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9 de outubro de 2017

A Cabana (Contém Spoliers...)


Como ser impessoal falando de um livro tão inerente a intimidade entre criatura e criador? E se o livro se tratasse apenas de um Deus querendo chamar atenção, por si só já teria sido genial, mas  A Cabana trata-se de um livro no qual o autor compreende que Deus pode ser tudo aquilo que precisamos. É assim que eu caracterizo a sapiência do William P. Young. A Cabana” foi Best-Seller no The New York Times e no Brasil muitas cópias foram vendidas, incontáveis, e muito depois do lançamento, anos depois, esse livro veio parar nas minhas mãos na forma de um presente. Eu confesso a vocês que eu estava no auge do meu ceticismo religioso. Confesso também que aceitei o presente por educação (Ei, minha mãe me deu modos!). E Nesta ocasião cética, em 31 de Maio de 2014, eu voltava pra Petrópolis, após um dia passeando pelo Rio, e já que eu estava no meio do trânsito pra subir a serra, confesso que não pensei duas vezes entre pegar o celular e pegar o livro, e peguei o livro. Quando eu passei do prefácio para o capítulo 1, e quando eu li todo o capítulo 1, horrorizada e chorando, eu me dei conta que eu precisava mergulhar na leitura de "A Cabana", justamente por ter se tornado tão pessoal naquele momentoe ainda hoje algumas frases ficaram bem marcadas em mim. Quanto as características do autor, eu não o conhecia, não sabia que A Cabana era seu primeiro livro publicado (com sucesso em 2007) e também não sabia que ele era formado em religião. O que provavelmente contribuiu pra que ele tivesse uma opinião sobre o divino (mas isso é uma divagação minha, já que ele mesmo não menciona isso). Sobre a leitura, devo-lhes dizer que ele escreve de forma leve, ele conversa com o leitor, de forma simples, sem palavras rebuscadas, sem termos religiosos difíceis de serem compreendidos, e por mais que todas as coisas que ele tenha escrito possam (podem?) ser refutadas por qualquer teólogo, devo dizer que fui cativada sinceramente por cada palavra, desde a minha alma, até o meu intelecto. Nós nunca sabemos que tipo de abismo o nosso próximo escala, e por isso, A Cabana, foi um livro muito importante pra mim. Eu devo alertar a você que ainda não leu, que esse livro vai escolher você, se você deixar, e vai deixar em você uma marca. Na capa externa (do lado de trás) se lê: "Se Deus é tão poderoso, porque não faz nada para amenizar o nosso sofrimento?", essa talvez seja uma das questões mais difíceis da humanidade, e a resposta para o Mack foi:  
"- Mas ainda não entendo por que Missy teve que morrer.  
-Ela não teve Mackenzie. Isso não foi nenhum plano de Papai. Papai nunca precisou do mal para realizar seus bons propósitos."    
Além dessa questão que fica intrínseca em toda leitura, eu digo a você que não é preciso que você traga os seus porquês anotados num papel, o próprio livro trará um por um, todos que precisam de respostas, todos que ficarão pendentes, e trará outros questionamentos que você jamais imaginou possuir. A Cabana não trata da religião (do rito, dos usos e costumes), se você como eu, for até o livro com conceitos pré-formulados e céticos, vai perceber, que o tempo todo, o autor fala de relacionamento. O relacionamento de Mack com sua esposa Nan, o relacionamento de Nan com Deus, o relacionamento de Mack com os filhos, o relacionamento de Mack com Deus e o relacionamento de Deus com o mundo. A Cabana abre uma porta interessante para o pensamento sobre Deus, o pensamento de que Deus é o que é (o Eu Sou), ele é quem você precisa que ele seja desde que você o reconheça, e que isso transcende as aparências e os estereótipos, humanamente falando. Além de Deus personificado como uma "negra enorme" chamada Elousia, o livro também apresenta Jesus no seu formato humano de carpinteiro e o Espírito Santo como Sarayu (o vento), o quarto personagem que vem fechando os questionamentos de Mack, chama-se Sophia, que é a sabedoria de Deus personificada. Duas coisas aconteceram comigo inadvertidamente, a primeira coisa é que eu aprendi a ler esse livro com papel pra assoar o nariz, por que eu chorei muito, não que o livro seja causador de lágrimas de tristeza, devo dizer que algumas vezes chorei simplesmente emocionada com a beleza da leitura, outras vezes por que me enxerguei em Mack, algumas vezes de alívio, como se alguém silenciosamente me pedisse desculpas e outras vezes confrontada e rebelde. Pode ser que não aconteça com você, mas por via das dúvidas, faça um bom café e leve o lenço, a segunda coisa que aconteceu comigo e pode ser que aconteça com você, é que eu senti uma grande necessidade de ler o livro aos poucos, as vezes pegando nele uma vez por semana ou até mais, porque eu precisava analisar e refletir sobre o que eu estava lendo, então pra mim foi uma leitura diferente, foi prazerosa, como se eu estivesse comendo um doce muito suculento, e esse doce no meu interior causava uma digestão longa e as vezes conturbada, não de um jeito ruim, conturbada de jeito bom e agitado. O certo a dizer é que o livro me virou do avesso e me expôs, e que ainda hoje eu carrego comigo o fruto do que eu aprendi com o Mack e a MissyA Cabana” é um mergulho profundo, prepare-se para o impacto, (se for ler. Se já leu, espero que tenha sido virado do avesso e que tenha descoberto que o avesso é o seu melhor lado). Espero que essa pincelada sobre o livro tenha sido boa pra você, tanto quanto foi pra mim. E por fim, irei deixar aqui, um pedacinho do livro, que hoje em dia faz parte da minha vida, por motivos muito pessoais, e por esses mesmos motivos, eu espero de coração que nesse livro você também ache as respostas que você procura.  
  
“1 
UMA CONFLUÊNCIA DE CAMINHOS 
Duas estradas se bifurcaram no meio da minha vida, 
Ouvi um sábio dizer. 
Peguei a estrada menos usada. 
E isso fez toda a diferença cada dia e cada noite. 
Larry Norman (pedindo desculpas a Robert Frost)”. 

22 de agosto de 2017

Uma história de Max Lucado, que fez toda diferença na minha vida - continuação


        "Este livro examina três pontos de ancoragem. Três grandes pedras que podem enfrentar qualquer tempestade. Três rochas que repelem a mais alta das ondas. Três saliências nas quais você pode enganchar suas âncoras. Cada ponto de ancoragem foi implantado firmemente em alicerce rochoso dois mil anos atrás por um carpinteiro que alegava ser o Cristo. E foi tudo feito no decorrer de um único dia. Uma única sexta-feita. Foi tudo feito durante seis horas de uma sexta-feira.

       Para o observador casual, nada nada houve de extraordinário durante essas seis horas. Para eles, aquela sexta-feira foi uma sexta-feira normal. Seis horas de rotina. SEis horas do que já estava sendo esperado. 
         Seis horas de uma sexta-feira. 
         tempo suficiente para: 
           um pastor examinar seus rebanhos. 
           uma dona de casa limpar e organizar sua casa. 
           um médico receber um bebê do ventre da mãe e baixar a febre  de um moribundo. 
         Seis horas. Das nove da manhã às três da tarde. 
         Seis horas de uma sexta-feira. 
         Seis horas cheias, como são todas as horas, do ministério da vida. 

      O sol luminoso do meio-dia reina nos céus da Judéia. Ao longe vê-se a silhueta negra de uma pastor em, perto de seu rebanho. Ele tem os olhos fixos no céu limpo, em busca de nuvens. Não há nenhuma.
      Ele volta o olhar para seus carneiros. Estes pastam preguiçosamente na encosta pedregosa. Um sicômoro ocasional fornece sombra. O pastor senta-se na encosta e põe uma folhinha de capim na boca. Olha além do rebanho para para a estrada lá embaixo. 
       Pela primeira vez nos último dias, o número de pessoas diminuiu. Por mais de uma semana um rio de peregrionos correu por esse vale, agitando-se estrada abaixo com animais e carros lotados. Durante dias ele os observou de onde estava empoleirado. Embora não os pudesse ouvir, sabia que falavam uma dezena de dialetos diferentes. E embora nNao lhes falasse, sabia aonde se dirigiam e porquê. 
       Dirigiam-se a Jerusalém. E iam sacrificar cordeiros no templo. 
       Ocorre-lhe que a celebração é irônica. Ruas superlotadas de gente. Mercados cheios dos sons de balaio de cabritos e da venda de pássaros. 
        Observâncias sem fim. 
        O povo se delicia com festividades. Acorda cedo e deita-se tarde. Encontra estranha satisfação na pompa. 
        Ele não. 
        Que tipo de Deus seria apaziguado pela morte de um animal?
        Oh, as dúvidas do pastor jamais são expressas em alguma parte, exceto na encosta dos montes. Mas nesse dia, elas gritam. 
        Não é a matança de animais que o perturba. É a infinidade de tudo. Quantos anos ele já viu as pessoas irem e virem? Quantas caravanas? Quantas sacrifícios? Quantas carcassas sangrentas? 
        Lembranças o perseguem. Lembranças de raiva descontrolada... de desejo descontrolado... de ansiedade descontrolada. Tantos erros. Tantos tropeços. Tanta culpa. Deus parece muito distante. Cordeiro após cordeiro. Páscoa após Páscoa. Contudo, ele ainda sente-se o mesmo. 
        O pastor volta a cabeça e olha novamente para o céu. Será que o sangue de mais um cordeiro realmente importará? 
        A esposa está sentada na mesa. É sexta-feira. Ela está a sós. Seu marido, um sacerdote, encontra-se no templo. É hora do almoço, mas ela está sem apetite. Além disso, mal vele a pena fazer o esforço de preparar a refeição para um. Assim, ela se deixa ficar sentada e olha pela janela. 
        A rua estreita na frente da casa está apinhada de gente. Se ela fosse mais moça, estaria lá fora. Mesmo que não tivesse  motiva para sair às ruas, iria. Houve um tempo em que sentia-se grisalho, seu rosto enrugado e ela sente-se cansada. 
        Durante anos celebrou as festas. Durante anos observou as pessoas. Muitos verões se passaram, levando consigo sua mocidade e deixando apenas as perplexidades que a obcecam. 
        Quando era moça, estava ocupada demais para refletir desta maneira. Tinha filhos a criar, refeições a preparar, horários a cumprir. Ela afastava da mente os enigmas da mesma forma como afastava para a nuca os cabelos. Mas agora seu lar está vazio. Aqueles que dela precisavam têm outros que precisam deles. Agora as perguntas são implacáveis. Quem sou? De onde vim? Aonde estou indo? Por que está acontecendo tudo isto? 

      Dentro daquela casa há muita agitação. Num aposento, um homem anda de cá para lá. Em outro, uma mulher faz força. Gotas de suor brilham em sua testa. Seus olhos se fecham, depois abrem-se. Ela ri, depois geme. O jovem médico a encoraja. "Não falta muito. Não desista." Inspirando profundamente, ela se inclina para a frente e emprega sua última gota de energia. A seguir, vira o rosto para o lado, pálida e exausta. 
-Você tem um filho- Ela ergue a cabeça apenas o suficiente para ver o bebê vermelho aninhado nas palmas largas do médico. 
    Encantado com sua tarefa, o médico limpa os olhos do bebê e sorri ao vê-los lutando por abrir-se. A criança, recém acolhida do ventre, é devolvida à mãe. 
    Na próxima casa que ele visita reina a quietude. Fora do quarto está sentada uma esposa de cabelos brancos. Dentro, encontra-se o frágil vulto do marido, ardendo em febre. Nada pode ser feito. O médico está impotente enquanto o homem exala seu último suspiro. Suspiro profundo - o peito ossudo, nu, se ergue. A boca escancara-se tanto que os lábios ficam esbranquiçados. O homem morre. 
    As mesmas mãos que limparam os olhos do bebê agora fecham os olhos do morto. Tudo durante um período de seis horas de uma sexta-feira. 
    Ele repele as perguntas. Não tem tempo para ouvi-las hoje. Mas elas são teimosas e exigem ser ouvidas. 
    Por que curar os doentes apenas para adiar a morte?
    Por que dar forças apenas para vê-las esvaírem-se?
    Por que nascer e então começar a morrer?
    Quem aponta o dedo torto à próxima vítima da morte?
    Quem é essa que com assiduidade tão regular separa a alma do corpo?
    Ele dá de ombros e coloca o lençol sobre o rosto que vai ficando acinzentado.
    Seis horas de uma sexta-feira. 
    Para um observador indiferente, as seis horas são rotineiras. Um pastor com suas ovelhas, uma dona de casa com seus pensamentos, um médico com seus pacientes. Mas para o punhado de testemunhas, o mais extraordinário dos milagres está ocorrendo. 
     Deus está numa cruz. O criador do universo está sendo executado. 
     Saliva e sangue empastam seu rosto. Oa lábios estão rachados e inchados. Espinhos retalham o couro cabeludo. Os pulmões gritam de dor. Caimbras dão nós em suas pernas. Nervos estirados ameaçam romper-se enquanto a dor tange sua melodia mórbida. Contudo, a morte não está pronta. E não há ninguém para salvá-lo, porque ele está sacrificando a si mesmo. 
      Não são seis horas normais... não é uma sexta-feira qualquer. 
      Muito pior do que o quebrar do seu corpo é o dilacerar de seu coração. 
      Seus próprios conterrâneos clamaram por sua morte. 
      Seu próprio discípulo plantou o beijo da traição. 
      Seus próprios amigos correram para esconder-se. 
      E agora seu próprio Pai está começando a voltar-lhe as costas, deixando-o sozinho. 
      Alguém balança a cabeça e pergunta: Jesus, você nem pensa em se salvar? O que o faz ficar ai? O que o prende à cruz? Pregos não prendem deuses a madeira. O que o faz ficar aí? 


      O pastor , em pé, olha fixamente o céu que agora está enegrecido. Segundos atrás ele havia fitado o sol. Agora não há sol algum. 
      O ar está fresco. O céu, negro. Nenhum trovão. Nenhum relâmpago. Nenhuma nuvem. As ovelhas estão inquietas. A sensação é sinistra. O pastor, em pé. sozinho, conjetura e escuta. 
       O que é essa escuridão amedrontadora? Que significa esse eclipse misterioso? O que aconteceu com a luz? 
       Há um grito na distância. O pastor volta-se para Jerusalém. Um soldado, inconsciente de que seu impulso faz parte de um plano divino, enterra a lança no lado do corpo de um homem pendurado em uma cruz. O sangue do cordeiro de Deus sai e purifica. 
      A mulher mal acabou de acende a lâmpada quando o marido entra apressado pela porta. O reflexo da chama da lâmpada dança alucinado em seus olhos arregalados. "O véu do templo...", principia ele ofegante. "Rasgado! Rompido em dois de alto a baixo!"
     Um anjo negro paira sobre aquele que está na cruz do meio. 
     Não houve delegação para essa morte, nenhum demônio pera esse dever. Satanás reservou para si mesmo essa tarefa. Jubilosamente, ele passa sua mão de morte sobre esses olhos de vida. 
     Mas assim que o último suspiro é exalado, começa a guerra. O abismo da terra ribomba. O jovem médico quase perde o equilíbrio. 
     É um terremoto - um tremor de terra que fende as rochas. Uma vibração semelhante à do estouro de uma boiada, como se as portas da prisão se tivessem aberto e os cativos estrondejem rumo à liberdade. O médico luta para manter o equilíbrio ao apressar-se de volta ao quarto daquele que acabou de falecer. 
      O corpo sumiu. 
    Seis horas de uma sexta-feira. 
    Permita que lhe faça uma pergunta: O que você faz com esse dia da história? O que você faz com as alegações dele?
    Se realmente aconteceu... se Deus realmente comandou sua própria crucificação... se realmente voltou as costas ao próprio Filho... se realmente arrombou o portal de Satanás, então essas seis horas daquela sexta-feira foram cheias de trágico triunfo. Se aquele era Deus naquela cruz, então o monte chamado Caveira é um granito cravado de estacas às quais você pode se ancorar. 
    Aquelas seis horas nNao foram seis horas normais. Foram as horas mais críticas da história. Pois durante aquelas seis horas naquela sexta-feira, Deus cravou na terra três pontos de ancoragem sólidos o bastante para suportar qualquer furacão. 
    Primeiro ponto de ancoragem - Minha vida não é inútil. Esta rocha segura o casco do seu coração. Sua única função é dar-lhe algo a que possa agarrar-se quando defrontar com as marés enchentes da futilidade e do relativismo. Essa rocha proporciona a convicção de que a verdade existe. Há alguém no controle e eu tenho um propósito. 
   Segundo ponto de ancoragem - Meus fracassos não são fatais. Não é que ele ama o que você fez , mas ama quem você é. Você é dele. Aquele que tem o direito de condená-lo forneceu uma forma de livrá-lo. Você comete erros. Deus não. E ele criou você. 
   Terceiro ponto de ancoragem - Minha morte não é final. Existe mais uma pedra à qual devo amarrar-me. Ela é grande. É redonda. E é pesada. Ela bloqueou a entrada de um túmulo. NNao era, contudo, suficientemente grande. A tumba que ela selava era a tumba de alguém que estava de passagem. Ele apenas entrou a fim de provar que podia sair. E quando saiu, levou consigo a pedra e a transformou num ponto de ancoragem. Deixou-a cair no fundo das águas desconhecidas da morte. Amarre-se a essa rocha e o furacão da tumba se transformará na brisa primaveril de domingo de Páscoa. 
    Ali estão eles. Três pontos de ancoragem. Os pontos de ancoragem da cruz. 
    Oh, a propósito, o furacão Davi jamais chegou a Miami. Quando estava a trinta minutos do litoral, ele resolveu voltar-se para o norte. Os piores danos que meu barco sofreu foram as marcas de cordas infligidas pelo excesso de zelo da tripulação. 
    Espero que o seu furacão também não o atinja. Mas no caso de atingir, aceite o conselho do marinheiro: "Ancore fundo, ore e segure-se firme." E nNao se surpreenda se alguém caminhar por cima da água para lhe estender a mão. " 



Esse capítulo, mudou minha visão sobre o câncer que me abateu, e mudou minha perspectiva de Deus. Espero que aconteça o mesmo quando você ler. 


Livro: Seis horas de uma sexta-feira - Autor: Max Lucado.  
      












21 de agosto de 2017

Uma história de Max Lucado, que fez toda diferença na minha vida


O livro se chama: "Seis horas de uma sexta-feira"

"Capítulo 1 

Prenúncios de um furacão 

Fim-de-semana prolongado no começo de setembro de 1979. Por todos os Estados Unidos, as pessoas despediam-se do verão. Reuniões de fim de semana, viagens para acampar, piqueniques. 

Exceto em Miami. 

Enquanto o resto do país se divertia, a Costa Dourada do sul da Flórida vigiava. O furacão Davi turbilhonava através do Caribe, deixando uma trilha de ilhas alagadas e gente desabrigada. 

Não é preciso dizer aos floridianos que se escondam quando um furacão está em pé de guerra. Janelas foram vedadas com fita isolante, alimentos enlatados comprados, lanternas testadas. Davi estava prestes a dar o bote. 

No rio Miami, um grupo de rapazes solteiros tentava descobrir qual a melhor maneira de proteger sua casa flutuante. Não passava de uma cabine rústica numa barcaça furada. Mas era a casa deles. E se nNao fizessem algo, ela iria parar no fundo do rio. 

Nenhum dos rapazes havia morado em barco antes, e muito menos enfrentado um furacão. Qualquer lobo do mar digno desse nome teria dado boas gargalhadas observando aqueles marinheiros de primeira viagem. 

Aquilo parecia a reprise de uma comédia marítima. 
Eles compraram corda o bastante para amarrar o navio Queen Mary. Amarraram o barco a árvores, ao ancoradouro, a si próprio. Quando terminaram, a pequena embarcação parecia ter sido apanhada em uma teia de aranha. Estavam t
ao ocupados amarrando-a a tudo, que é de admirar um dos rapazes não ter sido amarrado junto.
   Como foi que fiquei a par de tamanho fiasco? Adivinhou. A casa flutuante era minha.
Não pergunte o que eu fazia com uma casa flutuante. Parte aventura e parte pechincha, eu acho. Mas aquele fim de semana prolongado era uma aventura maior do que eu me havia disposto a enfrentar. Fazia três pagamentos mensais que o barco era meu e agora estava prestes a ter de sacrificá-lo ao furacão! Eu estava desesperado. Amarrar! era tudo em que conseguia pensar.
    Eu chegava ao fim da corda, em mais de um sentido, quando Phil apareceu. Ora, Phil entendia de barcos. Tinha até mesmo cara de quem entendia de barcos.
     Creio que ele já nascera queimado de sol dentro de um barco. Falava o jargão e conhecia os problemas. Também conhecia furacões. Corria  boato pelo rio de que ele havia enfrentado um deles por três dias num barco a vela de mais de três metros. Essa história fazia desse homem uma lenda viva.
      Ele sentiu pena de nós, por isso veio dar um conselho... e conselho bem fundado. "Amarrem-no à terra e se arrependerão. essas árvores vão ser engolidas pelo furacão. Sua única esperança é ancorar fundo", disse ele. "Coloquem quatro âncoras em quatro locais diferentes, deixem a corda frouxa e orem para que dê certo."
       Ancorar fundo. Bom conselho. Aceitamos e... bem, antes que lhe diga se vencemos ou não o furacão, falemos de pontos de ancoragem.
       Talvez algum dos meus leitores esteja prestes a ser apanhado numa tempestade. O tempo está ameaçador, o nível da água sobe e pode-se ver as árvores começando a curvar-se.

             Você fez todo o possível, mas mesmo assim seu casamento não se mantém. É apenas questão de tempo. 
             Você deu um passo maior do que as pernas. Jamais deveria ter concordado em aceitar um compromisso desses. Não há como possa terminar dentro do prazo. E quando esse prazo se esgotar e você não produzir o esperado...
              Você passou a semana toda com medo dessa reunião. Já mandaram embora diversos homens. Por que o diretor mandou dizer agora que quer falar com você? E você tem um recém-nascido em casa. 
      Talvez os ventos já se tenham transformado num vendaval e você mal esteja conseguindo manter-se vivo. 
              "Por que o nosso filho?" são as únicas palavras que você consegue pronunciar. O enterro terminou e as palavras de conforto já foram ditas cortesmente. Agora é apenas você, suas lembranças e sua pergunta: "Por que aconteceu comigo?"
               "Os testes foram positivos. O tumor é maligno." Logo quando você pensava que a luta maior havia terminado. Agora essa notícia. 
                "Eles aceitaram o outro lance." Essa venda era sua última esperança. Perder a licitação pode significar que você terá de fechar a firma. Esse cliente teria sido apenas suficiente para manter o negócio à tona por mais um trimestre. Mas e agora? 
      Tudo isso são ondas que sugam a nossa alegria para o mar. Ventos que arrancam nossas esperanças pelas raízes. Enchentes que penetram por baixo das portas de nossas vidas e cobrem as paredes de nossos corações. 
       Fui apanhado num furacão quando concluía este capítulo. O alerta veio através de um telefonema durante uma reunião. A moça do tempo que me deu as notícias assustadoras era a minha esposa. "Max, sua irmã acabou de ligar. Sua mãe vai ser operada para colocar quatro pontes de safena amanhã às oito horas." Algumas chamadas rápidas para as companhias aéreas. Roupas jogadas numa mala. Uma corrida ao aeroporto em tempo de conseguir o último lugar no último vôo. 
        Não houve tempo para desenvolver uma filosofia pessoal sobre a dor e o sofrimento. Não houve tempo para analisar o mistério da morte. Não houve tempo para lançar âncoras. Houve tempo apenas para ficar firme e confiar nos pontos de ancoragem.
        Pontos de ancoragem. Rochas firmes profundamente submersas num alicerce s olido. Não opiniões pessoais ou hipóteses negociáveis, mas evidências férreas que o manterão à tona. Qual a força das suas? Qual a robustez de sua vida quando você se depara com uma destas três tempestades?
        Futilidade. Você está por cima e subindo cada vez mais. Devia sentir-se satisfeito, alegre. Está realizando o que se propôs a realizar. Tem casa. Emprego. Segurança. Tem dois carros na garagem e dinheiro investido no banco. Pelo que todos podem avaliar, devia estar contente. 
      Então, porque você sente-se tão infeliz? É por saber que toda maré que sobe também desce? É porque seu diploma e promoção não respondem às perguntas que o mantêm acordado à noite? "Para que é isso, afinal de contas?" "Quem saberá o que eu fiz?" "Quem se importa com quem eu sou?" "Qual o propósito de tudo isso"
       Fracasso. Você já não consegue esconder. Pôs tudo a perder. Você estava errado. Desapontou todo mundo. Em vez de projetar-se, desapontou. Em vez de dar um passo para diante, deu um para trás. Fez precisamente aquilo que jurou jamais fazer. 
     Suas âncoras se arrastam pela areia, sem encontrar nenhuma rocha. Caso um ponto sólido não seja encontrado logo, o casco de seu coração se espatifará. 
      Fim. A cena se repete milhares de vezes a cada dia neste país. Pessoas reunidas diante de um caixão. Lenços. Lágrimas. Palavras. Flores. Terra. Túmulo aberto. É a onda do fim da vida. 
     Embora ela tenha atingido a praia inúmeras vezes, você nunca achou que o acertaria., mas foi o que aconteceu. Sem convite e sem aviso, ela o golpeou com força irresistível, levando embora sua mocidade, sua inocência, sua companheira, seu amigo. E agora você está ensopado e tremendo, sem saber o que virá a seguir. 
                    Futilidade,
                          fracasso, 
                                fim. 
    Você não precisa enfrentar esses momentos sozinho. Ouça o conselho de Phil. É bem fundado, tanto dentro quanto fora da água: Ancore fundo. "
     

continua no próximo post. 

   
  






21 de julho de 2017

A construção de um bom relacionamento









O mundo anda mal das pernas, isso sabemos bem, basta olhar os jornais. Mas não é porque o mundo vai mal, que devemos nos comportar como seres sem educação sentimental. E por isso eu escrevi esse texto, pensando em como nos ajudar a vivermos saudáveis em família, pois é no ceio da família que achamos conforto quando o referido mundo que anda mal das pernas, nos trata mal. E a primeira coisa que quero ressaltar fala sobre doação. 

1- O amor que nos dispomos a dar.

Dentro de um relacionamento, pra ele ser saudável, precisa existir comprometimento mútuo, seja entre irmãos, pais e filhos ou conjugues, essas pessoas precisam estar dispostas a doarem algo pela qual são comprometidas, e esse algo chama-se amor. E dentro da palavra amor, destacamos várias outras, como compreensão, o saber ouvir e falar nas horas certas, o respeito, carinho, tudo isso faz parte do amor, e cada um de nós dentro da família deve exercer essa doação um para com o outro sem reservas. E se existe uma fórmula muito fácil de amar alguém, é lembrando que também temos defeitos e também precisamos ser amados. E a construção de um bom relacionamento (firme, bem edificado, com fundamentos fortes), começa quando doamos nosso amor a quem também nos doa amor. Reparem que hoje não estou falando do amor a um desconhecido completo, falo do amor em família, que deve permear nossa vida em todas as instâncias. E eu te pergunto hoje: "Quanto amor você está disposto a dar?". Será que você não tem brigado demais por coisas supérfluas? Será mesmo que algumas discussões precisam acontecer? Ou será que em silêncio e resiliência, não podemos ser misericordiosos?  A Misericórdia é a marca indelével de quem ama e deseja construir um futuro cheio de relacionamentos equilibrados. Pense nisso. E de posse deste pensamento, eu quero falar da segunda coisa que é necessária para a construção de um bom relacionamento que é:  


2- A comunicação que nos dispomos a ter. 

As vezes nós dizemos tantas coisas nas redes sociais, postamos fotos parecendo felizes, com legendas dizendo amar nossa família, nossos conjugues, nossos filhos, mas nem sempre isso reflete nossas atitudes e nosso interior. Infelizmente vivemos hoje em uma sociedade que aparenta ser muitas coisas que não é, e o meu conselho, junto com uma pregação que ouvi da Helena Tanure, (deixo o link https://youtu.be/0ZpFFFaNQds) em que ela diz: "não aparente ser, seja!". A comunicação entre quem se ama é fundamental. Seja sincero sobre seus sentimentos e sobre o que você pensa, diga o que lhe incomoda, o que lhe faz feliz, diga que ama ao vivo, converse, converse, converse, conte seus sonhos para quem te ama, conte seus segredos, não tenha segredos para quem te ama, seja totalmente sincero. Não esconda o que te deixa triste ou o que te deixa furioso (a), sente-se e converse, esteja disposto a se comunicar com quem te ama, com quem você ama, poste sim sobre seu amor, mas ame primeiro ao vivo. Um bom relacionamento não se constrói sem comunicação. E isso nos leva ao terceiro e último tópico que eu quero abordar, que é: 

3- O quanto estamos dispostos a ceder.  

A construção de um bom relacionamento depende de sabermos abrir mão, principalmente do nosso ego, ceder pra que o outro esteja em primeiro lugar, em lugar de honra em nossa vida. Ceder, não é demonstrar ter o poder maior, ceder é dizer a quem você ama: "eu honro você". Honre seus pais, seu conjugue, seus filhos, ceda quando ninguém quiser ceder, mesmo estando "certo", prefira amar a estar certo, prefira ceder, quando cedemos algo, o ciclo se completa, é como doar amor àquele que ainda não entende como ceder, ceder a quem não sabe ceder, é ensinar, e ensinar é doação. 



5 de junho de 2017

Lançamento do livro "A criação original - A teoria da mente segundo Freud", de Francisco Daudt

Livro apresenta a obra de Sigmund Freud de forma didática, sem abrir mão dos detalhes de toda a teoria do mestre da Psicanálise.

Este é um livro para quem sempre quis conhecer a teoria de Freud sobre o funcionamento da mente, mas ainda não teve fôlego ou apetite para transitar pelos vinte e quatro volumes de sua obra. Em “A criação original”, Francisco Daudt inventa um personagem que o leitor pode acompanhar desde antes de seu nascimento até sua vida adulta para ver como sua alma se forma, passo a passo, segundo a teoria freudiana do aparelho psíquico.
“Este foi o primeiro livro que escrevi, há trinta anos, quando decidi não mais dar cursos de teoria freudiana e deixar por escrito o resumo do que achava que os alunos precisavam saber. Como não consegui publicá-lo na ocasião, fiz uma condensação dele: A criação segundo Freud – o que queremos para nossos filhos, lançado em 1992.
Seu primeiro revisor e incentivador foi Leandro Konder, que me disse na época: ‘Francisco, você escreveu A democracia como valor universal (a reverenciada obra de Carlos Nelson Coutinho) da psicanálise’.
Só fui entender a magnitude de seu elogio muitos anos depois: a psicanálise tem duas faces, a científica e a filosófica, o conhecimento da mente e a sabedoria de vida que dele se depreende. Konder se referia justamente à parte filosófica: ‘Seu livro deixa claro que a doença mental vem da tirania que a cultura impõe – via superego – sobre a pessoa, e que, portanto, é na convivência democrática entre os ‘três poderes mentais’ (Ego, Id e Superego) que a saúde prospera e a criança se desenvolve em direção à independência e à autonomia.’
E acrescentou: ‘Seu compromisso com a clareza, quando você diz que, se houver algo não compreensível no seu livro foi porque você não explicou direito, está em sintonia com sua proposta democrática: a psicanálise não pode se impor tiranicamente sobre o aprendiz com uma linguagem obscura apenas para iniciados’.
Era isso! Eu já me revoltava com médicos falando difícil para seus pacientes, e agora como psicanalista não iria tolerar essa repetição, nem para mim, nem para meus alunos. E mais, se a fala não é transparente, ela não se torna vulnerável a críticas. Este princípio científico de Karl Popper me é muito caro: a principal peneira que separa o verdadeiro do falso em qualquer aprendizado é a possibilidade de ele ser denunciado e criticado como tendo erros.Portanto, aí está o livro: ele contém a proposta científica de Freud sobre o funcionamento da mente, e sua decorrente proposta filosófica: como aproveitar esse saber para viver e criar os filhos na saúde mental, como construir-se e como construir indivíduos independentes e autônomos, que mandem na própria vida sem causar danos aos outros.”

 “Leandro Konder me manda um bilhete divertido apresentando Francisco Daudt da Veiga, um psicanalista que escreve limpo e quer democratizar Freud. […] A explicação dele de ‘O complexo de Édipo’ não poderia ser mais clara e satisfatória, a meu ver. O livro é obrigatório para quem quer conhecer o assunto”
PAULO FRANCIS


A criação original - A teoria da mente segundo Freud
Autor: Francisco Daudt
Sbn: 9788542105650
Idioma: Português
Encadernação: Brochura
Formato: 15,5 x 22,8
Páginas: 336
Ano de edição: 2017
Ano copyright: 2017
Edição: 1ª
Editora: 7 Letras

Sobre o autor
Francisco Daudt nasceu no Rio de janeiro em 1948. Mora e trabalha no mesmo bairro do Cosme Velho, onde sempre viveu. Formado médico pela Faculdade de Medicina da UFRJ em 1971, praticou clínica gastrenterológica (pós-graduado pela PUC-RJ) durante cinco anos, quando decidiu migrar para a psicanálise. Como médico, pôde fazer sua formação desvinculada de instituições, escolhendo seu analista didata, seu supervisor e seus professores de teoria freudiana. Pratica psicanálise clínica desde 1978, tendo lecionado teoria freudiana durante dez anos, quando resumiu seu aprendizado em um livro de 400 páginas, que está sendo lançado agora pela 7 Letras, intitulado “A Criação original - A teoria da mente segundo Freud” .
Seu último livro, “A natureza humana existe – e como manda na gente”, foi lançado em agosto de 2013 pela Casa da Palavra, e se encontra à venda em forma de livro físico e digital, assim como “Onde foi que eu acertei” (Casa da Palavra, 2010), “O amor companheiro” (Sextante, 2004), “ O aprendiz da liberdade” (Companhia das Letras, 2000), “O aprendiz do desejo” (7 Letras, 1997) e “A criação segundo Freud” (7 Letras, 1992).
Atualmente, além de exercer psicanálise clínica, assina uma coluna a cada duas semanas no caderno Cotidiano da Folha de São Paulo. Foi, durante um ano, consultor psicanalítico para o programaEncontro com Fátima Bernardes, da TV Globo.
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CONVITE
Lançamento: Rio de Janeiro
Lançamento do livro "A CRIAÇÃO ORIGINAL - A teoria da mente segundo Freud" no dia 08 de junho de 2017 no Pró-Saber, a partir das 19 horas (Largo dos Leões 70, Humaitá - Rio de Janeiro). 
Para saber mais informações (estacionamento, como chegar etc), clique AQUI e confirme presença no evento no Facebook.