19 de maio de 2015

Câncer

Da série: [se você pudesse me ler]
(isso é só uma coisa que eu queria dizer, como tantas outras que os outros dizem, se você pudesse me ler...).
Como eu ia dizendo, o câncer rouba muita coisa da gente, mas eu também sou trapaceira. Bom, eu acredito que ter qualquer doença não seja fácil, já tive resfriados em que não aguentei sair da cama, quem nunca? E sempre que ficamos doentes, bem, existe uma norma de conduta, se não sabe o que dizer, é simples, não diga nada, aos que sabem, meu “muito obrigada”. Desde meu diagnóstico eu passei por muitas fases... É difícil enumerar por ordem o que o câncer fez comigo, então vou mencionar o que em mim teve mais impacto. Minha primeira pior experiência foi o dia do primeiro diagnóstico, quando me disseram que era só um cisto, quisto, seja lá o que fosse, eu pensei, “a mensagem que meu corpo está me passando é de algo mais grave, alguém, por favor?”. Me vi em pouco sem saída. No dia meu pai ficou tão feliz que resolvemos sair pra comemorar, só um caroço pra ser retirado com uma cirurgia. Mas eu não me convenci, eu sabia que não era só aquilo. Guardei aquilo pra mim. Então o cirurgião me transferiu pra uma hematologista, (dois santos na terra). Logo depois veio a biópsia, não consigo me lembrar na minha vida, de um dia que tenha sido tão longo e cansativo como aquele, lembro-me de ter chorado muito, lembro-me de não ter forças se quer pra andar, lembro-me de três mãos apertando as minhas, a primeira da minha médica, que disse: “Ju, nós não vamos desistir, vou conseguir sua biopsia pra hoje ainda, nem que eu precise arrumar outro médico!”. A segunda mão foi a do médico que ela “improvisou”, ele segurou minhas mãos com as duas dele e disse que tudo correria bem. A terceira mão foi a do médico que ela tinha conversado pra fazer minha biopsia, ele tinha ficado preso na serra por causa de um acidente, ele pegou minhas mãos e disse: “Vamos lá!”. Durante certo tempo o câncer me roubou a cor, eu era apenas branca como uma folha de papel, e frágil, e ficar acordada durante uma cirurgia e saber que estão tirando uma parte sua pra te dar uma má notícia, não é legal. Hoje eu olho a cicatriz na axila, e admito, me incomoda, assim como as outras cicatrizes, a da biópsia da medula que é diferente da cicatriz da axila, é só um ponto na minha lombar, ela me incomoda, é minha lembrança de superação. Marcas de superação. Tem dias que eu preciso muito chorar. O câncer me roubou a autonomia. Sabe, eu montei toda minha casinha dos sonhos, morar sozinha é um barato! Andar de meias pela casa é um hobby pra mim, entre outras coisas que fazemos quando estamos no nosso lar e nenhum um outro lar é melhor que o seu, pois ele pertence a você. Aquele era meu lar, o lugar onde eu finquei as raízes da Juliane. Atingi o auge máximo que uma pessoa solteira ambiciona na sua autonomia, parei de lavar as roupas na lavanderia e finalmente comprei minha própria máquina de lavar; 8kg, com economia de água, chupa essa manga! A máquina só faltava falar! Mas como essa seria uma boa história de superação se eu não tivesse o amor incomensurável da minha família? Pusemos tudo num caminhão e lá se foi minha máquina pro sótão da casa da minha avó. Sonhos em conserva e devidamente empacotados, estes ficaram pra depois. A biópsia da medula. Putz, aquilo foi doloroso. Ficar na posição fetal sem ser um feto, e sabendo que vão usar uma agulha e o caramba pra pegar um pedaço do seu osso, não é legal. Eu estou magra, 10kg pra quem já era magra fazem muita falta, ossos quando batem, doem hahhaha, o caso é que não achavam o meu osso! Eu não gosto nem de lembrar, no lugar de dois furos, me fizeram cinco. E a anestesia? Não me lembro dela ter feito muito efeito. De um a dez, a escala da minha dor foi 9.9, o dez eu guardei pras inúmeras vezes em que ainda vão furar meus braços com agulhas. Quando eu olhei pro médico lindo que fez a biópsia de medula, eu estava chorando copiosamente, tive a impressão que ele queria me pedir desculpas. Ele era lindo mesmo, moreno, nem tanto, barba por fazer, nem tanto, alto, voz de locutor de rádio, (meu número kkk), eu chorando de dor, me senti estúpida, não por ele ser lindo, mas por eu sentir dor. Nunca esperamos que na vida, certa dor nos está de certa forma, de algum modo, em algum momento, predestinada. É disso que eu me lembro de quando ao longo que desses meses encontrei várias pessoas no meu caminho, umas realmente me apoiando, outras apenas curiosas, umas outras educadas, umas poucas sem palavras, e bem... Algumas, realmente idiotas. Ouvi certa vez o seguinte: “Essa doença é um pecado que você cometeu. Peça perdão pra Deus que ele te cura”. Outra: “doenças como a sua são as mágoas que você tem guardadas, você precisa liberar perdão”. Como uma pessoa sensata lida com isso? De maneira sensata, eu suponho. Mas como eu não tenho mais nada a perder e sou uma sensata com requintes de lunática, e não me levem a mal, eu não esperei as frases serem terminadas, eu virei as costas literalmente, por que eu sou muito capaz disso e fui viver, eu sou desapegada demais as vezes. Já me taxaram de fria, mas sou pragmática. Pra que discutir com alguém que não nos conhece? No final, acaba sendo sensato, que sejam felizes com suas filosofias, a minha é, Deus não tem nada a ver com isso, meu corpo de defeito, deu zica mesmo sabe, a medicina explica, estamos tratando, se Deus quiser fazer algo através disso, não se preocupem, eu não estou preocupada, ele é o dono da casa. Então, onde estávamos? Sim, ter um câncer nível, estágio, fase  QUATRO (4) chame do que quiser, não é legal, assusta, é grave. É como estar na última fase do seu jogo preferido e saber que não pode dar reset e recomeçar na primeira fase, é como estar na tábua da beirada de um navio e lá em baixo o tubarão. Lidar com a morte todo dia, saber que pode ter uma embolia pulmonar e simplesmente deixar de existir, dá medo. As vezes eu tenho que chorar em silencio por causa disso, por que a sensação que dá é que ninguém vai entender realmente o que eu estou passando, que na verdade não é só um câncer, é a minha vida que eu estou agarrando, mesmo com câncer. Então, o câncer é meu, é um problema que eu agarrei com as minhas mãos e estou tentando resolver, embora seja plenamente amada por isso e apesar disso, e não tenho vergonha disso. E por ele estar dentro de mim, às vezes tudo se mistura. Perdi um amor, mas disso não vou falar, não sei quando, mas teve um dia que desisti, só desisti. Desistir dos cabelos. Não desisti, tenho que agradecer a Débora, mil vezes, por mil anos, por ter feito esse corte no estilo daquela garota Hanna Montana rebelde kkkk, qual é o nome dela? Nunca lembro, minha memória falha as vezes. Eu rezo pra não ser dramática, quero ser prática, mas as vezes eu caio nesse pecado do drama, e puxar seu cabelo e ver ele saindo na sua mão... não é legal. Eu achei que estava preparada pra isso, afinal, não estava. Eu chorei sozinha com um tufo de cabelos nas mãos por meia hora me imaginando feito um  “E.T.” com a cabeça lisa como um ... como o que? Eu não sei, não quis pensar muito, não quero pensar nisso, mas o cabelo, justo o cabelo que tá bem ali onde eu penso.. quase na minha cara. Então a gente tem que pensar que são coisas da vida, propósitos divinos e a nossa vida parada, e questionamentos surgem de todos os cantos da alma, e eles quase gritam: “Doente e careca, quem vai me querer?”,  “Vão me olhar com pena”, “Ou não vão nem olhar, vão evitar”, “Minha vida está parada e agora?”, “qual será o meu futuro”. Guarda isso, vou dizer a última coisa que mais me impactou e vou usar essa última questão só pra explicar por que não é necessário me desejarem mais força. Fazer tomografia, pet scan, exames de sangue toda semana, e os caramba, o procedimento mais simples de todos, envolve agulhas e meus braços e mãos, tenho marcas, e se eu não aguentar o tranco, bem, ultimamente eu choro. Chorar em publico não é comigo, sou do tipo que aguenta sorrindo, mas tem hora que não dá. Mas “tá de boa”. Quero falar da minha última quimioterapia, descer a serra de Petrópolis, entrar num hospital e sentar numa maca sabendo que vão furar seu braço e depois de tudo você ainda vai vomitar, não é legal. Dessa última vez me parece que vomitei minha alma. Fiquei até com medo de dar descarga e deixar minha coragem descer junto. Minha sensação essa semana quando minha mãe quis falar sobre a próxima quimioterapia, foi de náuseas. Eu escondi a bolsa, os sapatos e as roupas que usei naquele dia, por que parecia que eu estava sentindo o cheiro dos remédios e depois eu tive vontade de sumir por alguns minutos. No dia da quimioterapia eu fico mal, não dá pra andar, teve uma vez que vi as coisas em dobro, meu pai me segurava pra eu entrar no carro, e ele disse assim: “Põe seu pé dentro do carro filha!” e eu respondi rindo: “qual dos quatro?”, me pareceu engraçado. E bem, a medicação é forte, minhas veias dos braços doem, então é aí que eu penso: “Qual será meu futuro?”, é agora que você entende por que não precisa me desejar nada... Eu já tenho as minhas respostas, estou plena. Acredito que pelo menos uma vez na vida todos os seres humanos recebem a oportunidade de reconhecerem que são plenos e isso só acontece em dois casos, o primeiro, diante da vida e o segundo diante da morte. Eu recebi o dom da vida ao nascer dos meus pais (faço questão de ressaltá- los, tudo que eu sou vem deles, do dedão do meu pé até meu último fio de cabelo), usei esse tempo pra crescer e aprender muitas coisas, eu aproveitei tudo ao meu redor (dentro dos meus princípios, sem escrúpulos), e fui colocada plena diante da morte, mas eu fui (sou) tão amada, que na verdade não me importaria morrer, e a morte (embora me amedronte muito mais pelo desconhecido), eu acho que ela não suporta o amor, por que é o amor que tem me sustentado e acho que ela também não suporta as verdades de quando somos honestos (serei redundante e vou escrever errado srsrrs), “conosco mesmos”. E eu nem deveria ser tão pretensiosa, isso pra alguns deve ser até grosseiro da minha parte, mas bem... Estou plena em vida, descobri que todas as respostas que eu preciso pra hoje, eu já tenho, que tudo que eu sonhei, foi conquistado, que as pessoas que eu amo e que completam minha vida, já estão ao meu lado, e o futuro... É agora, meu futuro é a minha vida e a minha morte. E o câncer está indo embora dela, (segundo minha médica, Dra. Márcia, linda e simpática). Então, o medo na verdade é uma coragem, e devo apenas concluir que sou só uma pessoa com um sonho pra sonhar, e que se eu me misturar na multidão (que Deus me permita), nem vão perceber que na verdade eu sou uma trapaceira e enganei a morte.

Essa é a minha marca de superação.

7 de maio de 2015

Trecho de :[Alguém precisa acreditar no amor]


Ela tinha estilhaços nas mãos, olhava perplexa todo o sangue, que no entanto não vinha de suas mãos brancas e delicadas. O sangue vinha de seu peito. Suspirou fundo, o sangue vinha de seu peito vazio, pois ela acabara de rasgá- lo massacrando o próprio coração. Estava pálida quando caiu de joelhos e chorou. Ela tinha estilhaços nos olhos, seu coração descompassava, suas lágrimas vertidas eram puro sangue, o sangue contudo, não vinha própriamente de seus olhos, vinha de sua mente, pois ela estilhaçou a razão. Estava pálida, quando caiu de joelhos e sorriu.
Ela jamais precisaria amar com fragilidade outra vez, não seria mais amada por seus nobres e dignos sentimentos, pois o que era vridro se quebrou. E ele, ele jamais precisaria ter razão em tudo outra vez, não precisaria amar com desconfiança, nem pensar nas possibilidades, nas estatísticas. Pois o que era vidro.. .se quebrou. E quem pode, nas muitas cirandas da vida prever o amor? Quem ousa flagrar seus inícios, seus começos, remover suas pisadas, seus regressos? Logo o amor que dá meia volta, volta e meia... logo o amor que tu me tinhas, que era pouco, se acabou.
Ora queridos, nesse grande teatro que é a vida, ALGUÉM PRECISA ACREDITAR NO AMOR. Quer sejamos feitos de vidro, quer sejamos feitos de carne, alguém precisa se sacrificar. Pois o amor é o sobrevivente dos massacres que fazemos por querer alguém.

[Trecho de: alguém precisa acreditar no amor]


As vezes eu tenho vontade de correr... mas não agora, agora estou sentada com as mãos nas têmporas tentando entender. E as vezes eu até corro. Corro como se o meu corpo estivesse se esvaziando de tudo. Como se a mente estivesse vazia. E depois, só depois... eu choro. Choro por não acreditar mais em milagres e por todas as vezes que eles ainda irão me acontecer sem que eu peça.
Você já existiu sem existir? Já ensinou alguém a amar? Já ouviu o ritmo da chuva? Já esperou sem cansar? Já sorriu de tristeza? Tomara que seja rico... de todas as belezas... por que quando a escuridão toma conta de alguém... coisa mais triste não há. E é bom, vez ou outra, respirar.
E quando você tem uma coisa boa.. o que você faz? Você acha melhor largar? Se eu soubesse antes o que eu sei agora... mesmo assim... eu teria me apaixonado. Mesmo com cicatrizes, com coisas pra pensar... mesmo tomando um ônibus em outra direção... mesmo assim... com toda minha respiração presa no meu choro, eu ainda assim me apaixonaria. Pergunte para sua alma... ouça o seu coração... mesmo se você já soubesse de tudo... você também não se apaixonaria? Eu ainda fecho os meus olhos pra acreditar no amor. Ainda guardei aquela foto. E é triste ter que admitir... mais ainda te desejo aqui.
Você me empurra... pra dentro de uma queda livre... e você me machuca... vejo seu rosto perfeito na escuridão. E você sorri, sem a mínima intenção de me salvar. Então eu acordo no meio da noite. Você apenas disse não. E olhe pra mim... estou acordada no mesmo pesadelo outra vez. Ainda acredito no amor... e ainda lamento por continuar a acreditar em todas as coisas tão lindas... acontece... alguém ter mais amor do que o coração pode guardar. Mas faço dessa fé um lugar de onde eu posso me esconder... por que querido .. alguém precisa acreditar no amor.

[Ainda sinto o perfume dele]


Tentei fugir de cheiros que lembrassem o seu, prendia a respiração. Mas é inútil fugir de alguma coisa quando ela está enraizada e nos corrói. Que saudade eu tenho de sentir teu cheiro, tocar teu rosto, e numa tentativa muda, tentar te fazer parecer menos cego... mais real. Menos sério, menos frio. Minha tentativa de te trazer pra superfície, foi o meu maior erro. Eu devia saber que você foi feito pra viver mergulhado. A superfície te sufoca, a verdade te enlouquece. E meus olhos tão certos, tentando descobrir no teu mundo um lugar seguro. Eu deveria saber que me chocaria contra as suas pedras. Mesmo sabendo o que não pode ser, mesmo sabendo que a água nunca pega fogo, acreditar ainda é possível pra mim. Isso ninguém me tira. Mesmo chocada contra as rochas e lutando pra não chorar toda vez que sinto o teu perfume. Mesmo que eu saiba que você e eu escolhemos caminhos opostos ou distintos. Eu ainda acredito em você, eu ainda sinto a tua distância tão presente dentro de mim e ainda sinto o teu perfume.

PETER VAN HOUTEN, Uma aflição imperial

Enquanto a maré banhava a areia da praia, o Homem das Tulipas Holandês contemplava o oceano: — Juntadora treplicadora envenenadora ocultadora reveladora. Repare nela, subindo e descendo, levando tudo consigo. — O que é? — Anna perguntou. — A água — respondeu o holandês. — Bem, e as horas. 

Crônicas de um sábado sozinho

Eu me levantei muito cedo, antes do barulho dos carros, das pessoas com pressa. Olhei a rua vazia e andei devagar, saboreando uma paisagem difícil de ser vista às duas da tarde. Um milhão de coisas passaram na minha cabeça até que eu pudesse apreciar o primeiro gole do meu café. Uma delas foi a solidão. A solidão é sempre uma em um milhão. É como eu defino. A calçada vazia me deu mesmo a impressão de estar sozinha. Olhei pro céu em tempo de ver a casinha do João de barro em cima do poste. Nada demais eu diria... esse dia não guarda nenhuma surpresa. Mas quem pode dizer que não há beleza num dia normal? Um dia normal, um café normal, um bom dia ou dois. E a beleza está nos olhos de quem vê. O extraordinário mora no olhar simples e desinteressado. Por isso eu sempre brindo às coisas pequenas e simples. Por que essas coisas sempre possuem o poder mas grandes mudanças. Então... um brinde ás manhãs tranquilas e solitárias, ao João de barro que é um bichinho inteligente e a pessoa que fez meu dia especial com um abraço apenas. Por que a solidão até pode ser uma em um milhão mas as pessoas que quebram o ciclo solitário também são únicas.

Algum destino


Os olhos estavam fixos em algum lugar do futuro. Ela olhava impaciente para a porta, a porta pelo qual seu destino entraria. Sua mente passeando por lugares que ela nunca foi. E ela se rendeu sem se dobrar aos sonhos tão bem elaborados, sem nem se quer desconfiar que o destino a tinha em outros planos. E a luz continuava entrando pela porta, o sol aquecido entrava com a leve brisa do som de mais uma manhã. Pequenos feixes de luz encharcavam seus olhos recém acordados, feixes brilhantes e coloridos enchiam o quarto de luzes multicoloridas. Era possível ver em sua estante todos os livros que ela não leu e todas as coisas que ela escreveu. E era possível vê- lo bem ali encostado na porta, sorrindo. O destino havia lhe preparado nada mais do que uma maravilha. Algo que a fazia pensar que aquela vida existia sem existir. Algo que ela nem se quer podia em mil anos mostrar totalmente em gestos ou palavras. Algo só dela, só dele.

Petrópolis, 26/02/2014, 4:40am, só esperando o sol nascer...


Sigo tentando entender por que estou acordada a essa hora. É cedo demais pra qualquer coisa, até para... a gente estava falando de quê mesmo? Ah sim! Estar acordada. Talvez eu até devesse ler o meu horóscopo... mas eu não acredito nessas coisas. Ano passado por exemplo, o horóscopo disse que: "você vai encontrar o grande amor da sua vida", pelo menos umas 17 vezes. Não encontrei nenhuma vez, quem dirá umas 17. Mas quanto ao planeta regente mercúrio sambar na minha desgraça, isso já não contesto. É um fato. Não, o texto de hoje não tem uma lição de moral (mentira), estou com muito sono pra formar um pensamento coeso. Isso é um blog que inicialmente tinha uma coluna diária, uma pauta coesa. Mas a coesão daqui acabou tem uns quatro meros meses. Não me façam perguntas difíceis, não vou responder o por que. Nas palavras do Sid da animação, Era do gelo: "nós somos uma família, dignidade não tem nada haver por aqui". Sim, isso é pra mostrar que eu também sei citar coisas. Niels Bohr por exemplo, disse: "a vida é tão séria que precisamos rir dela". Eu concordo com ambos. Um personagem de desenho e um físico ganhador de um prêmio Nobel podem saber muito sobre a vida. Eu sei que, não deveríamos ser obrigados a dar repostas que não temos e nem acordar tão cedo. Eu só tenho uma expressão pra definir isso: "é uma meleca". Posso dividir uma coisa íntima?- lógico que posso, é meu blog pombas! rsrsrs- lá vai: meu celular não escreve palavrão!! Quando eu quero por exemplo, escrever um palavrão de primeira linha ele sai assim: "Baralho!" Quando é uma coisa mais leve tipo cacete, ele escreve de cara,"Abaeté". E vocês devem estar se perguntando por que no mundo eu estou falando tanta asneira. Tudo se interliga. Pode parecer que não. Mas me deixa mostrar a lógica. Eu comecei o texto perguntando por que alguém acorda tão cedo, demorei exatos 30minutos pra escrever até aqui. Disse sobre ler o horóscopo e o fato de mercúrio sempre sambar sobre meu caos preexistente. Citei dois personagens que fazem todo sentido e acabei de falar sobre meu celular nunca escrever palavrão. Eu poderia dizer que o futuro de tudo é um copo de café, mas na verdade o que eu quis dizer com tudo, é que leva um tempo pra acordarmos pra vida, que nós não somos os únicos donos da verdade, e não somos obrigados a ter repostas, que a felicidade é uma escolha, assim como as pessoas com quem convivemos, que as vezes as coisas dão errado de uma maneira inexplicável e isso não é o fim do mundo,(nem culpa do mercúrio), por que as vezes uma coisa dando errado significa dez dando certo e as vezes nós só sabemos ficar com os nervos à flor da pele enquanto escrevemos ou falamos um palavrão de primeira ou terceira classe. Nessas horas, dou graças a Deus pelo meu celular manter a educação verbal que eu geralmente não tenho. Pode ser que eu precise aprender que leva mais ou menos uma hora pra achar a coesão dos meus fatos importantes da vida. Enquanto isso, vou acordando cedo, nada como a luz do dia pra clarear as ideias adormecidas.


Então, bom dia!


P.S.: Ah sim, saímos do recesso, quatro meses é tempo suficiente pra se recuperar de qualquer coisa
.

Castelos de areia


Quando você estiver cansado de construir castelos de areia, quando suas mãos estiverem machucadas demais por quebrar tantas pedras, quando você não quiser mais encarar ninguém e seu corpo estiver cansado demais da vida, quando cada passo dado causar um cansaço e um peso a mais na alma, ...lembre- se dos sorrisos que já foram dados por coisas tão simples. Quando o mundo inteiro pesar complicadamente contra suas costas e isso drenar todas as suas forças.. lembre- se daqueles que te amam, existem pessoas que agradecem por você respirar. O amor é a força mais poderosa do mundo. Ele é o vínculo da perfeição quando tudo parece escuro demais e confuso demais. Ele é a força que brilha antes de cairmos no abismo. Ele pega em nossas mãos cansadas e nos salva. Nos momentos em que não conseguimos erguer nossa cabeça e lutar, bem, isso não é uma vergonha, não querer é diferente de não conseguir. É nessa hora que a vida nos apresenta uma chance. Uma razão. Então descobrimos que embora não tenhamos tudo, ainda temos o bastante pra fazer uma prece e agradecer. Por que embora a vida inteira seja dura, ela também é breve demais pra ser gasta num mar de dores. Então sorria, e mesmo que a felicidade não seja uma completa verdade, lute, lute até que seja. E quando for, agarre, agarre com as duas mãos e viva isso, e não importa o que aconteça, nunca solte. E não importa se caminhada for solitária e a rua estiver vazia, não guarde seu coração numa caixa, continue com ele nas mãos, por que é como me disse uma sábia mulher: "filha, um dia alguém vai aparecer e vai, além de nós que já te amamos, merecer tudo de bonito que você tem dentro dele." Ela me disse isso por que ela achou a felicidade... e nunca mais largou. Ela não olhou as circunstâncias, ela foi feliz e nunca olhou pra trás.

A História de Miss Grey



Estrelas se multiplicavam no céu enquanto ela se perguntava: "E agora?" Em que poças poderia se afogar? E em qual delas se molharia mais?! Assim era miss Grey. Nunca via o céu azul. Ela caminhava sem expressão, corria sem suar. Os cabelos sempre bem arrumados, seus mundos sempre bem alinhados. Assim como seus sapatos engraxados, assim eram suas ideias. Opacas e práticas. Nenhuma bagunça, nenhum imprevisto, e nem era notada, passava despercebida pelas poças d'água. Sem sol, sem arco-íris, sem expressão facial sem quase nenhum sorriso e sem dúvida, nenhum sentimento. Assim era a pobre miss Grey, só conhecia o cinza e o preto, só conhecia pessoas vazias e noites sem graça. Então a pergunta voltava na mente enquanto as estrelas coloridas cintilavam ao redor: "E agora?" Perigosas portas se abriam em sua mente e estrelas cadendes cheias de cor dividiam suas ideias, elas invadiam o brilhante controle, transformando tudo em um precioso caos. Ela corria como o vento, fugia do acaso, o cinza era sóbrio e o preto era estável. Deus não aprovava cores. E ela só gritava por dentro: "E agora?", e toda noite o brilho colorido das estrelas vinham encher suas frágeis convicções, estrelas multicoloridas formavam uma fina camada de névoa, se miss Grey fechasse os olhos, poderia até voar. Apesar disso e por causa disso, sentada naquele banco de jardim, olhando a camada colorida, e o castelo, ela chorou. Pela enésima vez sentiu- se só. Pequenas estrelas escorreram dos seus olhos e caíram no chão fazendo brotar pequenas flores que ela não viu. Seus sonhos tão organizados também eram feios e estavam quebrados. Foi nessa hora que o suor molhou sua testa levemente pela primeira vez. Pequenas faíscas coloridas saiam do seu coração, ela estava cansada de dizer não. Afinal, ela tinha esperança e afinal não era tão cinza quanto se esperava, foi então que Miss Grey viu tudo ruir. Seu mundo tão equilibrado parou de girar. Ela tentou segurar com as mãos o que nem o coração podia prender, amarrou com cordas o que a tempestade podia levar. E fez uma prece. Mas já era tarde, e ela não sabia que pra brilhar era necessário primeiro, perder energia e assim como uma estrela cadente, seu pequeno universo ruia. Miss Grey que estava a beira do precipício, sentiu toda a vida em cor. Na perda, nos ganhos e em cada mudança, ela sentiu o amor. Então ela desistiu de lutar, abriu os braços e simplesmente voou. Miss Grey nunca mais foi a mesma. Estrelas nebulosas coloriam seu estado cinza, e ainda que tivesse medo, ainda que desconfiasse, mesmo assim ela ainda iria voar, mesmo com o coração partido. Na verdade ela bem sabia que se o coração não se partisse ela jamais teria visto o brilho colorido de tantas estrelas. E agora? Agora esperamos... se olharmos bem para o horizonte, um pouco além da montanha veremos que miss Grey está sentada, ela sorri, está esperando o que só uma miss Grey esperaria.