Da
série: [se você pudesse me ler]
(isso
é só uma coisa que eu queria dizer, como tantas outras que os outros dizem, se
você pudesse me ler...).
Vi um troço legal a internet hoje, de uma
iniciativa não governamental que visa conscientizar as pessoas perante o
governo, até postei mais cedo, para reivindicar os direitos das pessoas com
câncer, esse assunto não pode ficar batido assim como os outros assuntos
políticos que nos envolvem. É fácil assistir o jornal e ficar a par das
notícias, certo? Mas e se podemos fazer algo? Assinar uma petição via internet,
que seja?! Temos que pensar coletivo pra fazer valer o individual. Assim como
eu estava comentando com meu pai esses dias, eu acredito que as igrejas tinham
que ter um envolvimento mais efetivo dentro da comunidade que elas habitam,
sabe, não apenas portas abertas, mas sem paredes também. A vida de uma pessoa
pode mudar por causa de um trabalho de crochê, não só financeiramente, mas a
nível humano, de dignidade. Eu penso que eu acredito demais no ser humano e
peco por isso, enfim, acabo achando que as pessoas merecem credibilidade pelo
simples fato de que possuem inteligência, sentimentos também. E eu penso que
temos mesmo que mudar nossa visão de mundo. Deixar de olhar apenas nosso
quadrado, nosso “inBox”, e olhar ao redor, deixar de olhar apenas o “eu
existo”, o “eu sou isso ou aquilo” e ver que no mundo “existem” mais pessoas
que são “isso ou aquilo”. Dentro de uma família não existe só um pai, é um
nicho, pessoas possuem características diferentes e habitam no mesmo lugar, é
fantástico! Seria mais fantástico ainda se eu olhasse pro outro e visse as
qualidades dele somada ás minhas. Eu não sou expert, mas dá caldo! Eu sempre
acreditei que o diferente quando se junta, se torna extraordinário, talvez pelo
fato de não ser muito ortodoxa, ou de não aceitar bem o termo “diferenças”, não
adianta, não é uma coisa que eu consiga encaixar na minha lógica. E é nesse
ponto que eu quero chegar, a sociedade nos separa por classe, cor, função,
peso, estética, posição monetária, condição de sáude... de quem é esse poder e
porque? Não me enxergue mal, não sou socialista, (não que seja ruim ser
socialista, é que eu prefiro o capitalismo, aliás por questões muito egoístas,
eu admito. O quê? Não sou perfeita.), pelo contrário, mas não é uma questão de
senso comum? Talvez eu esteja errada, e até aceite correções. Por que as minhas
roupas, a minha cor e minha posição monetária, ou minha condição de saúde têm
que ditar minha posição na sociedade? E por que em nome de Deus, nós ainda
temos que ficar socando a cabeça na parede implorando pro governo dar uma
melhor condição de saúde e etc., pra população? Jesus, Maria, José e o camelo
se viraram muito bem numa estrebaria, mas hoje em dia a parada é outra. Certo? Os
nossos governantes e até nós mesmos, nos separamos em classes pra facilitar os
processos de “segregação” ou isso é só por maldade mesmo? E se você pensa que
não estou usando o termo certo pra isso, vamos ver o significado da palavra
segregar.
Segregação é o ato de segregar, de por de lado, de separar, isolar ou apartar.
Segregação é o processo de dissociação mediante o
qual indivíduos e grupos perdem o contato físico e social com outros indivíduos
e grupos. Essa separação ou distância social e física é oriunda de fatores
biológicos e sociais, como raça, riqueza, educação, religião, profissão,
nacionalidade etc.
Estamos de braços cruzados na luta contra o câncer,
contra a violência infantil, contra a pobreza, contra a corrupção, contra tudo.
E sabe por quê? Por que a novela das oito, diz que morar num barraco é legal.
Vou te explicar, lá é cenário, lá não mostra a falta de saneamento básico do
básico, do básico que é o direito a uma privada com descarga. Não quero ofender
o trabalho dos artistas, mas a arte imita a vida? Ontem na novela das nove, a
antagonista é pega desviando verbas de projetos na compra de materiais que
foram superfaturados, a outra que eu acho que deve ser uma protagonista
antagonizada, disse o seguinte: “O problema não é você desviar dinheiro, o problema
é pra onde você o mandou!” Eu não assisto, mas passei de relance nessa cena e
resolvi parar pra pensar: “Que país é esse?!”, onde na TV se fala de corrupção
e nada é feito, onde se fala do caos da saúde pública e nada é feito, onde
pessoas são privadas dos seus direitos, segregadas, e nada é feito, por mera
questão de status social, por dinheiro, por que você se acha bom de mais pra
protestar, porque vai deixar sua imagem queimada com “os mano” se você
reclamar? Você vai às urnas no dia da eleição e pronto, seu dever cívico está
feito, você trabalha e paga seus impostos, tá beleza. Sério mesmo? Enquanto a
crise não nos atingir é fácil cruzar os braços. Enquanto não somos nós os
doentes, é fácil virar a cara. Enquanto não somos nós os violentados,
assassinados, miseráveis e rejeitados, tudo ok. É por essas e outras que eu
gosto dos artistas, eles botam a cara no sol. E nós? Nós damos boa noite pro
William Boner e só? Olha, não precisa ir longe, na internet existem projetos
que você pode participar, do lado da sua casa existe uma escola pública, um
posto de saúde, não dói fazer uma visita pra quem precisa de um sorriso; já que
você não pode mudar uma lei sozinho, não custa nada fazer uma campanha de
doação de agasalhos e brinquedos, não machuca fazer um mutirão de reforma de
casas, no próprio bairro; não custa nada montar uma cooperativa que ajude
diversas pessoas na sustentabilidade delas, incluir as pessoas dentro de uma
sociedade justa não tem custo algum a não ser o custo pessoal, que é algo que
fazemos pelo bem coletivo. São as pequenas atitudes de amor e carinho que mudam
o mundo.
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