desta carta; não perturbe o estado para que me estou preparando. Parece-me que pode estar satisfeito com o mal que me causa, qualquer que fosse a sua intenção de me desgraçar. Não me tire desta incerteza; com o tempo espero fazer dela qualquer coisa parecida com a tranquilidade. Prometo-lhe não o ficar a odiar: por de mais desconfio de sentimentos de sentimentos exaltados para me permitir intentá-lo.

Estou convencida de que talvez encontrasse aqui um amante melhor e mais fiel; mas ai!, quem me poderá ter amor? Conseguirá a paixão de outro homem absorver-me? Que poder teve a minha sobre si? Não sei eu por experiência que um coração enternecido nunca mais esquece quem lhe revelou prazeres que não conhecia, e de que era susceptível?, que todos os seus impulsos estão ligados ao ídolo que criou? que os seus primeiros pensamentos e primeiras feridas não podem curar-se nem apagar-se?, que todas as paixões que se oferecem como auxílio, e se esforçam por o encher e apaziguar, lhe prometem em vão um sentimento que não voltará a encontrar? , que todas as distracções que procura, sem nenhuma vontade de as encontrar, apenas servem para o convencer que nada ama tanto como a lembrança do seu sofrimento? Porque me deu a conhecer a imperfeição e o desencanto de uma afeição que não deve durar eternamente, e a amargura que acompanha um amor violento, quando não é correspondido? E por que razão, uma cega inclinação e um cruel destino, persistem quase sempre em prender-nos àqueles que só a outros são sensíveis?

Mesmo que esperasse distrair-me com nova afeição, e deparasse com alguém capaz de lealdade, é tal a pena que sinto por mim que teria muitos escrúpulos em arrastar o último dos homens ao estado a que me reduziu. E embora me não mereça já nenhum respeito, não poderia decidir-me a tão cruel vingança, mesmo se, por uma mudança que não vislumbro, isso viesse a depender de mim.

Procuro neste momento desculpá-lo, e sei bem que uma freira raramente inspira amor; no entanto parece-me que, se a razão fosse usada na escolha, deveriam preferir-se às outras mulheres: nada as impede de pensar constantemente na sua paixão, nem são desviadas por mil coisas com que as outras se distraem e ocupam. Creio que não deve ser muito agradável ver aquelas a quem amamos sempre distraídas com futilidades; e é preciso ter bem pouca delicadeza para suportar, sem desespero, ouvi-las só falar de reuniões, atavios e passeios. Continuamente se está exposto a novos ciúmes, pois elas são obrigadas a certas atenções, certas condescendências, certas conversas. Quem pode garantir que em tais ocasiões se não divirtam, e que suportem os maridos somente com extremo desgosto, e sem qualquer aprovação? Como elas devem desconfiar de um amante que lhes não peça contas rigorosas de tudo isso, que acredite facilmente e sem inquietação no que lhe dizem, e as veja, confiante e tranquilo, sujeitas a todas essas obrigações!

Mas não pretendo provar-lhe com boas razões que me devia amar. Fracos meios seriam estes, e eu outros usei bem melhores sem nenhum resultado. Conheço de sobra o meu destino para tentar mudá-lo. Hei-de ser toda a vida uma desgraçada! Não o era já quando o via todos os dias? Morria de medo que me não fosse fiel; queria vê-lo a cada momento e isso não era possível; inquietava-me com o perigo que corria ao entrar neste convento; não vivia quando estava em campanha; desesperava-me por não ser mais bonita e mais digna de si; lamentava a mediocridade da minha condição; pensava nos prejuízos que lhe podia acarretar a afeição que parecia ter por mim; imaginava que não o amava bastante; receava, por si, a cólera de minha família; enfim, encontrava-me num estado tão lamentável como aquele em que estou agora.

Se me tivesse dado alguma prova de amor, depois de ter saído de Portugal, teria feito todos os esforços para sair daqui; ter-me-ia disfarçado para ir ter consigo. Ai, que teria sido de mim se não se importasse comigo, depois de estar em França? Que horror! Que loucura! Que vergonha tão grande para a minha família, a quem quero tanto, depois que deixei de o amar!

A sangue-frio, como vê, reconheço que podia ainda ser mais digna de piedade do que sou. Ao menos uma vez na vida falo lhe ponderadamente. Quanto lhe agradará a minha moderação, e como ficará satisfeito comigo! Mas não quero sabê-lo! Já lhe pedi, e volto a suplicar-lho para não me escrever mais.

Nunca reflectiu na maneira como me tem tratado? Nunca pensou que me deve mais obrigações do que a qualquer outra pessoa? Amei-o como uma louca, tudo desprezei! O seu procedimento não é de um homem de bem. É preciso que tivesse por mim uma aversão natural para me não ter amado apaixonadamente. Deixei-me fascinar por qualidades bem medíocres. Que fez para me agradar? Que sacrifícios fez por mim? Não procurou tantos outros prazeres? Renunciou ao jogo e à caça? Não foi o primeiro a partir para campanha? Não foi o último a regressar? Expôs-se loucamente, apesar de tanto lhe haver pedido que se poupasse por amor de mim. Nunca procurou um meio de se fixar em Portugal, onde era estimado. Uma carta de seu irmão bastou para o fazer abalar, sem a menor hesitação. E não vim eu saber que, durante a viagem, a sua disposição era a melhor do mundo?

Forçoso me é confessar que tenho razões para o odiar mortalmente. Ah, eu própria atraí sobre mim tanta desgraça! Acostumei-o desde início, ingenuamente, a uma grande paixão, e é necessário algum artifício para nos fazermos amar. Devem procurar-se com habilidade os meios de agradar: o amor por si só não suscita amor. Como pretendia que eu o amasse, e como havia formado tal desígnio, não houve nada que não tivesse feito para o atingir; ter-se-ia decidido mesmo a amar-me, se tal fosse preciso. Mas percebeu que o amor não era necessário para o êxito do seu empreendimento, nem dele precisava para nada. Que perfídia! Pensa poder enganar-me impunemente? Se por acaso voltar a este país, declaro-lhe que o entregarei à vingança da minha família.

Muito tempo vivi num abandono e numa idolatria que me horrorizam, e o remorso persegue-me com uma crueldade insuportável. Sinto uma vergonha enorme dos crimes que me levou a cometer; já não tenho pobre de mim!, a paixão que me impedia de conhecer-lhes a monstruosidade. Quando deixará o meu coração de ser dilacerado? Quando é que me livrarei desta cruel perturbação? Apesar de tudo, creio que não lhe desejo nenhum mal, e talvez me não importasse que fosse feliz. Mas como poderá sê-lo, se tiver coração?

Quero escrever-lhe ainda outra carta para lhe mostrar que daqui a algum tempo, talvez já tenha mais serenidade. Com que satisfação lhe censurarei então o seu injusto procedimento, quando este já não me importunar; lhe farei sentir que o desprezo; que falo da sua traição com a maior indiferença; que esqueci alegrias e penas; e só me lembro de si quando me quero lembrar!

Concordo que tem sobre mim muitas vantagens, e que me inspirou uma paixão que me fez perder a razão; mas não deve envaidecer-se com isso. Eu era nova, ingénua; haviam-me encerrado neste convento desde pequena; não tinha visto senão gente desagradável; nunca ouvira as belas coisas que constantemente me dizia; parecia-me que só a si devia o encanto e a beleza que descobrira em mim, e na qual me fez reparar; só ouvia dizer bem de si; toda a gente me dispunha a seu favor; e ainda fazia tudo para despertar o meu amor… Mas, por fim, livrei-me do encantamento. Grande foi a ajuda que me deu, e de que tinha, confesso, extrema necessidade.

Ao devolver-lhe as suas cartas, guardarei, cuidadosamente, as duas últimas que me escreveu ; hei-de lê-las ainda mais do que li as primeiras, para não voltar a cair nas minhas fraquezas. Ah, quanto me custam e como teria sido feliz se tivesse consentido que o amasse sempre! Reconheço que me preocupo ainda muito com as minhas queixas e a sua infidelidade, mas lembre-se que a mim própria prometi um estado mais tranquilo, que espero atingir, eu então tomarei uma resolução extrema, que virá a conhecer sem grande desgosto. De si nada mais quero. Sou uma doida, passo o tempo a dizer a mesma coisa. É preciso deixá-lo e não pensar mais em si. Creio mesmo que não voltarei a escrever-lhe. Que obrigação tenho eu de lhe dar conta de todos os meus sentimentos?

De: Cartas Portuguesas atribuídas a Mariana Alcoforado, traduzidas por Eugénio de Andrade (pseudón.), Edição bilingue, RTP, Março de 1980, 80 págs.

5 de junho de 2017

Semana do Amor - 5 Cartas de Amor, em 5 dias - Cartas Portuguesas, Soror Mariana Alcoforado 4 de 5



QUARTA CARTA

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O teu tenente acaba de me contar que um temporal te obrigou a arribar ao Reino do Algarve. Receio que tenhas sofrido muito no mar, e este temor de tal modo se apoderou de mim, que nem tenho pensado nas minhas mágoas. Estás convencido que o teu tenente se preocupa mais com o que te acontece do que eu? Porque está então mais bem informado e, enfim, porque não me tens escrito?

Bem desgraçada sou, se depois da tua partida ainda não tiveste ocasião de o fazer; e mais ainda, se a tiveste e não me escreveste. Não sei de maior ingratidão e injustiça; mas ficaria aflitíssima se, por causa disso, te viesse a acontecer qualquer desgraça, pois prefiro não ser vingada a que sejas punido. Resisto a tudo o que parece mostrar-me que já me não amas, e com mais facilidade me entrego cegamente à minha paixão do que às razões que tenho para lamentar o teu abandono.

Quanta inquietação me terias poupado se, quando nos conhecemos, o teu procedimento fosse tão descuidado como o é agora! Mas quem, como eu, se não deixaria enganar por tantos cuidados , e a quem não pareceriam verdadeiros? Que difícil resolvermo-nos a duvidar da lealdade de quem amamos! Sei muito bem que te serves de qualquer desculpa, mas, mesmo sem pensares em dar-ma, o meu amor é tão fiel que só consente em culpar-te para ser maior o prazer em te justificar.

Atormentaste-me com a tua insistência, transtornaste-me com o teu ardor, encantaste-me com a tua delicadeza, confiei nas tuas juras, seduziu-me a minha inclinação violenta, e o que se seguiu a tão agradável e feliz começo não são mais que suspiros, lágrimas e uma tristíssima morte que julgo sem remédio. E certo que tive, ao amar-te, alegrias surpreendentes, mas custam-me agora os maiores tormentos: são extremas todas as emoções que me causas. Se tivesse resistido com afinco ao teu amor, se te houvesse dados motivos de desgosto ou de ciúme para mais te prender, se tivesses notado em mim qualquer intencional reserva, se, enfim, tivesse tentado opor (embora, sem duvida, fossem inúteis tais esforços) a razão à natural inclinação que tenho por ti, e que cedo me fizeste notar, poderias então punir-me severamente e servires-te do teu domínio sobre mim; porém antes de dizeres que me querias já eu te julgava digno de amor, manifestaste-me a tua paixão, fiquei deslumbrada, e abandonei-me a ti perdidamente.

Tu não estavas cego como eu, porque me deixaste então chegar ao estado a que cheguei? Que querias dum desvario que não podia senão importunar-te? Se sabias que não ficavas em Portugal, porque me escolheste a mim para tornares tão desgraçada? Terias, certamente encontrado neste país uma mulher mais bonita com quem tivesses os mesmos prazeres, pois só os de natureza grosseira procuravas; que te amasse fielmente enquanto aqui estivesses; que se resignasse, com o tempo, à tua ausência, e a quem poderias abandonar sem perfídia e crueldade. O teu procedimento é mais de um tirano empenhado em perseguir, que de um amante preocupado apenas em agradar. Ai!, porque tratas tão mal um coração que é teu?

Bem sei que é tão fácil para ti desprenderes-te de mim como para mim o foi prender-me a ti. Eu teria resistido a razões bem mais poderosas do que as que te levaram a partir, sem precisar de invocar o meu amor por ti, nem me passar pela cabeça que fazia fosse o que fosse de extraordinário: todas elas me pareceriam insignificantes e nunca nenhuma poderia arrancar-me de ao pé de ti. Mas tu quiseste aproveitar os pretextos que encontraste para regressar a França. Um navio partia - porque não o deixaste partir? Tua família havia-te escrito - não sabias quanto a minha me tem perseguido? Razões de honra levavam-te a abandonar-me - fiz eu algum caso da minha? Tinhas obrigação de servir o teu Rei - mas, se é verdade o que dizem dele, não necessitava dos teus serviços e ter-te-ia dispensado.

Que felicidade a minha, se tivéssemos passado a vida juntos! Mas, se era forçoso que uma cruel ausência nos separasse, creio que devo estar satisfeita por não ter sido infiel, e por nada do mundo quereria ter cometido acção tão indigna. Como pudeste, conhecendo o meu coração e a minha ternura até ao fundo, decidir-te a deixar-me para sempre, e a expor-me ao tormento de que só venhas a lembrar te de mim quando me sacrificas a nova paixão?

Bem sei que te amo perdidamente; no entanto, não lamento a violência dos impulsos do meu coração; habituei-me à sua tirania, e já não poderia viver sem este prazer que vou descobrindo: amar-te entre tanta mágoa. O que me desgosta e atormenta é o ódio e a aversão que ganhei a tudo. A família, os amigos e este convento são-me insuportáveis. Tudo o que seja obrigada a ver, tudo o que inadiavelmente tenha de fazer, me é odioso. Tão ciosa sou da minha paixão que julgo dizerem-te respeito todas as minhas acções e todas as minhas obrigações. Sim, tenho escrúpulo de não serem para ti todos os momentos da minha vida. Ai!, que seria de mim sem tanto ódio e tanto amor a encher-me o coração? Conseguiria eu sobreviver ao que obsessivamente me preocupa para levar uma existência tranquila e sem cuidados? Tal vazio e tal insensibilidade não me convêm.

Toda a gente se apercebeu da completa mudança do meu carácter, dos meus modos, do meu ser. Minha mãe falou-me nisto, primeiro com azedume, depois com certa brandura. Nem sei que lhe respondi; parece-me que lhe confessei tudo. Até as freiras mais austeras têm dó do estado em que me encontro, que lhes merece alguma simpatia, e até cuidado. Todos se comovem com o meu amor, só tu ficas profundamente indiferente, escrevendo-me apenas frias cartas, cheias de repetições, metade do papel em branco, dando grosseiramente a entender que estavas morto por acabá-las.

Dona Brites insistiu, nestes últimos dias, para que saísse do meu quarto; julgando distrair-me, levou-me a passear até ao balcão de onde se avista Mértola. Segui-a, mas fui logo ferida por tão atroz lembrança que passei o resto do dia lavada em lágrimas. Trouxe-me outra vez para o meu quarto, atirei-me para cima da cama, e ali fiquei a reflectir na pouca esperança que tenho de vir um dia a curar me. Tudo o que fazem para me confortar agrava o meu sofrimento, e nos próprios remédios encontro novas razões de aflição. Muitas vezes dali te vi passar com um ar que me deslumbrava; estava naquele balcão no dia fatal em que senti os primeiros sinais da minha desgraçada paixão. Pareceu-me que pretendias agradar-me, embora não me conhecesses; convenci-me de que me havias distinguido entre todas aquelas que estavam comigo; quando paravas imaginava que o fazias intencionalmente para que melhor te visse, e admirasse o garbo e a destreza com que dominavas o cavalo; dava comigo assustada, quando o levavas por sítios perigosos; enfim, interessava-me secretamente por todas as tuas acções, sentia já que não eras de modo nenhum indiferente, e reclamava para mim tudo quanto fazias. Conheces de sobra o que se seguiu a tal começo; e, embora não tenha obrigação de te poupar, não devo falar-te nisso, com receio de te tornar ainda mais culpado, se possível, do que já és, e ter de me acusar por tantos e inúteis esforços que te obrigassem a ser-me fiel. Nunca o serás! Se não conseguir vencer a tua ingratidão à força de amor e renúncia, como haveria de consegui-lo com cartas e queixumes?

Estou mais que convencida do meu infortúnio; a injustiça do teu procedimento não me deixa a menor dúvida, e tudo devo recear, já que me abandonaste.

Serei só eu a sentir o teu encanto? Nenhuns outros olhos darão por ele? Creio que me não seria desagradável se, de algum modo, os sentimentos de outras justificassem os meus, e gostaria que todas as mulheres de França te achassem encantador, mas que nenhuma te amasse e nenhuma te agradasse. Este desejo é inconcebível e ridículo; sei por experiência que és incapaz de fidelidade e não precisas de ajuda para me esqueceres, nem a isso seres levado por nova paixão. Desejaria eu que tivesses um motivo razoável? Seria mais desgraçada, é certo, mas não serias tão culpado.

Vejo que ficarás em França sem grande prazer, e com inteira liberdade. Será a fadiga de tão longa viagem, qualquer pequena conveniência, ou o receio de não corresponderes à minha exaltação que aí te retêm? De mim, nada receies! Bastar-me-ia ver-te de vez em quando e saber apenas que estávamos no mesmo lugar. E talvez me iluda; sei lá se não serás mais sensível à crueldade e à frieza de outra mulher do que foste à minha generosidade. Será possível que gostes de quem te faça mal? Mas antes de te enleares numa grande paixão, reflecte bem no horror do meu sofrimento, na incerteza dos meus planos, na contradição dos meus impulsos, na extravagância das minhas cartas, na minha confiança, e aflição, e desejos, e ciúmes. Ah, serás um desgraçado! Suplico-te que tires ao menos proveito do estado em que me encontro, e que assim o meu sofrimento não seja inútil.

Haverá cinco ou seis meses, fizeste-me uma confidência bem desagradável: confessaste-me, com a maior franqueza, teres amado uma mulher na tua terra; se é ela que te impede de regressar, manda-mo dizer sem rodeios, para que eu deixe de me consumir. Um resto de esperança tem-me ainda de pé, mas, se a não puder sustentar, prefiro perdê-la por completo e perder-me também. Envia-me o retrato dela e alguma das suas cartas e conta-me tudo quanto te diz. Talvez encontre nisso razões para me consolar, ou afligir ainda mais. Neste estado é que não posso permanecer, e qualquer mudança me será favorável. Gostaria também de ter o retrato do teu irmão e da tua cunhada. Tudo o que te diz respeito me enternece, a minha dedicação ao que te pertence é completa; só o que a mim se refere não me preocupa. Às vezes parece-me que até me sujeitaria a servir aquela que amas. O tormento que me causas e o teu desprezo abalaram-me de tal modo, que nem sequer ouso pensar que pudesse vir a ter ciúmes de ti, com receio de te desagradar; e creio ter feito o pior que podia fazer ao atrever-me a censurar-te. Também estou convencida de que não devia impor-te desvairadamente como faço, por vezes, um sentimento que não aprovas.

Há já muito tempo que um oficial espera esta carta. Tencionava escrevê-la de forma a não te aborrecer, mas é tão incoerente que será melhor acabá-la. Ai, não está em mim poder fazê-lo! Quando te escrevo é como se falasse contigo e estivesses, de algum modo, mais perto de mim. A próxima não será tão longa nem tão importuna; podes abri-la e lê-la, confiado na minha promessa. Na verdade não devo falar-te de uma paixão que te desagrada, e não voltarei a falar nela.

Vai fazer um ano, faltam só alguns dias, que me entreguei inteiramente a ti. A tua paixão parecia-me tão sincera e ardente, que não poderia imaginar sequer que a minha te viesse a aborrecer, a ponto de te obrigar a fazer quinhentas léguas, e a expores-te a naufrágios, para te afastares de mim. Não esperava ser tratada assim por ninguém: devias lembrar-te do meu pudor, da minha confusão, da minha vergonha, mas tu não te lembras de nada que possa levar-te contra vontade a amar-me.

O oficial que há-de levar esta carta previne-me, pela quarta vez, que quer partir. Como ele tem pressa! Abandona, com certeza, alguma desgraçada neste pais. Adeus. Custa-me mais acabar esta carta d que te custou a ti deixa-me, talvez para sempre. Adeus. Não me atrevo sequer a chamar-te meu amor, nem a abandonar-me completamente a tudo o que sinto. Quero-te mil vezes mais que à minha vida e mil vezes mais do que imagino. Ah, corno eu te amo, e como tu és cruel! Nunca me escreves; não consigo) deixar de te dizer ainda isto. Recomeço, e oficial partirá. Se partir, que importa? Escrevo mais para mim do que para ti; não procuro senão alívio. O tamanho desta carta vai assustar-te: não a lerás. Que fiz eu para ser tão desgraçada? Porque envenenaste a minha vida? Porque não nasci noutro país? Adeus. Perdoa-me. Já não ouso pedir-te que me queiras. Vê ao que me reduziu o meu destino. Adeus.

4 de junho de 2017

Semana do Amor - 5 Cartas de Amor, em 5 dias - Cartas Portuguesas, Soror Mariana Alcoforado 3 de 5



TERCEIRA CARTA

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Que há-de ser de mim? Que queres tu que eu faça? Estou tão longe de tudo quanto imaginei! Esperava que me escrevesses de toda a parte por onde passasses e que as tuas cartas fossem longas; que alimentasses a minha paixão com a esperança de voltar a ver-te; que uma inteira confiança na tua fidelidade me desse algum sossego, e ficasse, apesar de tudo, num estado suportável, sem excessivo sofrimento. Tinha até formado uns vagos projectos de fazer todos os esforços que pudesse para me curar, se tivesse a certeza de me haveres esquecido por completo. A tua ausência, alguns impulsos de devoção, o receio de arruinar inteiramente o que me resta de saúde com tanta vigília e tanta aflição, as poucas possibilidades do teu regresso, a frieza dos teus sentimentos e da tua despedida, a tua partida justificada com falsos pretextos, e tantas outras razões, tão boas como inúteis, prometiam ser-me ajuda suficiente, se viesse a precisar dela. Não sendo, afinal, senão eu própria o meu inimigo, não podia suspeitar de toda a minha fraqueza, nem prever todo o sofrimento de agora.

Ai, como sou digna de piedade por não partilhar contigo as minhas mágoas, e ser só minha a desventura! Esta ideia mata-me, e morro de terror ao) pensar que nunca te houvesses entregado completamente aos nossos prazeres. Sim, reconheço agora a falsidade do teu arrebatamento. Enganaste-me sempre que falaste do encantamento que sentias quando eslavas a sós comigo. Unicamente à minha insistência devo os teus cuidados e a tua ternura. Intentaste desvairar-me a sangue-frio; nunca olhaste a minha paixão senão como um troféu, o teu coração não foi verdadeiramente atingido por ela. Serás tão infeliz, e terás tão pouca delicadeza, que só para isso te servisse o meu ardor? E como é possível que, com tanto amor, não te houvesse feito inteiramente feliz? Tenho pena, por amor de ti apenas, dos infinitos prazeres que perdeste. Será possível que não te tenham interessado? Ah, se os conhecesses, perceberias, sem dúvida, que são mais delicados do que o de me haveres seduzido, e terias compreendido que é bem mais comovente, e bem melhor, amar violentamente que ser amado.

Não sei o que sou, nem o que faço, nem o que quero; estou despedaçada por mil sentimentos contrários. Pode imaginar-se estado mais deplorável? Amo-te de tal maneira que nem ouso sequer desejar que venhas a ser perturbado por igual arrebatamento. Matar-me-ia ou, se o não fizesse, morreria desesperada, se viesse a ter a certeza que nunca mais tinhas descanso, que tudo te era odioso, e a tua vida não era mais que perturbação, desespero e pranto. Se não consigo já suportar o meu próprio mal, como poderia ainda com o teu, a que sou mil vezes mais sensível? Contudo, não me resolvo a desejar que não penses em mim; e confesso ter ciúmes terríveis de tudo o que em França te dá gosto e alegria, e impressiona o teu coração.

Não sei porque te escrevo: terás, quando muito, piedade de mim, e eu não quero a tua piedade. Contra mim própria me indigno, quando penso em tudo o que te sacrifiquei: perdi a reputação, expus-me à cólera de minha família, expus-me à cólera de minha família, a severidade das leis deste país para com as freiras, e à tua ingratidão, que me parece o maior de todos os males. Apesar disso, creio que os meus remorsos não são verdadeiros; do fundo do meu coração queria ter corrido ainda perigos maiores pelo teu amor, e sinto um prazer fatal por ter arriscado a vida e a honra por ti. Não deveria oferecer-te o que tenho de mais precioso? E não devo sentir-me satisfeita por ter feito o que fiz? O que me não satisfaz, pelo menos assim me parece, é o sofrimento e o desvario deste amor, embora não possa, pobre de mim!, iludir-me a ponto de estar contente contigo. Vivo - que infidelidade! - e faço tanto por conservar a vida como por perdê-la! Morro de vergonha! Então o meu desespero está só nas minhas cartas? Se te amasse tanto como já mil vezes te disse, não teria morrido há muito tempo? Enganei-te, és tu que deves queixar-te de mim. Ah, porque não te queixas? Vi-te partir, não tenho esperança de te ver regressar e no entanto respiro. Atraiçoei-te; peço-te perdão. Mas não, não me perdoes! Trata—me com dureza. Que a violência dos meus sentimentos te não baste! Sê mais exigente!

Ordena-me que morra de amor por ti! Suplico-te que me ajudes a vencer a fraqueza própria de uma mulher, e que toda a minha indecisão acabe em puro desespero. Um fim trágico obrigar-te-ia, sem dúvida, a pensar mais em mim; talvez fosses sensível a uma morte extraordinária, e a minha memória seria amada. Não é isso preferível ao estado a que me reduziste?

Adeus. Era melhor nunca te ter visto. Ah, sinto até ao fundo a mentira deste pensamento e reconheço, no momento em que escrevo, que prefiro ser desgraçada amando-te do que nunca te haver conhecido. Aceito, assim, sem uma queixa, a minha má fortuna, pois não a quiseste tornar melhor. Adeus: promete-me que terás saudades minhas se vier a morrer de tristeza; e oxalá o desvario desta paixão consiga afastar-te de tudo. Tal consolação me bastará, e se é forçoso abandonar-te para sempre, queria ao menos não te deixar a nenhuma outra. E serias tão cruel que te servisses do meu desespero para te tornares mais sedutor, e te gabares de ter despertado a maior paixão do mundo? Adeus, mais urna vez. Escrevo-te cartas tão longas! Não tenho cuidado contigo! Peço-te que me perdoes, e espero que terás ainda alguma indulgência com uma pobre insensata, que o não era, como sabes, antes de te amar. Adeus; parece-me que te falo de mais do estado insuportável em que me encontro; mas agradeço-te, com toda a minha alma, o desespero que me causas, e odeio a tranquilidade em que vivi antes de te conhecer Adeus. O meu amor aumenta a cada momento. Ah, quanto me fica ainda por dizer..

3 de junho de 2017

Semana do Amor - 5 Cartas de Amor, em 5 dias - Cartas Portuguesas, Soror Mariana Alcoforado 2 de 5



SEGUNDA CARTA

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Creio que faço ao meu coração a maior das afrontas aos procurar dar-te conta, por escrito, dos meus sentimentos. Seria tão feliz se os pudesse avaliar pela violência dos teus! Mas não posso confiar em ti, nem posso deixar de te dizer, embora sem a força com que o sinto, que não devias maltratar-me assim, com um esquecimento que me desvaira e chega a ser uma vergonha para ti. É justo que suportes, ao menos, as queixas de desgraças que previ ao ver-te decidido a deixar-me. Reconheço que me enganei, ao pensar que procederias com mais lealdade dos que é costume: o excessos do meu amor parece que devia pôr-me acima de quaisquer suspeitas e merecer uma fidelidade que não é vulgar encontrar-se. Mas a tua disposição para me atraiçoar triunfou, afinal, sobre a justiça que devias a tudo quanto fiz por ti. Não deixaria de ser infeliz se soubesse que só ao meu amor ganharas amor, pois tudo quisera dever unicamente à tua inclinação por mim; mas estou tão longe de tal estado que já lá vão seis meses sem receber uma única carta tua. Só à cegueira com que me abandonei a ti posso atribuir tanta desgraça: não tinha obrigação de prever que as minhas alegrias acabariam antes do meu amor? Como poderia esperar que ficasses para sempre em Portugal, renunciasses à tua carreira e ao teu país para não pensares senão em mim? Nenhum alívio há para o meu mal, e se me lembro das minhas alegrias maior é ainda o meu desespero. Terá sido então inútil todo o meu desejo, e não voltarei a ver-te no meu quarto com o ardor e arrebatamento que me mostravas?Ai, que ilusão a minha! Demasiado sei eu que todas as emoções, que em mim se apoderavam da cabeça e do coração, eram em ti despertadas unicamente por certos prazeres e, comos eles, depressa se extinguiam. Precisava, nesses deliciosos instantes, chamar a razão em meu auxílio para moderar o funesto excesso da minha felicidade e me levar a pressentir tudo quanto sofro presentemente. Mas de tal modo me entregava a ti, que era impossível pensar no que pudesse vir envenenar a minha alegria e impedir de me abandonar inteiramente às provas ardentes da tua paixão. Ao teu lado era demasiado feliz para poder imaginar que um dia te encontrarias longe de mim. E, contudo, lembro-me de te haver dito algumas vezes que farias de mim uma desgraçada; mas tais temores depressa se desvaneciam, e com alegria tos sacrificava para me entregar ao encanto, e à falsidade!, dos teus juramentos. Sei bem qual é o remédio para o meu mal, e depressa me livraria dele se deixasse de te amar. Ai, mas que remédio... Não; prefiro sofrer ainda mais do que esquecer-te. E depende isso de mim? Não posso censurar-me ter desejado um só instante deixar de te querer. És tu mais digno de piedade do que eu, pois vale mais sofrer corno sofro do que ter os fáceis prazeres que te hão-de dar em França as tuas amantes. Em nada invejo a tua indiferença: fazes-me pena. Desafio-te a que me esqueças completamente. Orgulho-me de te haver posto em estado de já não teres, sem mim, senão prazeres imperfeitos; e sou mais feliz que tu, porque tenho mais em que me ocupar.

Nomearam-me há pouco tempo porteira deste convento. Todos os que falam comigo crêem que estou doida, não sei que lhes respondo, e é preciso que as freiras sejam tão insensatas como eu para me julgarem capaz seja do que for. Ah, como eu invejo a sorte do Manuel e do Francisco! Porque não estou eu sempre ao pé de ti, como eles? Teria ido contigo e servir-te-ia certamente com mais dedicação.

Nada desejo no mundo senão ver-te. Lembra-te ao menos de mim. Bastar-me-ia que me lembrasses, mas eu nem disso tenho a certeza. Quando te via todos os dias não cingia as minhas esperanças à tua lembrança mas tens-me ensinado a submeter-me a tudo quanto te apetece.

Apesar disso, não estou arrependida de te haver adorado. Ainda bem que me seduziste. A crueldade da tua ausência, talvez eterna, em nada diminuiu a exaltação do meu amor Quero que toda a gente o saiba, não faço disso nenhum segredo; estou encantada por ter feito tudo quanto fiz por ti, contra toda a espécie de conveniências. E já que comecei, a minha honra e a minha religião hão-de consistir só em amar-te perdidamente toda a vida.

Não te digo estas coisas para te obrigar a escrever-me. Ah, nada faças contrafeito! De ti só quero o que te vier do coração, e recuso todas as provas de amor que tu próprio te possas dispensar. Com prazer te desculparei, se te for agradável não te dares ao trabalho de me escrever; sinto uma profunda disposição para te perdoar seja o que for.

Um oficial francês, caridosamente, falou-me de ti esta manhã durante mais de três horas. Disse-me que em França fora feita a paz. Se assim é, não poderias vir ver-me e levar-me para França contigo? Mas não o mereço. Faz o que quiseres: o meu amor já não depende da maneira como tu me tratares.

Desde que partiste nunca mais tive saúde, e todo o meu prazer consiste em repetir o teu nome mil vezes ao dia. Algumas freiras, que conhecem o estado deplorável a que me reduziste, falam-me de ti com frequência. Saio o menos possível deste quarto onde vieste tanta vez, e passo o tempo a olhar o teu retrato, que amo mil vezes mais que à minha vida. Sinto prazer em olhá-lo, mas também me faz sofrer, sobretudo quando penso que talvez nunca mais te veja. Por que fatalidade não hei-de voltar a ver-te? Ter-me-ás deixado para sempre? Estou desesperada, a tua pobre Mariana já não pode mais: desfalece ao terminar esta carta. Adeus, adeus, tem pena de mim!

2 de junho de 2017

Semana do Amor - 5 Cartas de Amor, em 5 dias - Cartas Portuguesas, Soror Mariana Alcoforado 1 de 5


PRIMEIRA CARTA

fonte: http://arlindo-correia.com/101205.html

Considera, meu amor, a que ponto chegou a tua imprevidência. Desgraçado!, foste enganado e enganaste-me com falsas esperanças. Uma paixão de que esperaste tanto prazer não é agora mais que desespero mortal, só comparável à crueldade da ausência que o causa. Há-de então este afastamento, para o qual a minha dor, por mais subtil que seja, não encontrou nome bastante lamentável, privar-me para sempre de me debruçar nuns olhos onde já vi tanto amor, que despertavam em mim emoções que me enchiam de alegria, que bastavam para meu contentamento e valiam, enfim, tudo quanto há? Ai!, os meus estão privados da única luz que os alumiava, só lágrimas lhes restam, e chorar é o único uso que faço deles, desde que soube que te havias decidido a um afastamento tão insuportável que me matará em pouco tempo.

Parece-me, no entanto, que até ao sofrimento, de que és a única causa, já vou tendo afeição. Mal te vi a minha vida foi tua, e chego a ter prazer em sacrificar-ta. Mil vezes ao dia os meus suspiros vão ao teu encontro, procuram-te por toda a parte e, em troca de tanto desassossego, só me trazem sinais da minha má fortuna, que cruelmente não me consente qualquer engano e me diz a todo o momento: Cessa, pobre Mariana, cessa de te mortificar em vão, e de procurar um amante que não voltarás a ver, que atravessou mares para te fugir, que está em França rodeado de prazeres, que não pensa um só instante nas tuas mágoas, que dispensa todo este arrebatamento e nem sequer sabe agradecer-to. Mas não, não me resolvo, a pensar tão mal de ti e estou por demais empenhada em te justificar. Nem quero imaginar que me esqueceste. Não sou já bem desgraçada sem o tormento de falsas suspeitas? E porque hei-de eu procurar esquecer todo o desvelo com que me manifestavas o teu amor? Tão deslumbrada fiquei com os teus cuidados, que bem ingrata seria se não te quisesse com desvario igual ao que me levava a minha paixão, quando me davas provas da tua.

Como é possível que a lembrança de momentos tão belos se tenha tornado tão cruel? E que, contra a sua natureza, sirva agora só para me torturar o coração? Ai!, a tua última carta reduziu-o a um estado bem singular: bateu de tal forma que parecia querer fugir-me para te ir procurar. Fiquei tão prostrada de comoção que durante mais de três horas todos os meus sentidos me abandonaram: recusava uma vida que tenho de perder por ti, já que para ti a não posso guardar. Enfim, voltei, contra vontade, a ver a luz: agradava-me sentir que morria de amor, e, além do mais, era um alívio não voltar a ser posta em frente do meu coração despedaçado pela dor da tua ausência.

Depois deste acidente tenho padecido muito, mas como poderei deixar de sofrer enquanto não te vir? Suporto contudo o meu mal sem me queixar, porque me vem de ti. É então isto que me dás em troca de tanto amor? Mas não importa, estou resolvida a adorar-te toda a vida e a não ver seja quem for, e asseguro-te que seria melhor para ti não amares mais ninguém. Poderias contentar te com uma paixão menos ardente que a minha? Talvez encontrasses mais beleza (houve um tempo, no entanto, em que me dizias que eu era muito bonita), mas não encontrarias nunca tanto amor, e tudo o mais não é nada.

Não enchas as tuas cartas de coisas inúteis, nem me voltes a pedir que me lembre de ti. Eu não te posso esquecer, e não esqueço também a esperança que me deste de vires passar algum tempo comigo. Ai!, porque não queres passar a vida inteira ao pé de mim? Se me fosse possível sair deste malfadado convento, não esperaria em Portugal pelo cumprimento da tua promessa: iria eu, sem guardar nenhuma conveniência, procurar-te, e seguir te, e amar-te em toda a parte. Não me atrevo a acreditar que isso possa acontecer; tal esperança por certo me daria algum consolo, mas não quero alimentá-la, pois só à minha dor me devo entregar. Porém, quando meu irmão me permitiu que te escrevesse, confesso que surpreendi em mim um alvoroço de alegria, que suspendeu por momentos o desespero em que vivo. Suplico-te que me digas porque teimaste em me desvairar assim, sabendo, como sabias, que terminavas por me abandonar? Porque te empenhaste tanto em me desgraçar? Porque não me deixaste em sossego no meu convento? Em que é que te ofendi? Mas perdoa-me; não te culpo de nada. Não me encontro em estado de pensar em vingança, e acuso somente o rigor do meu destino. Ao separar-nos, julgo que nos fez o mais temível dos males, embora não possa afastar o meu coração do teu; o amor, bem mais forte, uniu-os para toda a vida. E tu, se tens algum interesse por mim, escreve-me amiúde. Bem mereço o cuidado de me falares do teu coração e da tua vida; e sobretudo vem ver-me.

Adeus. Não posso separar-me deste papel que irá ter às tuas mãos. Quem me dera a mesma sorte! Ai, que loucura a minha! Sei bem que isso não é possível! Adeus; não posso mais. Adeus. Ama-me sempre, e faz-me sofrer mais ainda.


31 de maio de 2017

Amor por inteiro

Amar alguém é uma tarefa que exige muita coragem. Se você pretende fazê-lo faça por inteiro. Ninguém quer seus pedaços, nem você mesmo. Doe o que é inteiro. Seja inteiramente de alguém. A saudade é fruto do que vai se esquecer, o apego é o fruto que você colheu. Ame por inteiro. Não aceite alguém pela metade. Se esse alguém não quiser repartir, é por que nunca lhe pertenceu. Existem duas dores relativas ao amor, a dor da antecipação, que é a dor das inseguranças, do não saber se é amado, e a dor da perda. As duas exigem coragem. Se o amor bater na sua porta pedindo um abrigo, não lhe negue (se) também uma xícara de café. Se ele te amar vai correr atrás de você. Se ela te amar vai atender sua ligação. Diga ao homem dos seus sonhos que ele tem um sorriso lindo, que admira o quanto ele é inteligente, que o ama por que ele é um bom homem. Diga a mulher da sua vida que ela emagreceu, repare no cabelo dela, diga que ela está cheirosa. JTem coisas pequenas que fazem com que nós nos arrependamos uma vida inteira. Viva sem arrependimentos. Não (nunca, jamais) esfregue sua felicidade na face dos outros. Existem duas coisas sobre a felicidade no amor, a primeira delas é ser o primeiro a calar, a segunda é saber quando dizer. Palavras podem magoar e causar separações. Ninguém é obrigado a lidar com seus problemas, se alguém o fizer, case- se com essa pessoa. Se alguém apenas te enxergar como um conto de fadas, não é amor, é só uma coisa legal. Se alguém enxergar somente seus defeitos, não é amor, é só um sonho ruim (pronto, já passou). Amor é quando apenas te enxergam por inteiro. Não tem mistério. Amar alguém é uma tarefa de muita coragem. Coragem é o medo revestido, não é feio ter coragem, arriscar mandar flores praquela garota que você achou linda, sorrir pro cara que você está paquerando, mandar uma mensagem pro cara de sorriso "para o trânsito", ter coragem de se declarar pra sua melhor amiga. Quero acreditar que escrevo pra homens e mulheres que tem um sonho. Que desejam ser o sonho de alguém. Que ainda desejam andar pelo corredor de uma igreja e ver no altar alguém esperando. Ou ao contrário, querem estar no altar e ver alguém indo ao seu encontro. Por isso, não chore se ainda não encontrou o velho clichê chamado verdadeiro amor, ele existe e está em algum lugar. As vezes, admirando a noite estrelada, assim como você, tecendo uma pequena prece interior, fazendo pedidos pra estrelas cadentes. E quando o amor chegar , tudo será exatamente igual você sonhou, só que nunca percebeu.

31 de março de 2017

Querida dona de casa


Não é proibido surtar. E vai por mim, você vai surtar ao menos uma vez no mês. E não, não terá nada a ver com a TPM, terá a ver com o comportamento do seu conjugue diante do trabalho doméstico. As vezes eu não sei se o meu marido compreende completamente que eu trabalho em casa, por mais que eu saiba que ele compreende bem as coisas e me ajuda muito nas tarefas, eu não sei se ele entende que ser "dona de casa", é ser dona da bagunça que precisa ser arrumada e que não é todo dia que eu acordo disposta a arrumar a bagunça que precisa ser arrumada. As vezes eu preferia estar retornando ao meu trabalho fora de casa, porém, "médicamente", "saúdemente", eu ainda não estou pronta. O trabalho fora de casa, exigiria mais horas trabalhando, com um período de descanso que eu necessito, muito pequeno. Trabalhando em casa, (cozinhando, aspirando o chão, tirando poeira, fazendo comida, pondo roupa pra lavar e estendendo), eu posso me sentar a descansar o quanto eu necessito, entre uma tarefa e outra. No entando, nem o descanso de meia hora entre tarefas, me isenta de entrar no surto, quando eu olho pro banheiro molhado, ou pra bolsa do futebol jogada na porta de entrada. É por isso, "Querida dona de casa", que eu estou digitando estas linhas, pra dizer que você pode surtar e que se for surtar, compre-se um mimo, saia pra tomar um café, não desconte nos membros da casa, a não ser que eles não lhe ajudem. Faça suas regras, aqui em casa a cozinha fecha de sexta de noite á domingo de noite, só reabrindo na segunda, o máximo que eu faço na minha cozinha no fim de semana é café, a roupa é lavada toda segunda, aspirador toda quarta, feira na terça, etc. Eu arrumo a casa toda na quinta ou sexta feira, e o fim de semana é a minha folga. Quem tem mania de limpeza, como eu, vai manter a limpeza da casa durante a semana, pra faxina não ser tão extensa, e claro, pro surto, não matar ninguém. Então, "querida dona de casa", surto haverá, mau humor haverá, mas faça as suas regras, aqui o marido tem futebol, ele tem 2 cestos de roupa só dele, pra colocar o uniforme sujo, e o outro pra guardar os limpos, os homens são diferentes de nós, eles precisam (se a mãe deles não ensinou), de aulas bem explicadas de como as coisas são feitas, porque se não eles sempre vão achar que elas se fazem automáticamente, e não é assim, nós mulheres batalhamos pra manter a ordem da casa. Enfim, "Queridas donas de casa", aprendem isso: cozinhar, lavar, limpar, é do interesse da família toda. É isso que eu consiedero ser a rainha do lar, envolver toda a família na manutenção de tudo. Direitos iguais, surtos iguais, amor imenso.

Até a próxima, "Querida dona de casa"! (porque farei mais textos com a frase: "Não é proibido surtar")

29 de março de 2017

Procura-se Colunistas Colaboradores para o Blog




Estou procurando COLUNISTAS COLABORADORES para o Serena- West (Blog)!!! Você escreve textos sobre assuntos variados? Sobre um assunto só? Você não escreve mas conhece alguém que escreve? Essa é uma boa oportunidade!!! Caso você se interesse, estou recrutando colunistas pra diversos assuntos, entre em contato comigo pelo meu e-mail:

julianeschimel@gmail.com  


P.s.: Não remunerado. 

18 de fevereiro de 2017

O dia em que a barata me desafiou




Acho que eu nunca conheci uma barata tão determinada a passar pelo meio da minha sala me apavorando. Já era mais de 20h, eu estava comendo uma batata recheada gigante, quando ela apareceu no chão, saindo debaixo do meu sofá.

"- Ei ei ei ei sua filha da mãe, que isso!!!"

Eu disse pra ela que vinha na minha direção. Ela não desistiu. Eu peguei meu chinelo, um havaianas slim, que não foi feito pra matar barata, e bati no chão, assustando a louca pra debaixo do sofá de novo.

"- E agora? O que essa barata quer? Como eu vou matar isso?"

Não era meia barata, era uma barata inteira adulta e na melhor forma que uma barata poderia estar, eu juro que por um momento achei ela bem malhada. Fiquei na dúvida se ela era "ele", ou "ela". E eu fiquei olhando o chão, por onde ela saiu, insegura, pé pra cima, achando que a etiqueta da minha camisa roçando no meu pescoço (toda hora), era a maldita barata. O que eu fiz? A primeira coisa que qualquer mulher faria, eu fui contar pra outras mulheres (da minha família).

Segue o diálogo na integra:

"17/02/2017 22:04:35: Juliane Schimel: Tem uma barata na minha sala e eh daquelas grandes!
17/02/2017 22:04:44: Juliane Schimel: Como eu procedo?
17/02/2017 22:05:13: Ciça: Pisa e mata
17/02/2017 22:05:34: Juliane Schimel: Vc pisa nelas, machona? Hahahha
17/02/2017 22:06:15: Ciça: Haha eu tenho nojo mas mato na vassoura
17/02/2017 22:06:35: Juliane Schimel: Aaaaaaaah e ta me mandando pisar... Hahahahah que feio
17/02/2017 22:06:42: Nina: Eu saio correndo e chamo os homens da casa.kk
17/02/2017 22:07:30: Ciça: O Dan tá ai? Mando ele pisar
17/02/2017 22:08:07: Juliane Schimel: Ele não ta
17/02/2017 22:09:19: Nina: Deixa ela ir embora
17/02/2017 22:09:34: Juliane Schimel: Ela foi perto do cachorro, o q ele fez? Xixi, pra marcar o território
17/02/2017 22:09:44: Nina: Kk
17/02/2017 22:16:15: Gladis: Eu piso bem forte.
17/02/2017 22:16:44: Gladis: Escuto até estalar
17/02/2017 22:17:57: Juliane Schimel: Meu estomago eh sensível
17/02/2017 22:20:48: Gladis: Qual a missão de uma barata na vida?
17/02/2017 22:47:55: Juliane Schimel: Espantei ela com bom ar
17/02/2017 22:48:00: Juliane Schimel: Que cúmulo
17/02/2017 22:48:25: Juliane Schimel: To aqui olhando pq ela foi pra trás de um armário
17/02/2017 23:04:08: Ana Lídia: Barata 12x0 Juliane rsrs"

Sim, totalmente humilhante. Minha própria tia me mandando pisar, quando nem ela pisa! Humilhante. Eu esperava solidariedade. Como não achei solidariedade nelas, fui atrás do meu noivo, no WhatsApp.
O diálogo foi ruidoso:

"17/02/2017 22:00:34: Juliane Schimel: Desculpa interromper de novo
17/02/2017 22:00:48: Juliane Schimel: A barata gigante ta na sala
17/02/2017 22:07:05: Daniel Accioly: Parada?
17/02/2017 22:10:38: Juliane Schimel: Não não não
17/02/2017 22:11:05: Juliane Schimel: Ela ta tentando vir pra cima de mim
17/02/2017 22:11:15: Juliane Schimel: Ela foi no flap
17/02/2017 22:11:30: Juliane Schimel: O flap mijou pra marcar território
17/02/2017 22:11:42: Juliane Schimel: Na hora q eu preciso q ele seja mau
17/02/2017 22:12:02: Juliane Schimel: Ela ta no seu computador nos fios
17/02/2017 22:12:07: Daniel Accioly: Ta esse caos ai?
17/02/2017 22:12:23: Juliane Schimel: Eu to ilhada no sofá, me respeita
17/02/2017 22:18:53: Daniel Accioly: Quer q eu corra?
17/02/2017 22:21:51: Juliane Schimel: Eh sério?
17/02/2017 22:22:10: Juliane Schimel: Pq q com a sua irmã vc corre?
17/02/2017 22:22:38: Daniel Accioly: Não corro, mas vou
17/02/2017 22:22:52: Juliane Schimel: Faz o seguinte
17/02/2017 22:22:58: Juliane Schimel: Não vem não
17/02/2017 22:23:05: Juliane Schimel: Vai p tijuca
17/02/2017 22:26:31: Daniel Accioly: Fazer o q la?
17/02/2017 22:26:49: Daniel Accioly: To confuso... É pra eu ir ou não?
17/02/2017 22:33:25: Juliane Schimel: Confusa to eu
17/02/2017 22:33:31: Juliane Schimel: Fica ai
17/02/2017 22:33:55: Juliane Schimel: Vai pra tijuca, dorme lá
17/02/2017 22:34:31: Daniel Accioly: Vc não me.quer em casa? :(
17/02/2017 23:14:52: Daniel Accioly: To indo prai!
17/02/2017 23:20:19: Daniel Accioly: Jaja te salvo da barata!
17/02/2017 23:20:36: Daniel Accioly: Tocum fome! Tem a batatona ai, ne?"

Eu disse que tinha sido ruidoso, principalmente, porque internamente eu estava acusando ele de fazer bagunça pra atrair baratas. Nesse ponto eu fiquei furiosa mesmo. Mas fiz do sofá a minha base de operações, o meu bunker, por horas. Já que nem meu cachorro estava achando a barata um problema! Agora, engraçado, que quando ele quer, ele late até pro vento! Mas não, a barata foi na direção dele, e ele mijou onde ela ia passar, marcou o território, a barata era tão grande, que ele achou que era outro cão... Ou cadela, já que ele briga com outros cães machos... E ele não brigou com a barata...
Enfim, no meu arsenal, eu só tinha as havaianas slim, almofadas e bom ar. E a barata, me zuou muito, parece que ela queria brincar de olé comigo. Mas teve uma hora que ela foi até a janela da sala, pelo chão, virou pra mim, me encarou, aquele era o momento do confronto, eu senti no meu âmago. Eu me posicionei no sofá, com o bom ar na mão e gritei:

"- Vem, vem, vem, vem se tu é valente!"

Ela não recuou, ela veio numa linha reta, na minha direção, que eu achei que ela ia virar um transformer e pisar em mim, mas não virou e eu também não fiz muita coisa não, só fiz uma fumaça de meio metro de espessura de bom ar, que deixou ela tonta. O que ela fez? O óbvio, desviou pra cozinha. E você acha que depois disso alguém matou ela? Não, não, não houveram tentativas. Resultado? To pau da minha vida, deitada na cama sem conseguir dormir, achando que qualquer coisa é uma barata, o ar mexendo a cortina do quarto, virou barata, e meu noivo está pau da vida, mas está dormindo.
Que lição eu tiro disso? Claro, um conselho pras baratas.

"Baratas não devem invadir casas, principalmente quando na casa, estiver apenas uma mulher sem solidariedade".

Mas o plus da noite, não foi nem esse, o plus da noite foi ter colocado pra fora, bastante tempo depois, uma lagartixinha pequeninha, que fez o meu noivo pular de medo.

Outra lição que eu tiro disso? Claro, um conselho pra lagartixa e outro pra mim.

"lagartixas não devem entrar em residências onde mulheres solidárias moram, pois elas serão despejadas"

"A mim sobrou a insônia, já que por amor se torna impossível eu tripudiar".

Porque eu podia. Me respeita.  

16 de fevereiro de 2017

Sobre fazer Hot Philadelphia em casa, não faça.



Somos recém casados? Ainda não. Somos noivos? Sim. Estamos pronto pra casar? Certamente. Sabemos brigar sem gritar? Mas é claro, somos civilizados, meu Deus do Céu! Sabemos pedir perdão? ÓBVIO! Eu sei cozinhar? Lindamente. Meu noivo sabe cozinhar? Ele tenta. E um belo dia desses, nós tentamos fazer hot philadelphia. Os ingredientes são claramente caros. Uau! Porém, sempre vale a pena comprar salmão. Compramos meio Kg, lindo, adoro salmão. O Dan ficou responsável por fazer tudo, acho que pesquisamos umas 10 receitas. Qual seguir? Qual não seguir? Usar vinagre de arroz ou Não usar vinagre de arroz?! Eis a questão!? Deixem-me dizer que foi ele, esse lindo, que me ensinou a comer de hashi, tão paciente, tão bondoso, me fez adorar ainda mais essa comidinha japonesa que eu já gostava tanto. Mas fazer são outros 500. Não faremos de novo. Nós sujamos a cozinha e a mesa da sala de estar/jantar, aquele arroz japonês se mal manuseado, pode virar cola! Se a intenção dele fosse servir cru, seria perfeito! Nota 10, ele colocou o arroz na alga, cortou o salmão em tiras, colocou o cream cheese,... mas resolvemos empanar e fritar. Só posso dizer que não ficou nada parecido com o que encomendamos sempre dos nossos delivery's preferidos de sushi. O que posso dizer... ele ficou tão exausto que quando terminou, enfim, ele comeu e dormiu. Nós brigamos? Não, mas ficamos traumatizados e frustrados. Prometemos um ao outro que não iremos mais fazer sushi em casa. Vamos deixar para os profissionais diplomados. O que eu quero dizer, e que não foi tão romântico como comer pronto, vindo de um restaurante. E é isso. Outro dia a gente tenta cozinhar qualquer outra coisa e vou colocar a foto e a receita aqui! O que acham?