19 de novembro de 2015

È tutto finito

"Pra quê a pressa? Nós temos todo tempo do mundo." Estive pensando nisso. E quando o mundo tem tempo, mas você não tem? Como faz? Desiste de tudo e espera o final? Talvez agredir a Deus funcione, afinal, ele é o dono do tempo. E isso encerraria a questão por um tempo. Mas então, veríamos o tempo progredindo, nosso relógio em contagem regressiva, e todos os questionamentos voltariam, pesados, rudes e cruéis. Por que o grande problema não é lidar apenas com a finitude da vida. Não. O problema é não saber o que vem depois. Isso derruba qualquer um. Mestres de várias religiões são questionados todos os dias: "Porque Deus deixou meu filho morrer? Porque aquela pessoa teve que morrer tão tragicamente?" Quando na verdade, a grande questão, e a pergunta que nenhum de nós faz, é: "Pra onde a morte levou essas pessoas?" Quem poderia responder com exatidão o que acontece nessa dança macabra? Que mestre poderia ter o poder de revelar esse mistério? Eu procurei alguns, e nenhum soube me dizer. Embora sábios, me ensinaram como obter uma morte digamos, digna, me ensinaram como deixar minha alma pronta, lívida, em contato com o divino. Mas nenhum deles soube me precisar o que acontece quando damos nosso derradeiro suspiro. Seria um sono eterno, até que Deus decidisse me julgar? Será que eu ficaria acordada num jardim, vivendo de cheirar flores, até que alguém me chamasse para uma conversa, onde minha vida passaria num telão e alguém me pediria contas de tudo que eu fiz? Ou a morte simplesmente significa que tudo realmente acabou, e todas as teorias sobre alma, e espírito não seriam aplicáveis ao pós morte, revelando assim a aniquilação de certa existência, seria isso? Não que eu não tenha minha própria crença sobre o pós morte. Mas o grande fato, é que assusta. E pensando nisso, eu me vi completamente solitária. Por que de certa forma, é um tanto complicado morar num corpo perecível e tomar consciência disso. A finitude as vezes é um tema que passa rápido pelos nossos olhos, quando estamos por acaso, de frente pra coluna no jornal que anuncia oficialmente quem de importante faleceu. Então paramos reflexivos, mas não muito, por que a morte não é um bom assunto. E o engraçado, é que ela, a morte, é a coisa mais certa da vida. Dois contrapontos interessantes, porque ao mesmo tempo em que nasce um, morre outro. E todos os dias o universo segue com seu tempo, marcando o tempo de todo ser que respira. Por isso, por esse motivo, é que eu estou tentando me livrar dos meus medos, dos valores e princípios tão rígidos que me colocaram no pódio um dia, estou me livrando das culpas impostas pelos outros, por mim mesma, estou perdoando as falhas, principalmente as minhas, pelas quais sempre me puni rigidamente, e estou perdoando os outros, não que eu tenha muitos outros a perdoar, por que compreendi que por muitos anos, eu fui livre e não vivi como um "ser" livre. E eu ando aprendendo a dizer pro universo aquilo que eu preciso, e fico imaginando quem concordaria comigo. E acabo citando mentalmente, pessoas que nem conheço, mas que sei, de alguma forma, que possuem um coração bom, doador. Loucura, não? Aprendi isso com uma pessoa que se superou. E ando deixando o controle. Pois, se a vontade e o destino já estão traçados, porque controlar o que quer que seja? Eu apenas observo a maré e faço o que tem que ser feito. E confiar no Deus invisível e inominável, não é uma tarefa fácil. Ter fé nele, talvez seja a coisa mais fácil do mundo. Mas relacionar- se com ele, não é. É como a incerteza de pra onde vão as almas no pós morte. Não temos garantia de que vamos ouvir a voz dele. Não temos garantia de que ele fará milagres, de repente são regras demais pra aprendermos sobre como ter essas garantias, e sério, eu admiro quem as tem. Mas, eu sei de uma coisa. Assim como a morte é silenciosa e mobilizadora, assim é o Deus inominável. Silencioso e mobilizador, do tempo, da vida e do fim. E resumindo tudo, fica a minha pergunta: pra quê a pressa?

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