26 de agosto de 2015

Crônicas de uma segunda- feira & discutindo a relação

Boa tarde! Sim, por que não? Por que não. Ah sim, o título é discutindo a relação... Queriam discutir a relação comigo hoje (haja!), que estranho não é? Fiz cara de bun... Bem, não vamos discutir isso, é chato. Só por que eu sou mulher eu tenho que gostar de discutir a relação? É uma regra? Quem faz isso? Quem inventou isso? É mesmo necessário? Tenho francas dúvidas sobre esse assunto... Kkk prefiro não discutir. Tudo bem, é por isso que eu não tenho um namorado. Por que se tivesse, meu Deus. Coitado. Não vamos falar sobre isso também. Vamos falar sobre a segunda feira que é sempre pessimista, horrorosa e também hipócrita e sobre relações que podem ser discutidas. A segunda feira é horrorosa, assunto esgotado. Tópico 2: relações que podem ser discutidas. Então, discuta com seu peixinho dourado (caso você tenha um), se ele parar de fazer borbulhas,... sabe, pergunta qual é problema, qual é a insatisfação dele. E se você ficar carente... Compra uma chinchila, elas são fofinhas! E quer saber... Pára com essa coisa de discutir a relação amor, não gosto, não quero e não vou... Olha, te explicar... discutir a relação numa segunda feira é como pedir romance na TPM. Não rola tá?! Bjus viu?!
P.s.: e a relação você discute sabe onde? Na cadeia. Rsrsrs

23 de agosto de 2015

Mais um dia, menos um dia

Mais um dia, menos um dia. Calma. Eu explico. Entre tantos dias, menos um dia pra sofrer e mais uma batalha vencida. E isso gera em mim, certo contentamento e gratidão. Oro pra que todos possuam sempre essa chance de ser e fazer diferente. Sem muito orgulho, só paz e gratidão. Faz quase um ano desde o primeiro sintoma grava de câncer. Faz quase um ano que eu comecei a luta para manter a minha vida. E hoje, olhando pra trás, eu vejo que tudo mudou, sabe? Minha forma de ver as coisas pequenas, a maneira como vejo as grandes e a forma como recebo tudo, ou não. E se alguém me pedisse pra explicar como é, eu diria que hoje, ao invés de lidar com exatamente tudo, segurar as pontas, ser durona, mostrar quem manda e quebrar a banca, eu simplesmente digo sim ou não. Sim para o que eu posso aguentar, leve, suave e não para todas as outras que devido às minhas fraquezas eu não consigo manter. E é ai que está a mágica da sobrevivência. Não sobrevive somente o mais forte, mas sobrevive aquele que não está só. Para todas as coisas que eu digo: "Isso eu não consigo." Eu sempre encontro alguém que diz: "Vamos fazer isso juntos, estou com você". E bom, eu considero esse o maior milagre de todos, pois só faz reforçar a minha fé na minha humanidade e na humanidade alheia. Eu acredito que, quando esse meu ciclo acabar, eu vou ficar um pouco perdida, porque isso mexeu tanto com a minha estrutura que quem me conhece mesmo, sabe que eu mudei. E mudar é como ter que aprender muita coisa de novo. Eu vou ter que aprender outra vez como o meu corpo é quando saudável, como vou fazer uma rotina que não o prejudique de novo, tendo que retomar minha vida "lá fora", e lá fora, mais do que nunca, vou ter que permanecer na mesma esperança de estar viva. Porque acontece na vida, morrer. Mas quero acreditar que ainda não foi minha vez, embora, estive mais perto de lá do que de cá. Não me considero vencedora ainda. Ainda têm duas etapas pra serem cumpridas, uma bateria de exames, e acompanhamento por alguns anos. Mas creio naquele que começou a boa obra em mim, Deus. E outra coisa que eu aprendi com resignação e humildade, é que tudo, no céu e na terra, é dele, e de alguma forma estupenda que nunca compreenderemos, o que sempre permanece, é a vontade dele. Então, diante de tudo, eu entendi, que na verdade, nenhum de nós compreende muita coisa. Ele diz na Bíblia que enxergamos tudo como que diante dum espelho, ou seja, vemos apenas nós e uma pequena porção ao redor. Mas também diz que um dia veremos face a face, isto se encontra na primeira carta de coríntios, no capítulo 13, uma passagem que narra sobre o amor. O mais surpreendente desta interpretação é que ele nos dá a dica de como construir essa realidade face a face. Olhando global, e só o amor sem pretextos nos dá essa chance. Quando paramos de olhar para nós mesmos e olhamos pra outras pessoas, vemos a Deus face a face. É incrível. Bem, o que tem a ver comigo? Eu precisei que muitos olhassem pra mim, que saíssem da frente do espelho pra cuidar de mim, e a Bíblia diz, que se você cuida de um dos pequenos do mundo (sem pretextos), você está diretamente fazendo isto a Deus. Este é o momento em que eu suspiro com gratidão por ter aprendido mais essa. Muitos questionaram porque eu fiquei doente, e eu sempre respondi: Deu defeito, meu corpo é perecível, não é eterno." Nunca culpei a Deus. Ele é responsável por tudo, mas ser responsabilizado não quer dizer, ser culpado. Até porque, eu sou livre, e também responsável pelo meu destino. E num banquete meu com Deus, a culpa não foi servida, a cura foi, o sofrimento foi, mas foi o amor o prato principal. E meus amigos, este texto não tem religião, ele crê em Deus, porque é tudo que podemos fazer num momento crítico. Agarrar na mão de quem é mais forte, e eu Juliane, reconheço essa força em Deus. Sendo assim, eu retorno ao início do texto, onde eu disse ser mais um dia, menos um dia. O dia de ontem teve todos os elementos críticos, com a diferença que foi mais uma vez que eu reconheci humildemente que quem me faz forte é ELE, quem decidiu a forma como tudo se passaria, foi ele, entre ele eu eu, foi um casamento básico, eu entrei doente, cheia de impossibilidades e incompreensões, ele entrou com ação, com amor e cuidado, e escrevemos uma boa história pra ser contada. Em tudo isso, o mérito foi Dele e de todos que alguma forma brilhante me ajudaram a caminhar, quando eu se quer conseguia andar. Então, se você acha que a humanidade está perdida, assim como muitas vezes eu penso, eu quero dizer que eu tenho pelo menos, umas 500 ou mais pessoas, me mostrando o contrário. Bom dia.
P.s.: Espalhe isso. Bjuss

19 de agosto de 2015

Iron Lady


Não sou o tipo de mulher sossegada que fica descansada com pouca coisa. Não me ofereça suas migalhas.

[Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar,
Te vejo sonhando e isso dá medo,
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar, ao menos mande notícias
Você acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar]


Não sou o tipo de pessoa que aceita uma desculpa como resposta, e definitivamente.. não tenho paciência pra nada; não me dê seu mundo se for puxar meu tapete, não quero suas flores de funeral.

[Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia]

A cara de porcelana não quer dizer absolutamente nada. E se eu não tenho o que eu quero, do jeito que eu quero, eu não sossego, e se não for pra ser "direito" não precisa ser nada. E não tenho o menor apego.. e não tenho medo nem dó de me desfazer de qualquer coisa que me incomode.. e minha douçura,... é pra poucos e bons.

[Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante]

Não sou o tipo que aceita ser domada e não nasci pra viver numa "caixa". Não me enquadre em um conceito, nem tente mandar em mim. Eu não vou ficar com a sua imagem e não preciso do seu nome.

[Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia]

E quando achar que é meu fim.. estou apenas me refazendo.
Eles disseram que eu não podia, mas eu não parei. Jogaram barro nos meus sonhos, tentaram me enterrar com eles, mas eu não me dobrei. Me disseram que "pérolas" era o certo, mas eu escolhi as caveiras. Me mandaram calar a boca, mas eu cantei.

[Só por hoje não quero mais te ver, só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam
E essa abstinência uma hora vai passar]

E não me arrependo do que eu fiz, por que eu fiz com a alma, te perdi com o coração. Meu veneno ou o meu antídoto eu só comaprtilho com quem eu quero... e você está vencido.

[E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu].

Trechos da música: Na sua Estante- Pitty

13 de agosto de 2015

Mundo chatice

O mundo ficou chato. Hoje em dia chove regra, tem regra até pro tipo de cortina que eu devo usar na minha pia. Eu já disse que até hoje eu não consigo me decidir nem sobre qual shampoo usar? A verdade é que agora eu nem tenho muito cabelo, mas na época boa, era uma juba armada kkk. Gente, e todo mundo complica tudo. Lembro de ter me relacionado com pessoas que nem deveriam viver em sociedade. Sabe, gente ruim mesmo, tipo vilão de novela mexicana. Existe. Tem muita Paola Bracho por ai, e muito homem fingindo ser príncipe encantado kkkkk. Eu hoje em dia, fico rindo. Por que tem um protótipo não é? A pessoa tem que ser 100% boa e tem que arrotar isso, pra todo mundo condecorar dizendo: "nooossaaaaa, é uma santidade na terra." O fato mesmo, é que não existe gente 100% boa, isso é loucura, gente que parece mui boazinha e fala isso aos quatro ventos, tem probleminha. Eu defendo meus defeitos. Eu sou chata, sou impossível, sou geniosa, carne de pescoço, mas é isso que equilibra a bondade. É uma coisa genuína. Agora caráter, honra e blábláblá, isso é oportunidade. Você usa quando tem a oportunidade, ou não. Ah gente, hoje em dia todo mundo tem muita auto estima. Ficou chato, pedante, você tem que ser a melhor amiga, tem que bajular, tem que correr atrás e se esforçar tanto, por algo que deveria ser natural, dai tem aquela maratona por ser o melhor nas críticas, porque hoje em dia todo mundo é jornalista, e especial, e tem que ser sempre bonita, o diferente é feio, e se alguém não corresponde suas expectativas, fica fácil descartar, por a vida se tornou descartável. A gente trai, engana, machuca, e que se dane, o livro disse que eu posso, e na TV é super normal. Se você tem uma qualidade, isso faz de você alguém especial. Sério, alguém tem que escrever um livro de auto ajuda que ajude as pessoas a serem menos, menos é mais, gente. Olha, ta muito chato. Onde reseta? E ai, nossa, reli o paragrafo ali em cima, vai ter uma galera dizendo que eu mandei indireta, nem mandei. Foi direta mesmo. O que eu quero dizer, é que eu sou careta mesmo. Eu não justifico um erro meu, usando o erro que alguém cometeu comigo ou com um erro de alguém aleatório. Eu eu acredito que faltem seres humanos no mundo. Fidelidade, devoção, honra, bondade, cadê? Olha, não to falando de ninguém, to pensando em letras, apenas, e falando de mim. Tem gente tão bonita por aí, até hoje eu não entendi por que se prestam a uns papéis tão chulos. Enfim, fica a reflexão, eu vou na farmácia pesquisar uns shampoos pro meu cabelo. Bjus.
Por que no fim do dia, o côcô de todo mundo é fedorento. 😊

7 de agosto de 2015

A podridão brasileira

O Aécio está sambando na cara da Dilma, tá certo, mas ele também é um falso. Enfim, Dilma querida, seu discurso de ontem me ofendeu, me deu nojo, por favor, apaga. A mulher disse que foi o PT que encheu minha panela de comida, mentiraaa, mentirosa. Até onde eu sei foi meu dinheiro, que também foi pro bolso desses corruptos, que encheu a minha panela, e se ela usa aquele terninho dela, sou eu que pago. Então, cala a boca Dilma. E brasileiro é tudo passivo, sério que vocês acreditam que protesto resolve alguma coisa? Desculpa ai, mas o governo está cagando pra você. Aliás cagaram também na época de Dom Pedro, (todos os Pedros), desde aquela época, esse país que muitos enchem o peio pra dizer que têm orgulho, só e somente, é saqueado. E vocês acham que o impeachment vai acontecer por que vocês foram bater panela? Ah, cresce. O impeachment só vai sair do papel por que o Cunha ficou mordido, e ele também está mais sujo que pau de galinheiro. E vamos com tudo né? A TV brasileira é uma merda, não tem um programa original, todo mundo é freguês das novelas globais que estão estuprando a sociedade e a família brasileira. É sim. Ninguém precisa de novela pra afirmar sexualidade e o homossexuais sérios que e conheço jamais se prestariam ao papel ridículo de afrontar outras pessoas com as suas convicções, sabe por que? Por que estão ocupados, TRABALHANDO. A globo não defendendo merda nenhuma, ela ganha dinheiro as custas daquilo que você diz que é a representação da sua individualidade dentro da sociedade. Acorda. O problema do brasileiro é banalizar tudo, dou razão quando dizem que o brasileiro quer obrigar todo mundo a engolir suas verdades. Esse país não vai pra frente nunca. Sabe por que? Por que pra você tá tudo bem, tá tudo bom. Tá é tudo errado, aí, você ao ler, vai dizer: Os incomodados que se mudem. É o que acontece quando alguém tem vergonha de ser brasileiro, vai pro exterior e se naturaliza. Lá pelo menos tem hospital que funciona. Vou terminar por aqui, porque tem pano pra manga essa história. E eu estou enojada. Enquanto isso, continuem postando orações na timeline, Deus deve ter Facebook (tá çerto).

6 de agosto de 2015

Estrelas Perdidas

Ao som de Maroon 5 "lost stars".

Se pudessemos apagar da nossa vida todas as pessoas que foram sacanas com a gente, pode acreditar, se houvesse um modo, isso seria feito. Tal como bloquear das redes sociais, bloquearíamos do coração, da alma, da mente. Fecharíamos não só as portas, mas também a vida. Esqueceríamos não só os momentos, mas também a imagem, não só por causa da mágoa, mas também pelo tamanho do desgosto. Eu fiquei me perguntando esse tempo todo se eu estava certa em pensar assim, e cheguei á conclusão brilhante que, ser egoísta é o controle do caus. To aqui batendo cabeça no teclado, por querer falar sobre algo que eu não sei expressar. Eu não sou boa em dar segundas chances, principalmente quando a prejudicada fui eu, e só eu tenho que fazer o esforço pra empenhar a chance. O pior de tudo é que existem pessoas realmente sacanas que não se dão conta disso, agem com total falta de senso comum. Como se fossemos obrigados a conviver com elas. Não somos, não sou. Por mim, podem vagar no espaço, feito estrelas perdidas, vão com Deus. 

1 de agosto de 2015

Amar até o fim do dia ou pra sempre

Todo dia quando eu encerro o meu expediente, quero dizer, quando fecho meus olhos e decido dormir, eu me certifico de ter amado como se deve, todas as pessoas que me amam. A gente nunca sabe quando, e se vai ter uma próxima vez. Eu não estava mais conseguindo falar sobre isso. De repente ficou estranho falar, por que só de lembrar eu tenho náuseas. Me certificar de tudo, é uma maneira de sobreviver a isso. Dia 11 eu desci a serra, sábado. Infelizmente o motorista que levou o João Pedro e eu, se perdeu no Rio de Janeiro. Você deve ter se perguntado se eu não tentei usar o GPS, ou se eu já não estou careca de saber o caminho, bem, as duas coisas. Acontece que a minha operadora de celular escolheu aquele dia pra ter uma crise existencial e o motorista escolheu ir pela avenida Brasil, que eu fatalmente não conheço. Duas horas depois, estávamos na subida do Corcovado, lembro- me de ter gostado da ideia, quando criança, do Cristo morar "lá no Rio", afinal, todo mundo dizia que era perto. No fim de mais meia hora, depois de pedir informação no sétimo posto de gasolina consecutivo, depois de passar duas vezes ida e volta pelo Santa Bárbara, eu pedi ao motorista que retornasse para Petrópolis (por favor), por que todo meu controle psicológico havia se espatifado. Eu não dei ataque de pelanca, nem fui mal educada, nem o João, essa não é a nossa educação, só ficamos muito tensos, e eu decidi que eu não faria quimioterapia com tanta tensão dentro de mim. Chegamos por fim em Petrópolis e pedi pra tia Ana tentar reagendar e descemos no Domingo. Sem neura. Meus tios são demais. Meu acompanhante foi o meu namorado, o Daniel, parte da minha dupla, o homem que me conquistou e me surpreende todos os dias, além de meu amigo.
Quando saí do hospital, eu já estava enfraquecida o suficiente pra apenas dizer o necessário, meus tios deixaram ele próximo da casa dele e quando eu o vi descer do carro, lembrei de agradecer a Deus por ele me permitir respirar durante essa situação tão difícil. Minha tia ainda comentou: "Olha o andar dele!?", pra mim, aquilo soou como, "sei que você esperou muito por isso" e de fato, esperei; e o fato de ter acontecido justo agora, só reforça ainda mais o fato de que Deus, tem mesmo muito senso de humor romântico. Enfim, atalhando, no meio da estrada eu aprendi como vomitar na estrada. É fácil, você pede pra parar o carro, abre a porta o mais rápido que puder, se apoia na mureta de proteção e deixa acontecer naturalmente (como letra de pagode). Também me tornei íntima do saco de vômito nesse dia, quando na subida da serra, não teve como encostar. Eu pedi desculpas, por que é desagradável, não que tivesse desculpa. Mais tarde, em casa, eu repeti a árdua tarefa com o vaso, por mais umas cinco vezes (foi uma longa conversa, ao som de Wiz Khalifa feat Charlie Puth - see you again). Dessa vez, contudo, ganhei o bônus de uma queimadura no braço, é, o remédio queima as veias, ou quase isso, e deu uma pequena bolha no braço. Essa semana que passou, eu não consegui escrever sobre isso, simplesmente não consegui, embora sabendo que em algum momento isso seria muito necessário. Enfim, dia 25 eu desci de novo, o João Pedro (meu irmão), ficou comigo. Inspira e expira não funciona mais. O enfermeiro que me atendeu foi o mais atencioso até hoje, foi então que eu refleti sobre como o Cristo não habita numa estátua gigante, não que eu queira ofender os símbolos religiosos, eu só quero dizer que eu tenho visto Cristo habitando nas pessoas. Ele aumentou o remédio de enjôo, perguntou como eu estava me sentindo, cara, eu sinceramente quis alugar ele, mas não fiz isso. No meio da coisa toda, eu familiarizei o meu irmão, o enfermeiro e uma sala com vinte pessoas, com o meu vômito, e pensei: "tem um microfone? Acho que é mais fácil pra pedir desculpas", por duas vezes. Não vomitei mais nesse dia, o que me deu mais espaço pra refletir no quanto eu sou grata, principalmente quando o enfermeiro se preocupou a ponto de trocar o remédio de veia, pra não queimar demais o meu braço. E não falo só dele. Falo da minha mãe que me abraçou quando eu cheguei do Rio e me segurou pra eu chorar. Por que as vezes palavras não querem dizer droga nenhuma, e eu as vezes, sinceramente, me canso delas. Falo do João Pedro, que eu vi nascer, que eu segurei no colo e cuidei, e hoje, ele está me vendo nascer, me segurando e cuidando. Falo do meu pai, que sempre me faz rir, em qualquer momento, em qualquer hora, que sempre acorda muito cedo pra me levar até a rodoviária, mesmo que no dia anterior tenha trabalhado muito ou ficado até tarde na igreja, cuidando de pessoas que nem são da família dele, falo de cada tia e tio que estão sempre me visitando, se dispondo, aconselhando, abraçando, falo das minhas avós que oram e fazem coisas gostosas pra eu ficar gorda. Falo dos meus amigos, que não me abandonaram e falo do meu namorado que sobe a serra todo fim de semana, por que é importante pra ele participar desse meu momento, tanto quanto de qualquer outro, e quando alguém sai do próprio mundo pra entrar no seu, você tem que respeitar isso, isso merece total atenção. E então, é o que eu estou fazendo, é o que eu disse no começo, eu me certifico de que eu estou fazendo as escolhas certas, porque embora eu tenha recebido esta segunda chance, isso não seria válido se eu estivesse fazendo as mesmas escolhas de sempre. Eu vi um filme em que o personagem dizia pro filho: "As vezes tudo que você precisa na vida, são 20 segundos de coragem constrangedora". Eu não escrevo esse texto em 20 segundos, mas demora 20 segundos pra ele ser postado, e eu sempre preciso de coragem, por que é constrangedor, de certa forma, revelar todas as particularidades de um momento que poderia ser só meu. Mas a partir do momento em que resolvi fazê- lo nosso (momento), é como se eu tivesse dizendo ao mundo que eu posso lidar com isso, mesmo sem estar pronta, mesmo querendo chorar desesperadamente, mesmo podendo desistir, eu posso seguir em frente, independente de resultados, EU ainda posso acreditar. Eu lembro que uma vez, conversando com a Gabi (minha amiga), há uns sete anos atrás, eu disse pra ela que eu não queria passar pela vida sem deixar minha marca, disse que eu teria uma história pra contar. Taí. E não é que eu tenho? E é com isso que eu durmo, após fazer uma pequena prece a Deus, agradecendo pelos milagres. Eu durmo tendo certeza, de que, se esse for o meu último dia, eu fiz as escolhas certas.

20 de julho de 2015

Quimioterápico demais

Faziam quinze dias que eu não derramava uma lágrima. E graças a Deus elas vieram, eu estava sufocando dentro do meu otimismo. Sábado passado, minha médica aumentou o remédio pra náuseas intravenoso que é aplicado junto com a quimioterapia. Acho que nunca vou ficar pronta pra isso. E cá estou, escrevendo e chorando enquanto escrevo. Eu já tinha passado por tanta coisa antes do câncer. A vida inteira enfrentando minhas coisas difíceis (por que todos têm pedras nos sapatos ou pedras sendo jogadas nos seus telhados, é normal e saudável), tendo que encarar coisas na marra. Perdi a conta de quantas lágrimas como essas foram derramadas. Cheguei a questionar com o Santíssimo: "mas é isso mesmo? É desse jeito?". E por inúmeras vezes, em diversas situações, algumas pessoas nunca me deram escolha. Mas isso nem me importa, hoje as proporções são tão outras que hoje eu só queria meu cabelo de volta, minha geladeira, minha saúde, acordar me sentindo realmente bem disposta, sem remédio, apenas acordar, tomar banho e ir trabalhar, tomar um café, sentar na praça e ver o movimento. Era o que eu queria no último sábado enquanto eu vomitava pela enésima vez, e enquanto estava enfraquecida, eu fechei meus olhos chorando e imaginei outra situação, outra vida, outra minha vida, não a vida de outra pessoa, imaginei estar com meu namorado num lugar legal, pegando um sol, bebendo água gelada, sorrindo, com cabelo grudado no brilho labial de glitter. É difícil perder o chão tantas vezes, a gente fica imaginando se o poço é mesmo fundo, enquanto caímos. Não quero falar de Deus, muito embora a minha existência seja um traço da existência dele. Quero falar de todas as preces. Por que todo dia é uma oração. Uma oração que faço me olhando por dentro, num lugar onde ninguém mais me conhece e de onde tenho que tirar força pra terminar a minha jornada. Eu pensei que se eu morresse seria uma boa coisa pra deixar, minhas preces. Por que no final da vida, não importa mais nada, é só o que se leva. É a dracma que o barqueiro do outro mundo exige de nós. Uma prece ao divino pra que ele nos veja com misericórdia. Foi o que eu disse pra Deus quando eu me levantei do sofá pra ir ao banheiro no sábado: "Então, vamos acabar logo com isso. Deus me dá força. Tem misericórdia de mim". Eu não sei vocês, se estivessem no meu lugar, se chorariam, mas as vezes é tão solitário não chorar. A doença nos isola num mundo que só nós entendemos, e nós ficamos tentando agir como o resto da humanidade, sorrindo em meio a tudo. Mas tem dia, que realmente é um desafio de caráter. Por que você tem que se animar e tem que confortar quem te ama, por que eles sofrem vendo você tão degradado, acho que tenho mais compaixão por quem me ama do que por mim mesma, por que as vezes me pego estranhamente, encorajando a eles. Nessa hora eu viro pro canto da minha alma, e peço força dobrada, por mim e por quem olha pra mim. Por que um guerreio que se sente fraco diante da guerra, é realmente fraco. E é por isso que eu deixo aqui minha prece, pra toda mãe que carrega o filho doente, pra todo filho que precisa dar banho no seu pai, pra toda irmã que doa medula pra outra irmã, pra amiga que não sabe como ajudar, mas está lá, pro pai que só consegue chorar, pras avós que fizera promessas, pros enamorados que pegam no colo, pras tias que seguram as mãos. Vocês são a melhor oração que alguém como eu pode ter. Obrigada.

17 de julho de 2015

Depois dos Vinte e tantos


Com o passar dos anos a vida fica mais engraçada. Principalmente pra nós mulheres, descobrimos aos vinte e poucos ou aos trinta, que o corpo de quinze não estava preparado, então olhamos nosso corpo maduro de hoje, e bem, sabemos ser elogiadas por ele, porque deu um pouco de trabalho chegar até aqui rs, dietas, malhação, folhas de alface, cultos intermináveis a beleza, pedicure, manicure, horas fazendo o cabelo, maquiagem, aquele vestidinho, homens, valorizem isso rsrsrs. Descobrimos que estar apaixonada é algo maravilhoso, e que diferente dos 15, aos vinte e poucos ou aos trinta, sabemos o que esperar de uma paixão. Aos vinte poucos ou aos trinta, quase balzaquianas, descobrimos que ainda não somos aquilo que sonhamos ser quando tínhamos 17 anos, e talvez nem sejamos aos 40 e poucos, quase 50, mas estamos batalhando, muitas de nós ainda vai fazer uma faculdade, ainda vão se casar, ainda serão CEO de alguma corporação, ainda terão bebês fofos, ainda aprenderão a dirigir e ainda farão aulas de culinária em Paris. Descobrimos com o tempo, que zeros são bem vindos, e droga, nunca saberemos dizer se a esquerda ou a direita, e que tanto chocolate não pode fazer bem. E aprendemos que toda mulher tem celulite, apareceu depois dos quinze, e aos vinte e poucos quase trinta, diferente dos 19, nós não temos mais vergonha delas. Aos vinte e poucos, ou aos trinta, descobrimos que olhar a foto daquele ex e não sentir absolutamente nada, é perfeitamente normal, afinal, foi só uma paixão boba e ele era bonzinho, mas ser bonzinho não basta, tem que ser o Cara. Descobrimos que o amor é um Cara bem mais legal. Aos vinte e poucos ou aos trinta, amor ainda é uma coisa muita séria, tipo, se comprometer, e coisas sobre respeito, admiração e reconhecimento, mas que você só descobriu por que finalmente conheceu o homem certo. E descobrimos que aos vinte e poucos, perto dos trinta, que foi legal todos os homens que passaram pela sua vida, se recusarem ser o Cara. Por que  então esse Cara certo apareceu e fez toda essa loucura fazer sentido. Com quinze anos nós ouvimos das nossas tias ou das nossas irmãs mais velhas, que depois dos quinze, tudo passa muito mais rápido. E com vinte e poucos, ou aos trinta, descobrimos que elas tinham razão. Descobrimos aos vinte e poucos que nunca acharemos o shampoo ideal, e que nunca, realmente nunca, vamos curtir ficar "naqueles dias", e que diferente dos quinze, isso não é mais constrangedor, ou seja, já dá pra comprar absorvente na farmácia, no supermercado e na loja de conveniência, por que você já é uma mocinha, rs. E por fim, aos vinte e poucos, ou aos trinta, estamos com nosso gosto apurado e com a nossa vida em alta performance, sem medo, sem mimimi, o que tiver pra hoje, com uma xícara de café. Descobrimos que ter uma lingerie bonita não é tabu, e que independente dos ritos de beleza, tem algo sexy naquela marca de expressão. É como se ela te encarasse e dissesse que você fez direito, e que é por isso que ela está ali, ela não é um monstro, é só a vida te mostrando um caminho. E por que a vida nos oferece esse caminho, nós descobrimos que diferente dos quinze, onde tudo era um drama, a vida é mesmo engraçada, de vários jeitinhos engraçados. E que igualmente aos quinze, nós podemos aproveitar!

19 de junho de 2015

Um sábado dos deuses

Sábado, 13 de junho. 2015, 13h. E lá estava eu de frente pra privada, enfrentando todos os demônios. O enjôo começou rápido, como uma onda me levando pro fundo do mar. Antes de vomitar eu suei muito, tirei a blusa, e tremi de frio e calor, tudo junto. Então veio a primeira ânsia, vi meu café da manhã saindo junto com as minhas lágrimas espontâneas e o remédio cor de abóbora que fluiu nas minhas veias não tinha passado nem duas horas inteiras. Eu não sei direito o que me passou na cabeça. Eu bem gostaria de ter tido um pensamento digno de qualquer santo, mas na verdade, não tive nenhum que valha a pena reproduzir. A segunda vez foi mais devastadora. O líquido meio cor de abóbora chamado dacarbazina que providencia minha cura, cobra um preço caro. E la estava eu de novo, num profundo diálogo com a privada. O líquido quase cor de abóbora desceu (ou subiu, dependendo do seu angulo de visão), queimando meu canal nasal e minha garganta. Depois de tanta conversa fiada com o vaso, eu sentei no chão do banheiro e queria muito chorar, mas me senti tão seca diante de tudo, que me levantei, olhei meu rosto pálido no espelho e me obriguei a lavar o rosto e escovar os dentes. Olhei nos meus próprios olhos e mesmo sabendo que Deus tem sido meu escudeiro nessa guerra, não pude me furtar de pensar sobre como o câncer nos rouba certas dignidades. Mas eu tenho me recusado a baixar minha cabeça. Em qualquer momento, seja saindo do banheiro após vomitar, seja entrando ou saindo do hospital, eu mantenho minha postura de rainha digna, e me desculpem aqueles que pensam que eu deveria manter minha postura de humildade. Não sou humilde, sou verdadeira, indomável, e mesmo desesperadamente desestabilizada, passando mal, não me dobro, não fico mal humorada e não reclamo da minha vida. Talvez isso seja um tabefe na cara de alguém, e pra ser sincera, não to nem aí se ofende as pessoas os fato de eu conseguir falar do meu vômito de maneira tão aberta. De manhã cedo, ainda com remédio nas veias, a enfermeira me pediu pra pensar com carinho num cateter, eu não respondi nada audível, mas tenho certeza que meus olhos disseram: Nem a pau Juvenal. Ela continuou o discurso: Você está no meio dessa brincadeira, será que essas veias vão aguentar até o final? Mais uma vez eu apliquei o silêncio do "não argumento com pessimistas". Minhas veias vão aguentar, e sabe porquê? Porque elas são minhas, nelas está escrito: Sou Juliane. Eu aguento. É como ser um guerreiro e levar uma flechada nas costelas e ainda assim continuar lutando. E por que não? Felizmente as batalhas não têm sido solitárias, posso me gabar de ter ótimos soldados em campo, e frequentemente eu preciso de mais compreensão do que de força. Em dias como esse eu não consigo pensar com muita clareza e tão pouco me comunicar, não é egoísmo nem pragmatismo é pura desestabilidade. Não gosto de passar mal e não sei lidar bem com fato de conversar com a minha privada sobre coisas tão... Profundas que vêm das minhas entranhas. Mas estou pronta pra falar de amor (não com a privada). Ainda não estou pronta pra fazer quimioterapia. Mas faço. Passei o dia na cama, mais adormecida que a Bela adormecida. Foi um dia nulo. E enfim abri as portas do domingo com minha primeira refeição em 24h. O sentimento de estar vencendo é inconfundível e faz com que sinta realmente um membro da realeza, afinal, enfrentar a morte não é pra qualquer um.. É pra quem sabe conversar com privadas.