Minha vó diz que sempre que as nuvens vierem da esquerda pra direita, de qualquer lugar que você estiver parado, é sinal de chuva. Como ela sabe disso eu não sei, sei que dá certo! Ou pode ter sido questão de sorte. Lembrei disso hoje de tarde enquanto comia pipoca na praça, na hora do meu almoço, estava ventando, mas diferente dos dias muito gelados de outono a sensação de hoje era de um meio calor. Pedi uma pipoca e por trás dos meus óculos de sol eu aproveitei o dia, a hora pra ser mais exata. Me dei conta de que fazia tempo que não ouvia um passarinho cantando. Então parei e ouvi. As vezes é tudo que precisamos. Parar e ouvir. Quantos de nós estão tão ocupados, não ouvem a própria voz, os próprios pensamentos. Eu comecei a pensar sobre isso e em como a vida exige de nós o equilíbrio. Sábado passado eu acordei mais cedo do que de costume pra um sábado de trabalho, e logo após o expediente, cansada, eu fui ao super mercado. E tente equilibrar ovos e as ideais numa mesma mão e você vai saber que... os ovos sempre quebram. Não é tão fácil ser mulher, solteira, dona de casa, profissional e estar linda e sorridente ao mesmo tempo. E saber equilibrar isso tudo num mesmo corpo, sem deixar de cumprir nenhuma função, sem dúvida é tarefa pra alguém que sabe ser resiliente, eu não sei se tiro isso de letra. Acredite, um camaleão ficaria confuso com tantos papéis, e também com os ovos da bandeja. Até eu me confundo. Por isso tenho essa necessidade de estar só observando. Acredito que metade dos seres mortais precise disso. Concentração pra olhar o céu e sentir o vento, só pra saber se vai chover. Na maioria das vezes não dá pra prever, pelo menos, não quando comparamos com a vida. As vezes a vida nos surpreende, nos prega peças, nos joga pro alto... foi nessa mesma vibe que eu saí do trabalho hoje de noite e resolvi trocar o jantar pelo café de padaria, e é incrível como a vida pára pra nos contar uma história quando paramos pra ouví- la. Meu café já estava no copo, quando uma senhora bem baixinha e bem simpática reparou que eu ajeitava meu cabelo no espelho da padaria, sorrimos e ela puxou conversa, em meia hora trocamos telefones e eu tinha um convite pra mais um café. A senhora baixinha de olhos curiosos era ninguém menos que uma psicóloga que se dispôs a me passar tudo que ela puder sobre o que pretendo pro meu futuro, já que psicologia sempre foi meu sonho. A vida abre as portas quando nós abrimos o peito. O equilíbrio é encontrado no meio das nuvens, quando apenas paramos pra ouvir o que o tempo tem a nos dizer. E quer mesmo saber? No fim das contas ovos e ideias até que ficam bem numa bandeja... E minha vó estava certa, hoje choveu.
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