Você fecha os olhos por um instante, e sente aquele vento bem fraquinho naquele dia de verão, então aquilo te transporta pra um dia, numa hora que você gostaria de ficar pra sempre. E primeiro vem a lembrança daquele cheiro que você sentiu e te deixou um pouco sem chão, a visão fica um pouco turva, mas você consegue ver o sorriso, ouvir a voz, sentir o toque. Ainda de olhos fechados, você sorri. Relembra pequenas frases significantes, os gestos marcantes, e novamente a lembrança do cheiro vem te entorpecer, você suspira. Você abraça a nuvem que te envolveu e de repente retorna pra realidade. Ainda sente tudo quando abre seus olhos. Ainda consegue ver sua mãe na cozinha fazendo bolinhos de chuva, ainda vê seu pai te chamando pra dar uma volta e conversar sobre a vida. Ainda vê seu amor, em seus braços, e vê seus filhos ainda bebês. O coração enche de alguma coisa agridoce, não é? Um misto de emoção e melancolia. Uma vontade de fazer tudo de novo. Eu sempre acreditei nas boas lembranças, no poder que elas têm de nos elevar, nos impulsionar, nos dar esperança. É bom fechar os olhos e lembrar, é como sonhar com algo que tivemos, desejando que se remove. Quando tudo ficar difícil, feche os olhos. Lembre- se daquele dia, daquele lugar, daquelas flores, lembre- se da brisa da manhã de inverno e você tentando aquecer as mãos de alguém que sorria. Lembre- se daquele beijo. Do abraço de vó, dos natais na casa da sua tia. E parafraseando a Dori, do Nemo:"continue a nadar, continue nadar!!". As boas lembranças são como um motor, e elas podem te impulsionar, podem criar novas coisas em cima das velhas. Eu acredito nisso, e além do mais, uma boa lembrança pode trazer pra perto quem está longe. E isso não tem preço quando fechamos os olhos pra tudo ao redor.
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