30 de dezembro de 2014

C'est fini

As vezes eu acho que na verdade todos os homens carregam dentro de si um menino de seis anos, chorão, pidão e mimado. Também não descarto a hipótese de nós mulheres termos uma princesinha chata dentro de nós. E eu ainda luto contra a futilidade da vida, mais amo algumas delas. Pra quê, em nome do santo sudário, eu vou querer discutir uma coisa que eu já dei por finalizada? Já não diz o ditado? "Águas passadas não movem moinhos". A água que passou em baixo da ponte, foi embora, "Inês é morta", já era, c'est fini, que abrasileirado ficaria "zefini". Então, a conclusão é, gastamos a maior energia quântica, eólica e fluvial, pra colocar um ponto final numa situação, e como quem não quer nada, alguém vem, abre o baú da infelicidade, justo quando você estava quase terminando de catar seus cacos, e quer tirar toda maledetta história lá de dentro. E a história tem cheiro de mofo, tenha dó. Eu acredito em duas premissas. A primeira é aquela que diz que você não pode colar os cacos da taça de cristal baccarat e querer que ainda seja a mesma coisa, ou você aceita que ele está rachado e bebe vinagre nele desse jeito mesmo, ou você compra outra taça. sempre lembrando que o cristal baccarat é caro. Talvez deva ser por isso que as pessoas queiram remendá- los. Mas, um remendo sempre vai ser um remendo. A segunda premissa é aquela que diz que se você for esperto, não vai futucar a ferida que está cicatrizando, pois ela está numa onça e sua vara é curta. A ferida, quando está cicatrizando, já nem dói tanto, mas se você tirar a casca, ela sangra e a onça... bom, a onça tem um limite de paciência bem rígido. Então eu me pergunto novamente, ignorando que temos crianças mimadas dentro nós. As pessoas são burras? As pessoas são burras. Qualquer ser humano com qualquer nível de inteligencia, seguiria em frente. A menos que, a sua consciência esteja te agredindo verbalmente. Esse texto está ofensivo, nossa, não gosto de escrever na ofensiva, eu sei que a maioria das pessoas, na verdade não tem a menor noção da bagagem que trazem pros relacionamentos delas, mas, o fato é, ninguém que atravessa nossas esquinas tem culpa daquilo que escolhemos ser e fazer, não é justo danificar os sentimentos de alguém só por que você não sabe lidar com os seus. A vida bem pode nos impôr coisas, como eu bem sei agora, mas eu falo por mim quando digo que sempre vou me esforçar pra explicar pra quem está no meu barco o seguinte: "Não sou perfeita, tenho defeitos, já me magoaram pra caramba e as vezes tenho chulé, por que sapato de couro dá chulé sim, mesmo se ele for caro!". Enfim, faz uns bons meses que eu testei a teoria do "siga daqui por diante", essa teoria descartava o "passado inteiro", permitindo apenas uma pincelada pra quem quisesse saber algo. Eu já estava meio cansada, e não deu certo de todo jeito. As pessoas precisam saber de onde viemos, elas tem essa necessidade, até pra definirem se querem ou não se juntar a nós, e elas têm todo o direito de seguirem o caminho delas, contanto que não voltem querendo mexer no baú da infelicidade onde trancamos nossa história triste. E é nessa hora que viramos meninos e meninas. O menino fica implicando com a menina, até que ela faz o quê? Ela chora. E o mesmo acontece com o menino se a menina mexe nos carrinhos dele... com o tempo ele cansa, e também chora. Estão vendo!? É inútil! É tão fútil voltar ao passado. É tão fútil viver nele. 

Nenhum comentário: